Esperança renovada. Com promessa de mais verbas para a Transcitrus, moradores se animam
Há 17 anos, quando se mudou para a propriedade onde atualmente mora, em Uricana, a produtora rural Jaci Kirsten, 52 anos, não imaginava que a estrada de chão batido que passa na frente de sua casa poderia, um dia, ser asfaltada. Hoje, Jaci vive com a ansiedade de ver o asfalto cobrir a via, que faz parte da Transcitrus. A esperança aumentou ainda mais após os prefeitos da região se reunirem com o ministro do Turismo, Marx Beltrão, e saírem da audiência em Brasília com a promessa de que R$ 4,5 milhões serão liberados para que as obras na rodovia que liga o Vale do Taquari ao Vale do Caí prossigam.
“Ficamos na expectativa. O asfalto é muito importante. É uma mudança sair da estrada de chão para o asfalto”, destaca Jaci. Segundo ela, a pavimentação não será importante apenas para melhorar o escoamento da produção da localidade, mas também para aumentar a qualidade de vida. “Com a chuva dos últimos dias, aliviou um pouco, mas, quando não chovia, era horrível o pó”, comenta.
Por precisar cuidar da creche de leitões da propriedade, a agricultora fica impossibilitada de limpar a casa todos os dias, o que faz com que a poeira se acumule. “Quando limpo, noto até o ar diferente”, garante. Além disso, Jaci conta que, em razão da má qualidade da estrada de chão batido, que exige que o motorista trafegue em baixíssima velocidade, precisa sair de casa mais cedo nos dias em que leva a sua filha para trabalhar na sede do município.
Apesar de morar na parte de São José do Sul de Uricana – e que está asfaltada -, Sírio Josir José Nonnemacher, 53 anos, espera com ansiedade o asfalto na área de Maratá. Isso porque ele é o diretor da Escola Municipal de Ensino Fundamental Lúdia Araújo Viegas, localizada na parte marataense da comunidade. “Já estou comemorando a proximidade do asfalto com o ‘centrinho’”, afirma. O “centrinho” a que ele se refere é a área onde estão a escola, o ginásio da comunidade e a igreja.
Segundo Sírio, a escola sofre muito com a poeira, principalmente quando há o aumento do fluxo de caminhões. “A faxineira precisa estar sempre limpando. A chegada do asfalto dará um vigor renovado. Muda a vida”, destaca. Apesar disso, o diretor atenta que será preciso mudar alguns hábitos. Já morando em uma área asfaltada, ele mostra preocupação com o trânsito de carroças e tratores na via e o aumento da velocidade de outros veículos que trafegam pelo local.
Para Jaci, é outra questão que preocupa. Com a chegada do asfalto, ela teme também a chegada da violência. “Onde tem asfalto, fica mais perigoso, os bandidos chegam com mais facilidade no interior”, pondera.
Chegada do asfalto gera mudança de hábitos
Aproveitando a tórrida tarde de ontem sob a sombra de uma árvore e tomando chimarrão, os vizinhos Laurena Mendel, 68 anos, Élvio Klein, 79, e Neli Klein, 76, observam que se a via que passa na frente de suas casas estivesse asfaltada, eles estariam sentados nos fundos da casa de Laurena. “Com o asfalto, é outra coisa, nós não comemos poeira”, destaca a dona da casa de Despique, interior de Pareci.
De acordo com a aposentada, a necessidade de deixar a casa fechada em razão da poeira e a buraqueira na estrada não são mais problemas para os moradores da comunidade. “A qualidade de vida aumentou 100%”, garante Laurena, recebendo a aprovação dos vizinhos ao fazer o comentário.
Trabalhando no setor administrativo de uma beneficiadora de frutas, Joice Streit também observa mudança de hábitos entre os moradores da rota onde a Transcitrus está concluída em Pareci Novo. “Antes, o pessoal ia até Harmonia fazer compras, hoje vão para Pareci. Eu mesmo mudei minha academia de Harmonia para Pareci”, afirma. Segundo ela, isto se dá por não haver mais estrada de chão no trajeto que liga a localidade à sede.
Além disso, Joice observa que o asfalto trouxe mudanças econômicas. “Os carros não estragam e os caminhões não atolam, isso ajuda a escoar a produção”, aponta. Segundo ela, também facilitou a vinda de clientes até a beneficiadora. “Agora é mais fácil explicar como chegar até aqui”, observa. Porém, o medo futuro de Jaci, também é o medo da administradora. No entender de Joice, a pavimentação total do interior aumenta a probabilidade de assaltos.