Dia Nacional da Doação de Órgãos acende alerta sobre importância da doação

Cultura Doadora terá semana com programação para debater o tema

Nesta segunda-feira, 27, é comemorado o Dia Nacional da Doação de Órgãos. A data chama à atenção o número de transplantes feitos pelo SUS em 2020, o menor em oito anos, em decorrência da pandemia.

Conforme dados do projeto Cultura Doadora, a doação de órgãos de um paciente por morte encefálica salva até oito pessoas, o que revela a importância da conscientização sobre o tema. Apenas pacientes com morte encefálica são doadores de múltiplos órgãos e, do total de óbitos, apenas 2% tem morte encefálica. Mas cerca de 40% dos familiares negam a doação de órgãos nos casos desse tipo de óbito, em geral, por desinformação. “O Brasil é o segundo maior transplantador do mundo, atrás apenas dos EUA, mas há muitos desafios para qualificar e ampliar a rede que atua no Sistema Nacional de Transplantes”, observa o idealizador do projeto Cultura Doadora e presidente da Fundação Ecarta, Marcos Fuhr.

O agricultor Delcio Luis Santos da Silva, 70, morador da localidade de Rua Nova, em Montenegro, passou por um transplante de fígado em novembro de 2015. Diagnosticado com hepatite C, que posteriormente evoluiu para uma cirrose hepática, seu Delcio conta que a única solução para o seu caso era o transplante. De início, a notícia de fazer a cirurgia causou medo, mas, com o apoio da família, o agricultor encarou o desafio. “Eu não costumava ir no médico e foi durante uma consulta, há uns 10 anos atrás, que descobri a doença. De início fui tratado no Hospital Montenegro, mas depois tive que ser encaminhado para a Santa Casa de Porto Alegre”, conta seu Delcio.

Delcio foi transplantado em 2015. Foto: arquivo pessoal

Foi na Santa Casa que o agricultor recebeu a notícia que teria que passar por um transplante de fígado. O processo de espera pelo órgãos não foi demorado, durou cerca de dois meses. O que também surpreendeu o agricultor foi a rápida recuperação da cirurgia. Ele conta que em 19 dias já estava em casa. “Tinha medo da cirurgia, mas depois vi que é um muito tranquilo”, afirma seu Delcio.

Hoje, prestes a completar seis anos do transplante de fígado, o agricultor se diz muito grato a quem doou o órgãos e aos profissionais que realizaram o procedimento. “Depois que fiz a cirurgia descobri que o fígado foi doado pelo filho de um casal de Canoas, que sofreu um acidente. Eles foram morar no Paraná e não tive a oportunidade de agradecer, mas um dia ainda quero conhecer e agradecer por terem feito isso”, destaca  seu Delcio.

Com uma vida praticamente normal atualmente, seu Delcio diz que teve a sua qualidade de vida totalmente recuperada após o transplante e incentiva a população a doar. “Antes do transplante, nunca pensei que um dia precisaria passar pela cirurgia. Por isso, acho que todos deveriam ter contato com alguém que fez o transplante, para saber da importância da doação dos órgãos”, aponta o agricultor.

Cultura Doadora tem programação especial na Semana da Doação de Órgãos

O projeto Cultura Doadora preparou uma programação intensa para a Semana da Doação de Órgãos, que ocorre entre 26 de setembro e 1º de outubro, integrando o Setembro Verde, criado para sensibilizar sobre a doação. São cinco painéis tratando dos diferentes aspectos entre a doação, o transplante e a vida após o transplante.

Os diálogos reúnem transplantados, pacientes em lista de espera, integrantes de famílias doadoras e equipes responsáveis por conversar com familiares após a morte encefálica de pacientes para colocar a possibilidade de doação. Como funcionam as centrais de transplante e as listas de espera também são tema dos debates. Dados de junho informam que 45.664 adultos e 865 crianças aguardam por transplante.

Na programação da semana, um diálogo com os coordenadores das Centrais de Transplantes dos três estados do Sul sobre os desafios do trabalho integrado ininterrupto para salvar vidas. O Rio Grande do Sul realiza transplantes de todos os órgãos transplantáveis, já foi líder em doação de órgãos no Brasil e atualmente ocupa o oitavo lugar.

Programação da Semana da Doação de Órgãos poderá ser acompanhada de forma virtual, através do canal do YouTube da Fundação Ecarta. Foto: Igor Sperotto/Fundação Ecarta

Também será realizado um curso para estimular a formação de Comissões Intra-Hospitalares para Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Cihdotts), que são equipes multiprofissionais da área de saúde, com a finalidade de organizar as rotinas e protocolos que possibilitem o processo de doação de órgãos e tecidos para transplantes dentro dos respectivos hospitais.

Outra proposta da programação é oferecer um panorama de como funcionam as Organizações de Procura de Órgãos e Tecidos (OPO) nos hospitais que realizam transplantes, com a participação de representantes de seis OPOs do estado.

A abertura ocorre no domingo, 26, quando integrantes do projeto estarão no Brique da Redenção, em Porto Alegre, divulgando a importância de dialogar com familiares sobre a intenção de doar os órgãos para facilitar a decisão no momento do óbito. O projeto Cultura Doadora realiza atividades em parceria com o Conselho Regional de Medicina (Coren-RS), com a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre e o Hospital São Lucas da PUCRS. A programação poderá ser acompanhada de forma virtual, através do canal do YouTube da Fundação Ecarta.

Confira a programação da Semana da Doação de Órgãos:

26/09 – Panfletagem na Redenção – das 10h às 14h.

27/09 -19h – Quando um sim salva vidas e ameniza dores.

28/09 – 16h – O papel da enfermagem no processo da doação e transplantes de órgãos.

29/09 – 13h às 18h – Curso de formação das Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e tecidos para Transplantes (Cihdotts) – OPO1, OPO2 e Fundação Ecarta;

19h – Painel Como se dá a captação de órgãos para transplantes no RS.

30/09 –13h30 às 18h – Curso de formação da Cihdott

19h – Painel: As Centrais de Transplantes da Região Sul do Brasil, suas estratégias e resultados. PR, SC e RS, com os coordenadores das Centrais de Transplantes do PR, Luana Alves Tannous (PR), Joel de Andrade (SC), Rafael Rosa (RS).

01/10 – 19h – Painel: A vida após o transplante de coração, fígado e pulmão em adultos e crianças.

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