No SUS, grupo orienta pais de bebês recém-nascidos

Iniciativa da Saúde disponibiliza encontros com nutricionista, enfermeira e assistente social e estimula aleitamento

“E quando eles atravessam a noite acordados?” Segurando seu bebê recém-nascido no colo, Sérgio Duarte da Rosa, de 47 anos, não hesitou em tirar sua dúvida com as profissionais da Secretaria Municipal de Saúde. Ontem, ele, a companheira Carine da Rosa, 30, e o pequeno Lorenzo, de apenas quinze dias, participaram de um dos encontros do “grupo de atendimento aos recém-nascidos”, que ocorre em todas as segundas-feiras, no início da tarde.

O pequeno Lorenzo é o segundo filho de Carine da Rosa, mas é o primeiro do pai, Sérgio Duarte da Rosa. “Para mim, é tudo novo. Eu tô acompanhando tudo desde o primeiro dia”, contou ele, enquanto participava do grupo. Ele era um dos mais atentos e até questionava a esposa conforme as profissionais davam suas orientações

A iniciativa existe há mais de quinze anos, promovida pelo setor de Pediatria da Secretaria, e funciona na sede da pasta (na Assistência, como é popularmente conhecida). Ali, os pais e os bebês recebem atendimento médico e diferentes orientações. Tudo gratuito e disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A nutricionista Kelly Kehrwald atua com estes grupos desde que a ideia foi posta em prática. Ela explica que, assim que nascem, os bebês são encaminhados do Hospital Montenegro à Secretaria para que, até os três dias de vida, realizem o Teste do Pezinho. É já nesta consulta que o setor agenda a ida da família para o grupo de atendimento. Idealmente, a participação deve ocorrer quando a criança está com dez a quinze dias de vida.
“Nesse dia, eles são pesados e medidos e aí passam para essa conversa informal”, conta Kelly. Em uma sala, todos os bebês, pais e acompanhantes são reunidos para ouvir as orientações da nutricionista, de uma enfermeira e de uma assistente social. “Se oferece um olhar mais humanizado para o bebê e para a mãe.”

Ali se fala de tudo. Depois de todos devidamente apresentados, trata-se da qualidade do leite materno, da posição correta de amamentação, do funcionamento da produção do leite, dos cuidados com a higiene, da necessidade de reforço alimentar, do tempo entre uma mamada e outra, das cólicas, do banho, do que a mãe pode comer, do que o bebê deve vestir, dentre outros temas. Voltada à organização familiar, ainda, a assistente social trata dos planos para o futuro e orienta, inclusive, sobre métodos contraceptivos.

Os participantes seguem atentos. Nos encontros, seguido um vira para o outro para fazer comentários. Muitos soltam risadinhas que sugerem pensamentos como ‘bah, é bem assim mesmo’. Tudo é bastante informal e as dúvidas são esclarecidas conforme vão surgindo.

Como cada semana são membros diferentes que participam, as profissionais responsáveis conhecem vários tipos de realidade. “Já teve sala cheia com 18 crianças, mais acompanhantes”, conta Kelly. “Vem bastante pais junto, avós e madrinhas. Tem mãe que participa e já está no décimo filho. Tem mãe jovem, com o primeiro. Tem mãe que já tem filho com 16 anos e resolve ter outro. É bem eclética essa busca pelo conhecimento”, comenta.

A demanda por atualizações é constante
O principal objetivo da iniciativa é o incentivo ao aleitamento materno. Os grupos nasceram há 15 anos, quando se percebeu que muitos dos atendimentos realizados se relacionavam a dúvidas em comum sobre o tema. Por isso, resolveu-se colocar, no mesmo lugar, todos os interessados. “A gente gosta muito e vê os frutos que estão dando resultados”, destaca a nutricionista Kelly.

Ela aponta que o aleitamento precisa seguir uma série de regras e procedimentos em prol da saúde do bebê e da mãe. Em 15 anos de atividades, algumas dessas orientações mudaram. “De minha parte, da nutrição, têm muitos modismos e tabus que se têm que tirar”, indica a profissional. “Às vezes, surgem novidades, aí se aprofundam os estudos e se vê que aquilo não era o ideal. Todos os anos, a gente vai a cursos e seminários para se renovar.”

Encaminhamentos conforme a necessidade
Qualquer cidadão tem acesso ao SUS e pode participar das reuniões do grupo, que tem início às 13h de todas as segundas-feiras. Após cada encontro, segue-se o atendimento dos pequenos com um pediatra da Secretaria. Para isso, é necessário um agendamento prévio – normalmente já feito no momento do Teste do Pezinho – pela disponibilidade do profissional. Neste caso, são cerca de doze vagas por semana.

Kelly Kehrwald explica, ainda, que durante a conversa em grupo, ela e as colegas já vão verificando as necessidades de atendimento individual e com maior proximidade. Se necessários, ainda, são feitos os encaminhamentos para os demais setores da rede de saúde.

A nutricionista Kelly Kehrwald oferece orientações sobre a alimentação correta dos bebês e das mães

“Um bebê que chega prematuro, por exemplo, ganha um acompanhamento nutricional semanal até atingir um peso aceitável”, coloca. Mães adolescentes, ela destaca, também recebem um atendimento especial. “Elas precisam de um carinho um pouco maior por toda a conjuntura da adolescência e ainda junto do bebê.”

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