Agricultura Mais: Fazenda no Pesqueiro investe na produção da noz-macadâmia

No geral, apesar do potencial econômico, produção de nozes ainda é pouco explorada na região

A primeira parada da série Agricultura Mais é no Pesqueiro. Lá, a Fazenda Gabardo está em fase de testes com o plantio da noz-macadâmia. Originada na Austrália, a espécie está sendo cada vez mais valorizada no mercado, principalmente para a extração de seu óleo, que é sucesso nas indústrias de cosméticos. A propriedade montenegrina é uma das poucas do estado a produzir a noz.

Responsável técnico pela produção, Alex Senisse conta que a Gabardo está testando diferentes variedades do fruto para ver qual a que melhor se adapta ao clima da região. Foram oito tipos buscados em São Paulo para a plantação, que consiste em 440 pés dentro de um hectare de terra. Neste ano, a Fazenda já enviou amostras para que uma empresa paulista faça testes e a extração do óleo, certificando a melhor alternativa.

Diferente da noz-pecã – a mais comum -, a macadâmia tem formato arredondado. “Cada pé dá de 15 a 20 quilos do fruto por safra. Eles nascem quase como um cacho de uva”, explica Senisse. As nozes vêm envoltas em uma casca rígida, que não são nada fáceis de quebrar. É preciso o uso de algum equipamento específico. O manejo da produção demanda a adubação do solo e podas, com cuidado especial para a sarna – a principal doença que pode acometer a nogueira. A colheita é feita no chão, após o fruto cair da árvore, maduro.

Redondinha, a macadâmia faz sucesso nas indústrias de cosméticos, que fazem a extração de seu óleo para o preparo de produtos capilares

A noz-pecã já é negócio há seis anos
A propriedade já tinha experiência com a produção de nozes desde que foi aberta. O local foi comprado da Ulbra há pouco mais de seis anos e já tinha algumas árvores plantadas da pecã, espécie que teve a produção continuada pelos proprietários. Hoje, são dois mil pés do fruto, divididos em dez hectares da Fazenda.

As árvores gostam de um clima mais frio, mas com horas de sol. Elas chegam a 30 metros de altura. O responsável técnico pela propriedade explica que os pés começam a produzir com três anos, tendo o seu auge no sétimo. A produção total da Gabardo chega a 3 toneladas de pecã em uma mesma safra.
A florada se dá entre agosto e setembro, para a colheita no verão, entre os meses de fevereiro e março. O fruto seca no pé, cai e a colheita é feita no chão. “Quando 30% delas cair, pode balançar que o resto está pronto”, indica Senisse.

Apesar da possibilidade, a Fazenda não usa as árvores para a extração da madeira, satisfeita com a produção da noz, que tem espaço amplo no mercado.“O que produz, tu vende”, avalia o profissional. “Nós vendemos toda a produção para Cachoeira do Sul, que é o principal pólo da noz no Rio Grande do Sul. Lá, as empresas que compram quebram a noz, classificam e embalam.”

No varejo, sem casca, Senisse explica que a pecã é comercializada por até R$ 150,00 o quilo. Como comercializa com a casca, sem o custo do beneficiamento, a Gabardo vende por R$ 20,00 o quilo.

A espécie é destinada, saindo da indústria, para o segmento de confeitarias e também para o consumo in natura. “Hoje em dia, muitas dietas também são a base de pecã”, adiciona o responsável técnico, sobre o crescimento e a diversificação do mercado.

No interior de Montenegro, são 440 pés de macadâmia plantados dentro de um hectare de terra

Opção é pouco explorada pelo tempo de produção
Ainda com pouca produção de nozes, o Brasil é um forte importador do produto, trazendo o item, principalmente, da África. Mas tendo demanda e pouca oferta, porque não tem mais gente apostando na cultura? Na percepção do responsável técnico da Gabardo, os possíveis produtores acabam afastados pelo tempo de produção, que não tem rendimento imediato.

“Diferente do citros, com que o pessoal aqui está mais acostumado, para as nozes, o produtor fica uns dois, três anos com a terra parada, até virem os frutos”, avalia Senisse. Ele destaca, no entanto, que a principal demanda por cuidado na produção é justamente durante o período de espera. “Depois é só adubar e cuidar para limpar os brotos”, indica. Uma muda de pecã, hoje, custa cerca de R$ 35,00.

Agricultura Mais
O Ibiá está viajando pelos quatro cantos do município para conhecer mais sobre a diversificação da agricultura e da pecuária montenegrina. Com o projeto “Agricultura Mais”, conhecemos diferentes atividades e também muita gente bacana. Tudo será mostrado aqui – na edição impressa e no portal do jornal – a cada terça-feira. Vem conhecer com a gente um pouco mais da nossa Montenegro!

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