Maiara Lohmann se prepara para o segundo semestre na Northwestern University in Qatar
Estudar fora do país é um sonho que a marataense Maiara Lohmann, 19 anos, cultivava desde os 12 anos. Em 2021, ela viu esse desejo se tornar realidade após ser aceita na Northwestern University in Qatar, campus internacional da estadunidense Northwestern Univesity. Hoje, ela se prepara para o segundo semestre do curso de Jornalismo e Comunicação Estratégica. Para a realização desse objetivo de vida, a jovem conquistou auxílio financeiro da instituição para realizar o curso, no entanto, precisou de ajuda da comunidade local para efetivar o sonho.
Em busca de recursos extras para cobrir passagens aéreas, taxa de dormitório, teste para Covid-19 e outros gastos, Maiara realizou uma vaquinha on-line e também vendeu sonhos. A marataense guarda com carinho a ajuda recebida e lembra de diversas pessoas que encomendavam seus sonhos e na hora do pagamento davam dinheiro a mais e diziam para ela “ficar com o troco”. “Sabendo da situação econômica do país – que não é boa –, ver tantas pessoas dispostas a ajudar e investir no meu sonho, algo que não era nem relacionado a elas, é, realmente, algo que me marca”, afirma.
Segundo ela, atingir o objetivo e conseguir o dinheiro para viabilizar a viagem e a realização do curso lhe trouxe alívio. “Eu sonhava em fazer uma graduação no exterior desde os meus 12 anos e era algo que eu vinha trabalhando desde então. Realmente me esforcei muito para isso”, conta. Inclusive, realizar vaquinha e buscar outros métodos para angariar recursos e alcançar seus objetivos não foi novidade para Maiara. A jovem já havia apostado numa vaquinha, venda de trufas e rifa em 2019 para conseguir recursos para participar do acampamento da Latin American Leadership Academy (LALA), no México.
O sonho da jovem de estudar no exterior começou a tornar-se realidade em 10 de agosto, quando ela embarcou para o Qatar. Após 23 horas de viagem e escalas, ela chegou ao país do Oriente Médio. Hoje, Maiara vive num dormitório na “Education City”, vizinhança onde se encontra a faculdade na qual ela estuda e outras instituições de ensino em Doha, capital do Qatar.
O primeiro semestre já encerrou e o próximo inicia dia 2 de janeiro, um domingo. “A semana aqui vai do domingo a quinta-feira, então sexta e sábado são finais de semana”, explica. A jovem também trabalha como assistente do departamento de experiência estudantil da universidade onde estuda e faz estágio em marketing e desenvolvimento de marca em uma empresa.
Para 2022, além dos estudos, Maiara já planeja alguma forma de trabalhar na Copa do Mundo. Sua ideia é buscar oportunidade em alguma empresa que trabalhe com jornalismo e que faça a cobertura do evento. Caso não consiga, ela cogita trabalhar como voluntária.
Fácil adaptação à vida no exterior
Segundo Maiara, sua adaptação à vida como estudante no exterior foi fácil. Isso porque, segundo a jovem, ela também contou com um pouco de sorte. “Eu logo encontrei pessoas que são muito especiais para mim aqui. Já fiz bastante amizades e tudo mais, não só com brasileiros, mas com pessoas de todas as partes do mundo”, conta. Maiara destaca que a diversidade tanto no local que ela habita quanto na faculdade é grande. “É sempre uma coisa nova para aprender”, comenta. Para a estudante, essa experiência está sendo incrível e também uma grande oportunidade de crescimento pessoal.
Maiara diz que a adaptação aos estudos foi um pouco mais desafiadora. Lá, as aulas são todas em inglês. Além disso, ela também destaca o nível de exigência. “Eu sinto que eu aprendi muito, potencialmente mais do que eu previa que eu ia aprender”, diz. “Os estudos são bem desafiadores, mas muito gratificantes porque ver o resultado do trabalho e também o feedback dos professores está sendo realmente uma oportunidade incrível”, complementa.
“Se cerquem com pessoas que apoiem os teus sonhos”
Vivendo seu sonho, Maiara diz que é surreal olhar para o passado e lembrar que tudo teve início em 2014 quando o seu texto “A barreira do medo” foi incluso numa coletânea do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. “Eu me lembro claramente dessa oportunidade que eu recebi da coletânea e de dar os autógrafos na Feira do Livro (de Porto Alegre) e tudo mais. Foi a primeira vez que me senti reconhecida como estudante”, recorda.
Vendo que um retorno através dos estudos era possível, Maiara começou a pesquisar sobre as formas e oportunidades de estudar fora do País. Foi assim que ela foi selecionada, em 2019, para o English Immersion Program realizado em Brasília pela Embaixada dos Estados Unidos da América no Brasil. “Eu me lembro que o jeito que eu achei essa oportunidade foi literalmente colocando no Google ‘jeitos baratos de viajar para os Estados Unidos’, porque era a minha realidade e aí, nisso, eu acabei cruzando com diversas oportunidades”, comenta.
Segundo a jovem, conhecer pessoas com histórias similares à sua, que vinham de família de baixa renda e eram alunos de escola pública, e que conseguiram atingir o sonho que ela também sonhava fez ela acreditar que era possível estudar no exterior. E foi nessa caminhada que Maiara aprendeu lições valiosas, que ela faz questão de compartilhar com aqueles que também sonham em estudar fora.
“Se cerquem com pessoas que apoiem os teus sonhos”. Essa é a primeira dica de Maiara. Tal apoio, segundo ela, é fundamental para que você não desista do seu sonho, seja por dúvidas imputadas por terceiros ou pela síndrome do impostor. “Tu precisa ter alguém que apoie teu sonho mesmo sem entender”, assegura. A outra dica é manter-se atento às oportunidades, perguntar e não intimidar-se com os “nãos” que podem surgir na caminhada. “Mete a cara ao sol, faz as perguntas”, orienta.