Werno Kleber, 84 anos, enfrentou e venceu a doença causada pelo novo coronavírus
Nascido e até hoje residente de Novo Paris, no interior de Brochier, Werno Kleber, 84 anos, é um exemplo de resistência. As adversidades da vida já tentaram por um ponto final em sua história, mas ele resistiu. O agricultor aposentado tem válvula metálica no coração e enfrenta desde 2014 um câncer no pulmão. No final do ano passado, contraiu Covid-19 e foi internado no Hospital Mão de Deus, em Porto Alegre.
Werno foi hospitalizado em 26 de dezembro de 2020 e ficou na casa de saúde da Capital até 14 de janeiro de 2021. Debilitado, não retornou logo pra Brochier. Ficou na casa de uma de suas sete filhas em Porto Alegre. Em 21 de janeiro, Werno voltou a ser internado em consequência das sequelas da Covid-19. Guerreiro, enfrentou o vírus e recebeu alta em 10 de março. Semanas depois, estava de volta a casa onde viveu anos com sua companheira Lady Scherer Kleber, falecida em abril de 2020, e sua família.
“Não fiquei com medo. Pouco adianta. Tu tem que ter aquela coragem”, afirma Werno sobre ter sido internado com Covid-19. Além da coragem, o idoso destaca outras duas coisas que o ajudaram a superar o momento difícil: a fé e a união da família. “O mais (importante) é a união, que te dá aquela força de viver”, garante. “É aquela fé e a união que me seguraram”, reforça.
Aos poucos, Werno vai se recuperando. Para ele, estar em casa é muito melhor. “(Aqui) É outro ar. A diferença daqui para Porto Alegre é grande. No Verão, lá o ar era todo ‘gasto’ contra o ar daqui”, comenta. Assim, dia a dia, Werno vai recuperando suas forças para seguir ao lado das filhas Ivaldi, Rosane, Sidemia, Silvani, Hani Lori, Veranice e Arlete, dos 10 netos e 10 bisnetos.
“Foi muito difícil”, diz filha
Uma das sete filhas de Werno, Silvani Kleber, 60 anos, conta que não foi fácil para a família ver o patriarca internado com Covid-19 quase um ano após a morte da matriarca. “Foi muito difícil. O que nos manteve foi a nossa união”, garante. “O pai nos ensinou e a mãe nos ensinou que a união da família é a base de tudo”, reforça.
Silvani conta que, hoje, as filhas se revezam para cuidar do pai. Além disso, Werno também conta com os cuidados de uma cuidadora e com o frequente carinho dos netos e bisnetos. Ela salienta que o objetivo da família é manter ele em sua cara em Novo Paris. A exceção é quando há necessidade de se deslocar para fazer exames ou terapias. “Aqui é o cantinho dele, é a casa dele. É onde se tem todas as lembranças da nossa mãe”, afirma.
A filha também é proprietária de uma funerária e temeu passar pela dor que ela já viu outras famílias passar durante a pandemia. Não é apenas o caso de perder um ente querido para a Covid-19, mas também por todas as restrições que a pandemia impôs aos velórios. “Eu sempre pensava assim: ‘talvez eu tenha que enfrentar essa mesma situação como muitas famílias de não pode receber um abraço, sabe, um conforto’. Porque um abraço é um conforto nessas horas”, comenta.