Enquanto a medicina evolui cada vez mais com tecnologias e medicamentos contra o câncer, o Brasil ainda engatinha quando o assunto é o acesso a esses tratamentos nos serviços públicos. O tema foi um dos destaques do I Fórum Multidisciplinar de Políticas Públicas de Oncologia-Hematologia do Rio Grande do Sul realizado na Assembleia Legislativa gaúcha. Para o presidente do departamento de Hematologia da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS) e coordenador do Serviço de Hematologia e Oncologia do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Marcelo Capra, é fundamental lembrar que a prevenção e exames podem ser feitos num posto de saúde, mas procedimentos mais avançados precisam ser feitos em centros especializados.
“O acesso aos centros especializados é muito dificultado porque há mais pacientes do que vagas disponíveis. O custo elevado de drogas necessárias para o tratamento também é um fator desfavorável. O Sistema Único de Saúde (SUS) não tem, muitas vezes, as medicações necessárias e percebemos que há uma diferença muito grande na comparação com o sistema privado”, alerta Capra. Um dos problemas graves, que atinge até mesmo a rede privada, é a produção de drogas de baixo custo, mas que por uma série de fatores estão tendo a sua produção descontinuada. O motivo provável é o baixo interesse econômico.
O debate também levantou outro cenário da atualidade que é a longevidade cada vez maior da população. Esse fenômeno faz com que sejam registrados mais casos de pacientes com câncer a cada ano, somado ao fato do período de sobrevida dos pacientes ser cada vez maior pela própria evolução da medicina. Ou seja, hoje, os pacientes convivem por muitos anos com a doença, diferentemente do que ocorria no passado.