Extremos do clima derrubam produção de mel

Um ano após catástrofe climática pode até faltar produto no mercado

A safra de mel 2024/2025 no estado não será das melhores, devido a mortandade de abelhas nas enchentes de maio do ano passado. Segundo a Câmara Setorial da Apicultura e Meliponicultura, da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), a produção será cerca de um terço da média de 9 mil toneladas por período.

A confirmação é do apicultor montenegrino Roberto Carlos Machado. “Muitos foram afetados pelas enchentes. Eu, por exemplo, perdi um apiário todo; e isso tu não recuperas”, declarou. No período de fevereiro e março deste ano ele pegou 25 novos enxames, mas que não alteram seus números, pois ainda não produzem.

Machado concorda que há impacto negativo, mas não com a expectativa para quebra de safra, baseado em suas colméias em Porteiro Grande, Rua Nova e Capela Santana que tiveram queda aproximada de 20% (média de 18 kg por colméia). Ele recorda que a catástrofe já havia derrubado a safra 2024, mas não faltou produto devido aos estoques. “Dificilmente o apicultor virou essa safra com mel do ano passado. Então, safra menor e nada de estoque, é um alerta para até faltar mel”, alerta.

Secas já haviam prejudicado muito

Já o coordenador da Câmara, Patric Luderitz, garantiu produto no mercado, mas sem prever a quantidade. Ele destacou, ainda, o prejuízo acumulado do setor devido às secas. “Nos dois anos anteriores, não houve colheita de mel, só em alguns locais pontuais. Também não houve colheita de safrinha do ano passado, em setembro as plantas não responderam”.

O apicultor de Maratá Gianmateu Schommer explica que variáveis levaram a morte de abelhas naquele período, mas principalmente as chuvas constantes, que impediram o voo para se alimentarem. “Mas teve muita perda de abelha nas enchentes, que foram levadas embora. Tem apicultor que perdeu 1.000 colméias. Foi desastroso!”, refere.

Ele concorda com a expectativa de safra menor, justificada pelo acúmulo de fatores. O proprietário da “Mel Flor de Ouro” assinala, por exemplo, a floração inicial do Eucalipto, rápida e sem perdurar no ciclo trivial de fevereiro a maio, ficando apenas até os 10 primeiros dias de abril. Imediatamente vieram noites frias em abril, reduzindo a produção dos favos. “São menos colméias e mais degradadas, e a floração foi mais rápida”, explica.

Importação é nova ameaça
A possível importação de mel do Chile preocupa o setor, e será pauta de ofício encaminhado ao governador, Eduardo Leite, e ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). O professor Aroni Sattler lembra que Rio Grande do Sul, ao longo do tempo, tem sido o maior produtor de mel do Brasil, compartilhando periodicamente esta posição com o estado do Paraná.

A importação deverá afetar seriamente essa cadeia produtiva, não só comercialmente, mas especialmente em relação a sanidade das abelhas com entrada da bactéria, causadora da doença Cria Pútrida Americana, para a qual o Brasil goza do status de livre por erradicação desde 2006.

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