A filosofia budista e seu impacto na saúde humana

A saúde do corpo também depende da mente. Isso se tornou um consenso. Nesse contexto, algumas práticas de autoconhecimento e a autorreflexão são encaradas como decisivas na manutenção da saúde humana. Uma dessas práticas é budismo, filosofia que convida pessoas praticantes de qualquer religião a conhecerem os ensinamentos de Buda. É um convite a olhar para dentro de si mesmo, encontrar-se e tratar as próprias emoções antes de olhar para o outro.

Mas como isso impactaria na saúde humana? De diversas formas, acredita a fisioterapeuta Silvana Azevedo, que atua com técnicas como acupuntura e terapia corporal. “Viver com mais leveza é decisivo para a saúde. A doença é também uma manifestação de desequilíbrio interno. Começa dentro de nós e são apenas projetados no corpo”, defende Azevedo. Ela cita a ansiedade e a forma como se lida com as pressões como decisivas na saúde e, nesse ponto, a filosofia budista pode colaborar.

Silvana Azevedo, budismo, Buda, filosofia de vida
Silvana diz não ser budista, mas se identifica com a prática

Silvana não se considera budista, mas sim alguém que se identifica com essa filosofia que valoriza o que cada um é e traz ensinamentos práticos ao dia a dia. “Na maior parte das vezes, as pessoas sofrem não pelo que vivem naquele momento, mas pelo que viveram no passado ou, ainda, estão ansiando pelo futuro. O budismo acredita no agora. Você vive aquele instante. O budismo é o exercício da presença. Estar presente naquilo que você está fazendo naquele momento e não com a cabeça distante e em outro problema”, explica Silvana.

Zuleica Salazar, budismo, Buda, filosofia de vida
Zuleica Salazar diz que budismo e Yoga são coerentes entre si

Outra praticante da filosofia budista é a professora de Yoga Zuleica Salazar. Ela conta que sempre teve simpatia pelo budismo e há alguns anos resolveu se aprofundar nesse sistema oriundo do oriente. “O budismo ensina a não achar culpados. Te ajuda a se relacionar contigo mesmo e com os outros. Muda você primeiro”, comenta, citando o trabalho de seis emoções perturbadoras: raiva/medo, carência, ignorância/não saber, orgulho, inveja e o desejo/ apego.

A pratica da Yoga não é vinculada ao budismo, mas ambos têm sua história iniciada na Índia, além de fundamentos próximos. “Eles são muito coerentes entre si, filosofias que se encaixam”, compara a professora. Ambos preparam para a meditação e o conhecimento da mente.

Consciência do mundo ao redor
O budismo trabalha o despertar da consciência, da lucidez. Não existe uma bíblia a ser seguida, mas uma doutrina em que os ensinamentos visam remover o sofrimento. Por meio da meditação, leva a encarar a vida de forma mais lúcida e também a discipliná-la. Assis Tomaz Monteiro Vieira conheceu o budismo e foi se aprofundando aos poucos. “Budismo é uma prática diária. Uma comunicação de empatia. Eu quero realmente entender o outro, entrar em sintonia, sem julgar antecipadamente”, explica Vieira, citando a passagem da confusão à lucidez como o grande impacto fornecido pelo budismo na vida cotidiana.

Assis comenta também a ideia de desapego, muito defendida nessa filosofia de vida. Não se trata de abdicar de nenhum bem. É apenas a ideia de não se tornar escravo dos próprios bens. “O celular é um bom exemplo. Não significa que não pode ter, mas não se tornar dependente dele. Se você não consegue aproveitar uma refeição porque está ao telefone, é porque se tornou escravo dele”, relata Vieira. Essa ideia de desapego também pode ser aplicada às pessoas. “Desapegar das pessoas não é desamor, é como tem de ser. Nem sempre eu poderei resolver o problema do outro. Posso sim, ouvir sem julgar e ajudar no que eu puder. Cada um sabe o que passa”, relata.

Todas essas emoções, favoráveis ou não, impactam no corpo humano. “O corpo é o grito final. O resultado de uma série de emoções erradas e não enfrentadas”, finaliza.

Grupo de estudos budistas
Simpatizantes da filosofia budista criaram em Montenegro um grupo de estudo. Interessados em participar não precisam ser praticantes nem mesmo conhecer a fundo essa filosofia de vida. Devem apenas ter interesse no tema e estarem dispostos a estudar e trocar idéias. Os encontros ocorrem no espaço Leveza de Ser, na rua Tobjorn Weibull, número 1730, sala 01, na Timbaúva.

Em reuniões mensais, eles estudam o tema a partir do livro Meditando a Vida, de Padma Samten, além de meditar. “Estudamos cada capítulo do livro, com releituras e um debate do que cada um entendeu. Não é chegar a um consenso porque cada um terá uma interpretação diferente”, diz Assis Tomaz Monteiro Vieira. O importante é que cada membro do grupo vá exercitando a consciência. O grupo se baseia no Centro de Estudos Budistas de Viamão e trata-se de um espaço para introdução da filosofia.

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