Paulo Azeredo: “Eu fui ‘impeachmado’ por uma coisa não verdadeira”

Vereador mais votado nas eleições municipais desse ano, Paulo Azeredo, do PDT, abriu a rodada de entrevistas com os eleitos da Rádio Ibiá Web. Com 63 anos de idade, ele tem uma bagagem política que inclui o cargo de deputado estadual por cinco mandatos, o de vereador, entre 1989 e 1992 , além do de prefeito, entre 2013 e 2015, ate a cassação por supostas irregularidades na construção de uma ciclovia na rua Capitão Cruz. E o processo de impeachment foi um dos principais pontos da conversa. Confira:

Jornal Ibiá: O que Montenegro pode esperar do Paulo Azeredo vereador a partir do próximo ano?
Paulo Azeredo:
Nessa caminhada política de 30 anos, tu constrói muitas coisas boas, constrói amizades, relacionamentos; e também acontecem desavenças, pensamentos contrários. A Política distancia amigos, aproxima outros; e nessa questão, agora, pontual de vereador, já surgiu uma conversação de nos reunirmos e pautarmos algumas questões. Eu sugeri de sentarmos todos os eleitos num espaço aberto e construir, ao invés de pensar em oposição ou situação, uma pauta positiva com o que Montenegro precisa e o que é mais urgente na visão de cada um. Eu entendo que nós temos que criar as prioridades e buscarmos juntos. E dá pra buscar, cada um com seus relacionamentos políticos no Estado e em Brasília; e trazer soluções. Essa é minha proposta.

O senhor já teve a chance de conversar com o prefeito eleito Gustavo Zanatta?
Azeredo: Não. Ainda não foi construída a oportunidade. Uns entendem que isso deve ocorrer depois, lá por fevereiro. Eu entendo que poderia acontecer bem agora. O que eu proponho é que haja essa conversa com os vereadores e o Executivo junto, aberta, e nós possamos ali ao menos construir, nesse tempo de agora até a posse, algumas ações. Nós temos a questão do nosso Balneário Municipal, por exemplo, que quando nós assumimos, em quinze dias colocamos ele em funcionamento. A gente fez aquela Festa do Peixe no Caça e Pesca, Carnaval, Rodeio… Então, a minha sugestão seria agora, sentarmos e conversarmos para construirmos uma pauta positiva por Montenegro.

É curioso observar que enquanto o senhor era prefeito, Zanatta era vereador e foi o relator do seu processo de cassação. Hoje, ele é o prefeito e o senhor é o vereador. Está tudo perdoado ou o senhor deve ser uma oposição forte ao governo?
Azeredo: Não, eu não vejo assim. Se erraram comigo – e erraram! – eu não vou cometer os mesmos erros que os outros. Fizeram por questões políticas e porque tinham interesse no poder econômico; porque eu tinha 19 milhões em caixa quando me deram o golpe. Não foi um golpe pra tirar um prefeito corrupto, ladrão. E agora eu tenho pra dizer pra vocês uma questão muito pontual: da ciclovia, foi dado um laudo do CREA-RS, o Conselho Regional de Engenheiros e Arquitetos, que veio a Montenegro sem comunicar oficialmente o prefeito para ter a visita técnica acompanhado, e fez um laudo dizendo que não tinha responsável técnico, nem projeto, nem ART paga da obra ciclovia. Mas o CPAD (Comissão Permanente de Processo Administrativo e Disciplinar), que é um órgão público do Município, que investiga internamente as questões públicas, os contratos, fez a investigação e concluiu que tinha ART, tinha projeto e tinha responsável técnico. Consequentemente, eu fui ‘impeachmado’ por uma coisa não verdadeira; e essa prova eu tenho hoje.

O que o senhor fará com essa evidência?
Azeredo: Nós temos uma visão de que, como a Câmara foi o órgão que ‘impeachmou’, queremos levar essas provas pra Câmara fazer uma análise. Eu entendo que a Câmara tem regimento para analisar de novo uma votação que errou comigo.

E o senhor pretende pedir essa análise ainda nesse ano? O que ela poderia trazer, se confirmada irregularidade no processo de cassação?
Azeredo: Meu advogado esteve aqui, preparou tudo, só que a conversa que se teve lá na Câmara é que, entrando agora, só vão poder analisar na outra legislatura. Nesse sentido, estamos avaliando, porque eu não gostaria de estar lá (já como vereador) em defesa pessoal. Penso que não seria ético, embora o advogado seja meu, pago por mim e a Câmara faria a manifestação dela com o advogado dela. Isso é um fato novo, que me daria um mandado de segurança na Justiça e essa é a busca para mostrar a verdade dos fatos. Independentemente de Câmara ou não, eu tenho uma verdade e fui ‘impeachmado’ injustamente. (A ciclovia) foi menor preço, foi algo positivo e, politicamente, nós fomos caçados e fomos traídos. Todos sabem disso.

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