Queda de idosos pode ter consequências graves

Maioria dos acidentes ocorre no quarto ou no banheiro da residência

As quedas representam um grave e crescente problema de saúde pública no Brasil, especialmente para a população idosa. Nos primeiros quatro meses de 2025, foram registradas cerca de 62 mil internações de idosos no Sistema Único de Saúde (SUS) após episódios de queda. No mesmo período, os atendimentos ambulatoriais, que não necessitaram de internação, superaram 67 mil.

Estes dados alarmantes somam-se aos registros do ano anterior: ao longo de todo o ano de 2024, o país contabilizou mais de 344 mil atendimentos ou hospitalizações de idosos relacionados a quedas.

Tragicamente, 13.385 idosos não resistiram aos ferimentos causados por esses acidentes em 2024.

Os números, divulgados pelo Ministério da Saúde, no dia 24 de junho, data escolhida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o Dia Mundial de Prevenção de Quedas. A especialista em gerontologia Núbia Queiroz explica a gravidade da situação: “As quedas representam um risco muito mais grave para pessoas idosas porque, além da maior fragilidade óssea, com maior propensão a fraturas, como as de quadril, o tempo de recuperação é mais longo e, muitas vezes, pode comprometer de forma definitiva a mobilidade, a independência e a qualidade de vida”.

Fraturas de Quadril

Uma das consequências mais preocupantes das quedas é a fratura no quadril. O presidente da Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico (SBTO), Robinson Esteves, adverte que, além da lesão óssea, essas fraturas podem levar a complicações sérias como infecções, trombose e pneumonia, elevando significativamente o risco de mortalidade.

Além dos impactos físicos, as quedas podem gerar um medo persistente em muitos idosos, levando-os a reduzir suas atividades físicas e sociais. Para Núbia Queiroz, o exercício físico é um grande aliado na prevenção, pois melhora o equilíbrio, a força muscular e a flexibilidade. Ela também ressalta a importância da adaptação do ambiente doméstico, sugerindo a remoção de tapetes soltos, a instalação de barras de apoio em banheiros, a melhoria da iluminação e a eliminação de obstáculos. Manter o acompanhamento médico e ter cautela com medicamentos que podem causar tonturas também são medidas essenciais.

Teleassistência e Autonomia

Algumas famílias têm buscado o apoio de serviços de teleassistência, como sistemas de botão de emergência que idosos podem acionar em caso de necessidade. Núbia Queiroz, que coordena a Central de Atendimento 24 horas da empresa TeleHelp, revela que, de janeiro a maio de 2025, as quedas se tornaram a principal ocorrência registrada entre seus pacientes, com os pedidos de ajuda subindo de 16% para 23%. Os dados da empresa indicam que a maioria dos acidentes ocorre no quarto ou no banheiro.

A especialista enfatiza que essas ferramentas permitem que os idosos mantenham suas rotinas, sem precisar se isolar. “A autonomia e a independência são fundamentais para o envelhecimento saudável, pois influenciam diretamente o bem-estar emocional, a autoestima e a qualidade de vida”, complementa Queiroz.

Robinson Esteves, da SBTO, reforça a gravidade da situação, alertando que nenhum episódio de queda em idosos deve ser minimizado. “As quedas em idosos representam um dos maiores desafios para a saúde pública atualmente, em razão das graves consequências para a qualidade de vida dessa população. Mesmo quando a queda parece simples, os riscos de complicações são altos, principalmente entre os mais velhos.

Por isso, todo cuidado é pouco, tanto na prevenção quanto no atendimento imediato”, salienta. Ele recomenda que, mesmo em casos aparentemente leves, o idoso seja monitorado e levado ao serviço de saúde caso apresente hematomas, dificuldade de movimentação ou dores. Episódios com perda de consciência ou suspeita de fratura exigem socorro médico imediato.

Fonte: Agência Brasil

Últimas Notícias

Destaques