Atualmente, 75% da arrecadação do município de Pareci Novo vêm da agricultura, puxada pela citricultura, e diversificada pelo cultivo e vendas de mudas, plantas e flores; mato de Acácia Negra e pelos integrados com criação de frango e suíno. Essa pujança foi o cerne das manifestações na cerimônia de Abertura da Safra 2022 da Bergamota Pareci. A variedade intermediária do ciclo de frutas cítricas já está sendo colhida, com expectativa de qualidade ao paladar, o que dá garantia para sua venda, especialmente, para fora do estado.
A cerimônia foi organizada pela Prefeitura com intenção de valorizar os agricultores e fortalecer a variedade que leva o nome do município para todo o Brasil. Os convidados foram recepcionados na propriedade do agricultor Jeferson Frank, o “Zezé”, na comunidade de Coqueiral; e fizeram a colheita simbólica no pomar que cultiva em parceria com a prima Regina Maria Frank Rodrigues. Ela é professora e vive com sua família em Canoas, e arrendou o lote como forma de valorização. Zezé somou essa terra vizinha aos seus 4,5 hectares (ha) e ampliou sua oferta de bergamotas para cerca de quatro estados.
A Produção de Citros Frank está entre aquelas que alcançou qualidade “tipo exportação” e sequer vende dentro do Rio Grande do Sul. Segundo o engenheiro agrônomo da Prefeitura, Douglas Brand, 50% da bergamota colhida em Pareci Novo é vendida em outros estados. O município tem aproximadamente 1.100 hectares (ha) com pomares de citros, dos quais 900 estão cultivados com variedades de bergamota, especialmente Caí, Pareci e Montenegrina. “Somos o segundo maior produtor de bergamotas do estado”, confirma Fábio Schneider, vice-prefeito e secretário de Agricultura e Meio Ambiente, com base em pesquisa recente do IBGE.
Colheita de uma Pareci doce e suculenta
A extensionista no Escritório da Emater no município, Miriam Trevisan, projeta uma colheita de 22.500 toneladas de bergamotas (25 toneladas por ha). Todavia, alerta que podem haver variações neste número, positivas ou negativas, dependo das condições climáticas.
As chuvas contantes entre Outono e Inverno, com o consequente “stress hídrico”, já estão afetando frutas no pé, obrigando produtores rurais a derrubarem-nas no chão. Isso acontece após o flagelo da seca, que resultou em bergamota de tamanho médio e um pouco plantas menos carregadas.
Em contrapartida, a variedade Pareci está doce e suculenta, com aspecto externo (de casca e coloração) atraente. Justamente o que faz a diferença nos mercados externos, além de torná-la cobiçada pelas empresas de suco. “Isso ai é filé”, comentou Brand, apontado para as frutas colhidas por Zezé que estavam expostas. A vitória dos agricultores não tem relação com sorte. Zezé, por exemplo, explicou que reverteu as perdas com suplementação de nutrientes do solo, através de adução orgânica e química.
Expansão do setor e crescimento nas laranjas
E o setor em Pareci Novo ainda tem capacidade de expansão, especialmente na laranja, que hoje ocupa modestos 200 ha (divididos com o limão). Esta percepção é fomentada pela abertura de empresas de sucos e extração de óleo essencial na cidade nos últimos anos. Já Brand aponta que as áreas com laranjas – Valência, Umbigo e Do Céu Paulista – tem sido ampliadas, mas em decorrência de um movimento natural dos agricultores.
“Ela dá menos trabalho. Não precisa fazer raleio e tem menos podas”, explica. A opção pela praticidade é motivada pela escassez de mão-de-obra, fator que pesa em propriedades onde todo o trabalho, do plantio à venda, é realizado apenas pela família. Ao menos Pareci Novo tem observado o fenômeno fundamental de muitos jovens ficando na terra e trabalhando lado a lado com os pais e avós.
A Prefeitura tem incentivado essa sucessão na terra através de projetos de fomento, como horas-máquina e contratação de engenheiro agrônomo para assinar o certificado CFO para vendas fora do RS. “E somos um dos mais fortes municípios em termos de comerciantes”, completou Schneider. O vice-prefeito se referia aos “packing house” e viveiros que fornecem mudas diversas a outros agricultores de todo o Vale do Caí. E são cerca de seis destes centros de processamento os responsáveis por colocar a Bergamota Pareci em São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro e outros.
