Casos envolvendo o abuso de força de servidores que deveriam proteger a população e, ao invés disso, provocam crimes bárbaros têm causado indignação social. Quem atua na área explica a necessidade das empresas de segurança privada seguirem as normas instituídas por lei e, além disso, investirem em treinamento e monitoramento emocional de seus colaboradores.
Jester Daniel Moraes, diretor operacional da Raetec Soluções em Segurança, atua na área de segurança privada há 17 anos. Atualmente, a empresa – que existe há 15 anos – conta com cerca de 150 colaboradores, atuando em cidades do Vale do Caí, Sinos, litoral e grande Porto Alegre. A empresa presta serviços de portaria, monitoramento de alarmes, guarda armada e outras atividades que envolvem segurança patrimonial. Para Jester, o bom desempenho do funcionário e a satisfação do cliente estão diretamente ligados por uma teia que começa a ser tramada desde o primeiro contato com o candidato interessado em trabalhar na área da segurança.
O diretor falou sobre o assassinato de João Alberto de Freitas, ocorrido dentro de um supermercado em Porto Alegre na última quinta-feira, 19. “É uma situação lamentável que a gente espera não ter internamente, e espera não ver mais. Isso nos causa tristeza por que atuamos nessa área e sabemos da importância de se ter um profissional qualificado, bem treinado”, pontua.
Moraes afirma ser fundamental adaptar o servidor ao perfil do cliente. Para tanto, algumas questões são observadas. “Nós fazemos uma avaliação da vida pregressa do candidato à vaga para atuar em segurança. Com isso a gente garante a qualificação da contratação. Essa é uma preocupação muito grande que a gente tem”, sublinha Jester. “O perfil do profissional é importante por que é um atendimento personalizado e especializado que a gente faz. Uma empresa é diferente da outra, então, com isso a gente monta esse perfil para fazer um atendimento qualificado a quem está nos contratando”, explica Jester.
Além de fazer o reconhecimento do passado do candidato, saber se ele apresenta comportamento violento ou antecedentes, são avaliados os processos de qualificação pelos quais o indivíduo passou. E, estando apto à função, nada de moleza, os cursos de reciclagem ocorrem com frequência, para garantir a manutenção do preparo psíquico e emocional. “É importante salientar que a lei exige que a cada dois anos seja feito um curso de reciclagem. Nosso diferencial é que fazemos ações internas recorrentes, para que isso seja melhor aproveitado. Temos treinamentos e reciclagens que facilitam o acompanhamento dos profissionais”, acrescenta o diretor.
Os treinamentos realizados na Raetec, muita vezes ministrados pelo próprio diretor operacional, abordam questões como a reação dos seguranças diante de um impasse com terceiros. Uma das orientações é de que eles devem agir como gerenciadores do conflito e não como causadores deles.
“Cada ação vai gerar uma reação, o nosso treinamento é de contenção e para cessar o conflito. As abordagens de reações e ações podem ocorrer de diversas formas, pode começar com uma simples agressão verbal, onde é preciso ter controle emocional para que esse conflito não aumente. No momento em que acaba o conflito, nós cumprimos nosso papel, seja numa agressão verbal ou onde o profissional tenha que fazer uma interferência física com uso da força”, defende Jester Daniel Moraes.
A empresa deve estar em dia com a legislação
Além de oferecer ao mercado profissionais qualificados e com estrutura emocional, as empresas devem atender às normas estabelecidas pelas autoridades de segurança e manter seus alvarás de operação em dia. Tudo para que o contratante sinta-se seguro ao procurá-las. “O contratante deve exigir da empresa contratada que possua o Grupamento de Supervisão de Vigilância e Guardas, NBRs, NR 35, isso faz grande diferença na qualificação da empresa. Além disso, o registro na Polícia Federal, que é o órgão máximo de controle das empresas de segurança. O nosso processo é vinculado a isso”, acrescenta o diretor operacional.