Mobilização por uma “nova Citricultura”

Setor inicia definição de diretrizes, e conhece proposta de viveiro matriz

A Câmara Regional de Citricultura Vale do Caí se reuniu na manhã da quarta-feira, 14, para iniciar a criação de estruturas definitivas ao setor. Um grupo significativo de representantes técnicos, políticos e de agricultores no campus da UCS em São Sebastião do Caí referendou sete medidas que compõem a Carta da Citricultura, a ser entregue ao Governo na Abertura Estadual da Safra de Citros, em Montenegro, dia 23.

Rita acha pouco provável proibir totalmente entrada de mudas de citros

O coordenador da Câmara, Ivan Streit, aponta que estas serão diretrizes definitivas para organizar o setor e criar representatividade, independente do grupo político que esteja à frente do Executivo. “Não é a reconstrução do setor, mas o início da nova Citricultura”, definiu. Hoje a Câmara reúne 20 municípios produtores de citros, com, aproximadamente, 3 mil famílias de agricultores (segundo a Emater-Ascar/RS).

Ao sugerirem prioridades, os integrantes da cadeia deverão considerar “da porteira pra dentro e da porteira pra fora”. Neste sentido, Streit assinala que não há um fator que sobressaia, concordando com necessidades do transporte ao fomento financeiro. Ele recordou de “feedback” que recebeu fora do Rio Grande a respeito da qualidade do citros gaúcho, o que confirma sua relevância como produto primário.

RS está “ilhado” pelo Greening

O temor da entrada do vírus da Greening esteve na pauta, e a chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal, da Secretaria de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Rita Antochevis, confirmou o RS como território livre da doença. Mas alertou para um cenário no qual está cercado, com ocorrências em Santa Catarina e nos países vizinhos.

Ela reiterou as ações da pasta para impedir a entrada de planta doente ou a cigarra vetora, em especial com 388 pontos de monitoramento por meio de armadilhas em pomares comerciais e domésticos. Em 2024 este sistema resultou em apenas 25 vetores capturados e 4.500 análises laboratoriais, com diagnóstico negativo para Greening. “Nossa população de insetos é muito baixa, mas em pomares. Em São Paulo tem armadilha que pega até 1.000 insetos”, revela.

A mesma atenção é dada as plantas, que ao menor sinal da doença passam por análise. Quanto ao risco por meio da entrada de mudas infectadas, avalia que seria minimizado através do fortalecimento da produção local. “Acho difícil proibir a compra de mudas de outros estados, pois essa é uma relação comercial”, observa.

Anna, coordenadora do Cetam, lançou proposta para reduzir risco com mudas

Normativa Pró-citros está em vigor

Também representando a Seapi, o diretor do Departamento de Defesa Vegetal, Ricardo Felicetti, salientou o risco da entrada do vetor no território preso nas plantas ornamentais Murtas. Todavia, salienta que tanto essa, quanto a muda de citros, tem sua compra vetada de estados com confirmação de Greening. Ele solicitou que citricultores e prefeituras analisem a Instrução Normativa 23/2024 que estabelece ações e estratégias a partir da criação do Programa de Defesa e Desenvolvimento da Citricultura do Rio Grande do Sul (Pró-Citros), publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) no dia 10 de abril passado (veja no link). “Toda a cadeia produtiva faz a Defesa Vegetal”, declarou.

Cetam tem proposta de viveiro de matrizes

Um resultado promissor da reunião foi a apresentação de proposta para viveiro de plantas matrizes na região. O projeto ‘Unidade Técnica para Produção de Borbulhas Certificadas de Citros’ foi criado pela coordenadora do Centro de Treinamento de Agricultores de Montenegro (Cetam/ Emater), engenheira agrônoma Anna Cristina Xavier, mas ainda como uma ideia, e considerando espaço no próprio Centro.

A borbulha é um “olho” que cresce na conexão entre galho e folha das árvores de citros, usado para enxertar uma nova árvore. Anna explica que as plantas básicas mantidas sob indexação fitossanitária e registradas no Registro Nacional de Cultivares (RNC) serão adquiridos de instituições públicas ou privadas mantenedoras das cultivares, como Embrapa, IAC, Epagri. Então o “berçário” seria de primeira geração, fornecendo matéria-prima para reprodução pelos viveiristas. Além do Greening, ainda mais letal quando infecta a muda, outras doenças seriam controladas.

O projeto está orçado em quase R$ 500 mil, podendo ser instalado também em outro local do Vale do Caí. Questionada quanto aos entraves, a coordenadora do Cetam acredita que o maior seria a falta de mão-de-obra para a manutenção diária do berçário.

Reunião histórica teve grande participação, revelando coesão do setor

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