Qual a temperatura ideal?

O chimarrão já é rotina para os gaúchos, mas na Semana Farroupilha, sorver o mate para assistir ao desfile tem um significado ainda maior. Foi o que centenas de montenegrinos fizeram nesta quarta-feira. Entre um gole e outro, a população apreciava as apresentações das entidades. A cuia passava de mão em mão atuando como companheiro e, ao mesmo tempo, como ferramenta para socializar.

Enquanto uns traziam o chimarrão pronto de casa, outros se organizavam ali mesmo, na calçada. Erva de boa qualidade, cuia, bomba e a térmica com água na medida. Porém, o que muitas pessoas não levam em consideração quando fazem o chimarrão é a temperatura da água.

Daniel não deixa a temperatura ultrapassar os 70°C

Para o representante comercial, Daniel Raota, que não abre mão de um chimarrão todos os dias, o detalhe não passa despercebido. Enquanto prepara a cuia, a água vai esquentando e quando chega a temperatura ideal, desliga o fogo e aprecia o chimarrão. “Levo em consideração a temperatura. Acredito que é muito importante porque não se pode permitir ao organismo aceitar uma água de 100°C. Tento deixar em 70°C”, afirma.

Amanda dá a dica de temperar com água fria até chegar a temperatura ideal

Já para Amanda Müller Eidt o segredo é temperar a água até ficar ao seu gosto. “Eu fervo e depois vou temperando com água fria até chegar no ponto ideal”, revela. Para ela, além de queimar a erva, o principal motivo ao preparar o chimarrão é cuidar da saúde. “Para não prejudicar o organismo”, alerta. Mas como saber se está adequada para a saúde? Primeiro, nada de água “pelando” de quente.

Para preparar o mate da maneira certa é preciso seguir a receita à risca: a água não pode passar dos 65ºC. Para saber isso, só com termômetro de cozinha. A questão da temperatura é parte da discussão sobre pesquisas que relacionam bebidas quentes e câncer de esôfago.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), bebidas quentes, acima de 65ºC, devem ser evitadas. Segundo as pesquisas, a temperatura elevada contribui para o surgimento do câncer esofágico. No Rio Grande do Sul, onde a população tem o hábito de tomar chimarrão, a incidência desse tipo de doença é até 5 vezes maior do que no restante do País. Mas o risco não é exclusividade do chimarrão. Chás, café e outras bebidas também entram nessa lista.

O ideal é colocar um termômetro na bomba para ver a temperatura. Até porque, a água quente é importante para extrair os princípios bioativos da erva, como antioxidantes. Tais princípios foram encontrados no chimarrão em um estudo da Unipampa, publicado no Journal of Food Chemistry, em maio de 2016. No estudo, foi apontado que a mistura tem uma grande quantidade de polifenóis – substâncias que combatem os radicais livres e são hipocolesterolemiantes, anti-obesidade, anti-inflamatórias e cardioprotetoras.

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