Tenente Ariovaldo Lima, o mais antigo policial militar do 5º BPM

Orgulho. Ariovaldo Nunes Lima ingressou na corporação em 1979 e abriu mão da aposentadoria pelo amor à farda, que orgulha-se de servir

O tenente Ariovaldo Nunes Lima garante ser o brigadiano mais antigo em atuação na corporação na região do 5º Batalhão de Polícia Militar (BPM), na qual ingressou em 1979. Atualmente, ele sustenta com orgulho o emblema da Escola de Formação e Especialização de Soldados (EsFES) Montenegro. O amor pela farda, inclusive, o fez abrir mão da aposentadoria, algo almejado por muitos. “Foi uma grande honra para mim servir a Brigada Militar e estar até hoje nela, prestando esse serviço para a comunidade, para os meus amigos e para os meus colegas. Também incentivando os alunos a ficarem na Brigada”, frisa.

Filho de militar, o pai Dirceu Olmedo Lima, e integrante de uma família de 12 irmãos, a vida profissional de Lima iniciou bem antes de ingressar na Brigada. Ele começou a trabalhar com 12 anos. Trabalhou em madereira e na lavoura no cultivo de soja, arroz e fumo. Também fez curso de técnico em agrícola e em mecânica no município de Hulha Negra.

Aos 18 anos, ingressou no 9º Batalhão de Infantaria Motorizada em Pelotas do exército. Um ano depois, volto a trabalhar na madereira. Natural de Canguçu, o tenente passou a infância em Camaquã, para onde o pai havia sido transferido. Ele entrou para a Brigada Militar, em 1979, e fez o curso para soldado em Montenegro, no 5º Batalhão de Polícia Militar.

Depois de formado, Lima voltou para o município onde morava. Mas mudou os planos, pois queria ter mais instrução do que a 4º série, que possuía até então. “Trabalhei quatro meses em Camaquã para estudar. Meio dia cheguei aqui, me apresentei no 5º Batalhão e de noite me matriculei no Delfina Ferraz (Escola Estadual Delfina Dias Ferraz)”. O tenente concluiu o 1º grau, na época científico, na instituição de ensino e o 2º grau no Colégio Científico.

Atuação nos presídios
Em 1990, o tenente realizou o curso de cabo e em 1991 começou a trabalhar no então destacamento de ensino, atual EsFES. Depois disso, quando a corporação assumiu a função do policiamento em presídios, passou pela Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ) e Presídio Central de Porto Alegre. “No Central, é pesada a coisa. O presídio é para ser um local de passagem, mas como o Estado não tem estrutura para construir várias penitenciárias, os presos acabam ficando lá”, comenta.

Ariovaldo passou no concurso para sargento, em 2004, e volto para Montenegro para fazer o curso. Na época, seriam 370 alunos, mas as aulas acabaram sendo canceladas, devido ao excesso de liminares na Justiça de quem não havia sido aprovado. “Era muita gente. Ficamos uma semana aqui e tivemos que voltar cada um para o seu lugar, pois cortaram o curso”. Dias depois, as liminares foram derrubadas, e os candidatos a sargentos se apresentaram novamente, mas desta vez na Academia de Polícia em Porto Alegre, onde se formaram um ano depois.

Tranquilidade para a função
Para o tenente, um policial militar deve ter algumas qualidade específicas para desempenhar bem suas funções. “Precisa ter tranquilidade e calma para atendes as ocorrência, ser muito educado, educação em primeiro lugar, e ser inteligente. Hoje em dia, o brigadiano é um cara que faz tudo”, ressalta.

Casado com Eli Lopes Lima desde 1981, o tenente Ariovaldo Nunes Lima é pai de três filhos Daniela, Cristiano e Bruna Raquel. Também tem duas netas Marieli, 7 anos, e Valentina, 1 aninho.

“Está no sangue”, ressalta
O tenente se aposentou na EsFES em 2013, quatro anos após completado o tempo de serviço necessário e 55 anos de idade, como 1º tenente. “Fiquei mais um tempo, vesti a camiseta, a farda. Filho de militar, de brigadiano, já estava no sangue também”, comenta. Já estava em casa, quando foi chamado pelo tenente-coronel Ronaldo Buss, comandante da Escola, a voltar para atividade. “Voltei, fiz um estágio na Academia em Porto Alegre de duas semanas e botei as estrelas, vim como 1º tenente e vim trabalhar na escola, onde estou até hoje”, lembra. Atualmente, ele exerce funções administrativas e de manutenção, mas já deu aulas de defesa pessoal na instituição.

394 alunos por ano
A EsFES, com esse nome, existe desde 1992. Por ano, em média, passam 394 alunos pela instituição, desde nos cursos de formação, até os de especialização e de qualificação de efetivos. O curso de formação da Brigada passou, recentemente, por uma transformação. “Agora, com reconhecimento do MEC (Ministério da Educação e Cultura), é um curso superior, tecnólogo, com 1600 horas-aula, que abrange desde a parte prática efetiva de atendimento de ocorrências, de técnicas de abordagem, de uso de armas de fogo, até a parte jurídica do Direito, que é a base da nossa atividade policial. Além da parte de direitos humanos, sociologia da violência, para dar essa estrutura ao policial que vai estar na rua no dia a dia”, comenta o major Márcio José Rosa da Luz, comandante da instituição.

“A formação do policial evoluiu muito, até por conta da complexidade da nossa atividade. O policial que está na rua tem que decidir, lá no local da ocorrência, que tipo de crime é, quais são as providências que ele tem que adotar, se atira ou não atira”.

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