Você já deve ter ouvido falar do Outubro Rosa ou do Novembro Azul, campanhas de conscientização contra o câncer de mama e próstata, respectivamente. Campanhas muito importantes e já bastante conhecidas da população. O que talvez você não saiba é que este mês ocorre a campanha chamada Maio Vermelho, de prevenção e combate a uma doença menos conhecida, porém igualmente grave: o câncer de boca. Surgem no Brasil cerca de 15 mil novos casos ao ano, o que coloca essa enfermidade como um dos 10 tipos de câncer mais recorrentes do País.
O dia 31 de maio é a data estadual de combate ao câncer de boca, enfermidade que inclui o aparecimento de lesões nos lábios, língua e mucosas da cavidade oral, podendo afetar ossos, músculos e outros tecidos dessa região. Segundo Juliana Romanini, dentista estomatologista – profissional especialista no tratamento de lesões na boca –, coordenadora da Campanha Maio Vermelho do Conselho Regional de Odontologia do Rio Grande do Sul (CRO/RS), as ações de mobilização do Maio Vermelho já ocorrem há sete anos.
O objetivo é que em todas as cidades os profissionais recebam capacitações que os tornem mais atentos a identificar o câncer de boca precocemente, o que interfere diretamente na sobrevida do paciente. “Uma lesão de um centímetro tem 80% de chance de cura. Já uma lesão com dois centímetros tem uma chance muito inferior. E para evoluir do um para os dois centímetros é rápido”, diz Juliana.
Segundo a especialista, o fato do dentista saber identificar a doença não significa que será ele o profissional a tratá-la. “O importe é que todos os profissionais saibam identificar a doença. Não é necessário que todos estejam aptos a tratá-la. Ele encaminha para uma estomatologista que seguirá com o caso”, explica Juliana. O procedimento de retirada do tumor é feito por cirurgião de cabeça e pescoço, profissional da área oncológica.
O Projeto Maio Vermelho é organizado pelo Comitê das Entidades de Classe da Odontologia (Ceco), CRO/RS, Faculdade de Odontologia da UFRGS e Saúde Bucal da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. A cidade mais próxima de Montenegro a contar com atividades é Novo Hamburgo. No dia 27, das 9 às 14hs, no calçadão da cidade, serão disponibilizadas orientações e exames.
Previna-se e fique atento aos sintomas
O principal fator de risco para o surgimento do câncer de boca é o fumo. Junto dele está o consumo excessivo de álcool. Os casos de lesões que surgem nos lábios também costumam ter ligação com a exposição solar. Há, ainda, maior registro de casos de câncer de boca entre os homens.
Juliana Romanini destaca que é necessário um olhar atento de cada um para mudança no seu corpo. “A pessoa deve se conhecer”, salienta. E conhecer a própria boca significa olhar a cavidade bucal e não apenas dentes e gengivas. Manchas – sendo rochas, vermelhas ou castanhas – devem ser sinal de alerta. Feridas que não cicatrizam em duas semanas também são sinal de problemas. “Mesmo uma ferida que não gera dor”, destaca Juliana.
Ao desconfiar de mudanças na boa, a ida ao dentista é essencial. Não que todos com esses sintomas serão diagnosticados com câncer de boca. Outras doenças podem ser diagnosticadas. Mas os sinais não podem ser ignorados. “Dormência na boca, o surgimento de um caroço, dificuldade de engolir. Qualquer mudança deve ser encaminhada ao profissional. O importante é que se mantenha um olhar atento à saúde bucal”, orienta a especialista.
Como diminuir o risco de câncer de boca?
– Não fume;
– Reduza o consumo do álcool;
– Mantenha uma boa higiene bucal;
– Tenha hábitos saudáveis, com uma alimentação rica em frutas, verduras e legumes;
– Visite o dentista regularmente;
– Fique atento à mudança na sua boca.
Como é feito o tratamento?
O tratamento para câncer de boca pode ser feito através de cirurgia para remover o tumor, radioterapia ou quimioterapia. A escolha do melhor tratamento é feito de acordo com a localização do tumor, gravidade e se o câncer já se espalhou ou não para outras partes do corpo. Segundo Juliana Romanini, em geral, o tratamento sempre envolve cirurgia. Já as demais terapias são utilizadas em determinados casos.
possíveis sequelas
Dependendo da extensão do tumor, o câncer de boca pode deixar sequelas. Em casos mais simples, como, pequenos tumores de língua, pode não restar qualquer tipo de sequela. Já em casos mais avançados, é provável que o paciente fique com sequelas. Basicamente, as sequelas do tratamento cirúrgico compreendem a fala, a deglutição e a respiração, em diferentes graus de acometimento a depender dos procedimentos específicos. Faz parte do planejamento cirúrgico, além da remoção total do tumor, as reconstruções com a preocupação de causar a menor sequela possível.
Autoexame
Se você examinar sua boca e identificar mudanças de cor, textura, sensibilidade, lesões procure um dentista ou uma Unidade de Saúde mais próxima da sua residência.
Comece pelos lábios tanto na parte interna como na externa. Observe se há mudança de cor ou áreas endurecidas.
Examine a bochecha dos dois lados.
Coloque a língua para fora, para um lado e para o outro.
Sempre observe a cor e qualquer alteração na boca. Olhe bem a parte mais próxima à garganta.
Incline a cabeça para frente, coloque a língua no céu da boca e observe embaixo da língua.
Incline a cabeça para trás e observe o céu da boca. Um espelho pode ajudar.