As doenças degenerativas dos ossos e articulações atingem cada vez mais pessoas. E não apenas os idosos, mas também uma parcela jovem da população. Esses males continuam sendo uma das maiores preocupações da área da saúde, principalmente, quando o assunto é qualidade de vida. São problemas que, mesmo quando não têm gravidade, incomodam e alteram a rotina de quem os sofre.
Uma vez instalados os mais variados tipos de problemas, como cervicalgia, lombalgia, espondilose, hérnia de disco, artrose, lordose, cifose e escoliose, entre outros, o principal objetivo, durante o tratamento da coluna, é livrar o paciente da dor, tendo em vista o menor prejuízo para suas funções diárias. Mas qualquer tratamento tem ligação com a rotina. Ficar muito tempo numa mesma posição, manter hábitos de má postura e o desgaste natural, são apenas algumas situações que trazem consequências graves e demonstram que a coluna vertebral precisa de atenção.

Conversamos com o ortopedista José Otávio Correard Teixeira, especialista no tratamento e prevenção de problemas da coluna, a respeito das principais doenças, formas de se evitá-los e os mais eficientes tratamentos. O principal problema da coluna, em termos de incômodo e abrangência da população, é a dor nas costas ou lombalgia. Mas ela tem diferentes causas, que vão desde sobrecargas musculares, ligamentares, compressão e lesão discal compressão neural por componentes das articulações vertebrais, sejam articulares, ligamentares ou discais. Dificuldades que podem ser causados por esforço, sobrepeso ou má postura.
“Essas dores se manifestam na região da coluna adjacente ao problema ou são irradiadas a uma raiz nervosa, quando a compressão se der sobre a mesma”, explica Teixeira. As sobrecargas causam fadiga muscular ou tensão ligamentar. Quando contínuas, resultam em lesão, inflamação e dor. O disco intervertebral, que tem entre suas funções atuar como um amortecedor e suavizando o movimento entre as vértebras, ao longo do uso entra em fadiga, seja por idade, ou mais agudamente, por sobrecarga abrupta ou sucessiva iniciando um processo de desidratação, perda de altura, e com a falha do seu sistema contensor, seu anel fibroso, tende a expandir-se para fora de seu limite natural.
As causas menos comuns estão ligadas a traumas diretos, como passar de moto num buraco grande. A atividade esportiva – levantar grandes pesos, especialmente vergando a coluna, como no cross fit, por exemplo – pode revelar-se altamente danosa. Sentar-se longas horas em uma cadeira de escritório leva a um inevitável descuido da postura, relaxamento da musculatura abdominal, restando à coluna e somente ela arcar com todo o esforço de manter o tórax na vertical. Essa sobrecarga ao longo de anos – não mais que dez anos, em média – é suficiente para acelerar o ciclo de envelhecimento da coluna, trazendo lesões articulares e discais.
Cirurgia, fisioterapia e postura contra a dor
O ortopedista explica que, quando alterações mecânicas se instalam, como, por exemplo, a hérnia de disco, temos uma estrutura que invadiu o espaço da outra e ela não sairá dali de volta para sua posição original. Assim como quando um ligamento arrebenta, não vai se emendar sozinho, a menos que alguém vá lá e faça o conserto. “Assim, as hérnias de disco, se sintomáticas, exigem tratamento cirúrgico”, diz Teixeira.
Diferentes técnicas estão disponíveis, mas no momento atual, destacam-se as minimamente invasivas, abordando específica e pontualmente a lesão do disco. São técnicas sem grandes incisões ou remoção de partes ósseas e ligamentares, possibilitando rápida recuperação.
Para minimizar a dor, medicamentos e a prática da fisioterapia podem ajudar. José Otávio Correard Teixeira diz que muitos medicamentos prescritos nos consultórios, dependendo das características químicas de cada um, terão efeitos colaterais nos rins, fígado, coração e sistema nervoso central, resultando em problemas, muitas vezes, graves, como insuficiência renal ou hepática, infarto, sonolência e déficits em geral de concentração e memória, citando apenas alguns deles.
Por isso, para reduzir a administração de medicamentos, muitos médicos lançam mão da fisioterapia, práticas de melhorias na postura e reeducação de comportamento e atitudes para uma coluna mais saudável, menos comprometida e sem dores.
Armadilhas ao longo da vida
As dores na coluna, em geral, aparecem depois dos 30 anos e podem piorar até a velhice. Mas durante toda a vida algumas armadilhas surgem, comprometendo a coluna. Na infância, as longas horas pelos bancos escolares, onde nem sempre a boa postura ocorre. Na adolescência atual, o uso excessivo de eletrônicos também colabora para uma postura inadequada. Em determinadas atividades profissionais, a permanência numa mesma postura também é negativa, assim como a prática de esportes, que oferecem sobrecarga, sem o devido acompanhamento profissional.
“As mulheres devem levar em conta ainda que a gravidez cursa com um considerável acréscimo de peso para a coluna suportar. Em seguida, carregar o bebê e as posições para retirá-lo e colocá-lo no berço são alguns exemplos do trabalho pesado a que a coluna se submete”, lembra o especialista. O básico na prevenção dos problemas da coluna é uma boa postura em todas as atividades. “Acrescente-se a manutenção de um peso corpóreo saudável e por último, força muscular tanto ao redor da coluna e principalmente na parede abdominal”, complementa José Otávio Correard Teixeira.