Lista de Fachin. Gravadas em áudio e vídeo, as denúncias dos executivos da Odebrecht sacodem o país e impactam na esperança da população
Todos os ex-presidentes da República vivos estão na “Lista de Fachin”, desdobramento da operação Lava Jato. Oito ministros do governo Michel Temer, três governadores de Estado, 24 senadores, 39 deputados, um ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) e 23 outros figurões da política brasileira também estão enrolados. A cargo do Ministério Público Federal (MPF), as investigações se baseiam em crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.
Segundo delações de 77 executivos da maior empreiteira do País, a Odebrecht (controladora, por exemplo, da Braskem, com unidade inclusive no polo petroquímico de Triunfo), essas lideranças e seus partidos políticos eram beneficiários de um complexo esquema de distribuição de dinheiro para campanhas, legal e ilegal, o chamado “caixa dois”. Nenhum dos investigados assume ter errado. Alegam inocência. Dizem que houve apenas doações pelas vias legais, sem infração nem crime.
Em troca dos repasses financeiros fraudulentos, a Odebrecht recebia dos “representantes do povo” apoio geral e favores específicos para aprovar leis e medidas afins que eram de interesse do grupo empresarial. Inúmeras obras públicas executadas pela empreiteira eram superfaturadas para que uma “beira” retornasse aos bolsos dos políticos e aos caixas dos partidos.
As delações da Odebrecht têm um grande agravante em relação às denúncias de corrupção que pipocam país a fora quase todos os dias. Desta vez, os depoimentos dos 77 delatores foram gravados em áudio e vídeo, material que já se espalha pelo Brasil inteiro pela internet e meios de comunicação. Os executivos citam as datas, os locais e as pessoas que receberam o dinheiro — o que dá maior peso às denúncias, cuja veracidade será confirmada ou não ao longo do processo.