ACADÊMICA DO CURSO de Psicologia da Unisc acompanha e avalia relação de atendimento
“Você se sente mais segura com as visitas dos policiais da Patrulha Maria da Penha?”, a pergunta da acadêmica do Curso de Psicologia da Unisc, Leila Machado, foi respondida por mais uma “Maria” vítima de violência doméstica. “Com certeza! Ele ficou tão amedontrado que não veio mais me procurar”, relata a mulher de 39 anos. Para entender melhor sobre o trabalho e a relação dos policiais do 5º Batalhão da Polícia Militar de Montenegro com a comunidade, Leila e a colega Livane Mariano acompanharam a rotina dos PMs e uma das visitas feitas a mulheres com medida protetiva.
Há pouco mais de um ano, o instinto de sobrevivência fez Maria romper com o ciclo de violência ao qual era submetida por seu companheiro, junto aos seus dois filhos. “Se eu continuasse com ele, iria morrer. Ele tentou me matar várias vezes e prometia que um dia me mataria. Fugi para tentar lutar pela vida. Graças a Deus, estou aqui”, conta a mãe de família.
Maria viu a vida de seus filhos mergulhar em um mar de medo e incertezas. O filho mais velho sofria frenquentes agressões, como surras com facão, e ameaças de morte. O jovem enfrenta traumas emocionais por conta da situação a qual foi submetido pelo padrasto. A menina, de três anos, filha do casal viu o pai tentar tirar a vida da mãe. “Ele tentou matar as outras ex-mulheres dele. Eu me sentia péssima por ter colocado aquele homem na minha vida. O próprio filho dele, de outro relacionamento, me orientou à fugir”, desabafa.
Foi preciso coragem e ajuda para mudar
Maria fugiu da casa onde vivia com o agressor, buscou ajuda na Polícia e com amigos para dar início à construção de uma nova fase em sua vida. Ela conta com apoio da secretaria municipal de Habitação, Desenvolvimento Social e Cidadania (SMHAD) a qual, quando necessita, lhe fornece cestas básicas de alimentos. Maria também aguarda encaminhamento para emprego, através do departamento de Assistência Social.
O acompanhamento da Patrulha Maria da Penha deixou ela mais segura, mas ainda falta bastante para sentir-se totalmente livre do passado. “Ainda não saio de casa a pé. Também não tive coragem de colocar minha filha na creche, tenho medo que ele tente fazer alguma coisa contra nós”, diz Maria. “Ele só parou de vir aqui quando a Patrulha começou a me visitar, mas pode estar me cuidando nas ruas”, completa.
“É um caminho em construção, ela precisa ter garra e continuar seguindo em frente. Todos tomamos decisões erradas na vida, é preciso superar o que ficou pra trás. O passo principal ela já deu”, avalia Leila, futura psicóloga. A acadêmica participou da visita juntamente com os soldados Daniella Araújo Ceratti e Geovani dos Santos. “A intenção do nosso trabalho é avaliar a relação dos policiais, ente si e com a comunidade. Conhecemos o Batalhão, participamos de reunião, da vista da Patrulha Maria da Penha, e aplicamos questionário para saber por que optaram em entrar para a BM”, relata Leila sobre a ação que está sendo realizada através do estágio institucional do Curso.
“Nossa intenção é verificar se há algo a ser melhorado, e apresentar sugestões que possam contribuir para essa melhoria. Vimos aqui a aprovação e a importância do trabalho da Patrulha Maria da Penha para esta mulher. A presença da Brigada previne muitos crimes”, pondera Leila, sobre a avaliação feita.