Organização do Planeta Atlântida lamentou o fato e pediu para autoridades investigarem
Um jovem que reside em Montenegro postou em seu Twitter fotos e declarações denunciando ter sido vítima de agressões em um festival de música realizado no Litoral Norte gaúcho no último final de semana. “Dia 3 de fevereiro de 2023, a noite que eu almejava desde minha infância. Meu primeiro Planeta Atlântida, um dia especial que quase ceifou a minha vida. Fui alvejado por quatro agentes, sem fardamento da Polícia Civil, que me acusaram de furto”, postou, às 5h17 da manhã de sábado, 4. O mesmo relato o jovem registrou na Delegacia. E logo a postagem ganhou grande repercussão, com mais de 160 mil visualizações até ontem, segunda-feira, 6.
O rapaz lembra que juntava dinheiro desde o ano passado para poder ir ao evento. “Eu era aprendiz da Oderich (empresa de São Sebastião do Caí). Juntei três meses para comprar minha roupa para ir”, conta, lamentando que a mesma roupa foi rasgada e pisoteada. “Paguei mais de 400 reais pelo meu ingresso”, diz, sobre o sonho que virou pesadelo.
Pedro Natan dos Santos da Rosa, de 18 anos, diz que tudo iniciou no show da cantora Luísa Sonza. “Atrasou alguns minutos. Falei para um amigo que estava muito calor e que iria pegar uma água no bar. Combinamos de nos encontrarmos no show do Poze no Rodo. No caminho, fui cercado por quatro agentes, que me puxaram com força, bateram e jogaram no chão. Fui algemado e me arrastaram até uma sala com suspeitos de furtar celular. Falei que o celular furtado era meu e tinha meus documentos”, declara o jovem. “Na sala, desferiram golpes contra minha cabeça e me acusaram de furtar celular”, completa. “Depois que viram que era o meu celular, disseram que era um mal-entendido, que era para esquecer e me botaram para dentro da festa de novo”, relata.
Com dificuldades para falar, o rapaz diz que foi espancado e algemado. Afirma que existem imagens do fato, que já estão nas mãos da Polícia. Depois, foi levado ao posto médico do evento e encaminhado de ambulância ao Hospital Santa Luzia, em Capão da Canoa, onde foi submetido a exames e foi liberado às 5h50. No hospital foram feitos exames de raio-x do tórax, pernas e cabeça.
Apurar os fatos
Conforme Pedro, sua irmã, Aline Rosa, de 41 anos, registrou boletim de ocorrência. “Eu só pensava aonde eu errei. Meu pai sempre me disse para não reagir e cooperar com as autoridades. Eu estava totalmente disposto a cooperar. Só que me deram um tratamento desumano, como se fosse um lixo”, reclama o jovem, que trabalha como técnico em elétrica e faz curso de inglês, tendo agora como objetivo cursar Direito na universidade.
Através de sua rede social, o Planeta Atlântida postou que lamentava o ocorrido. “Sentimos profundamente por isso. O Planeta Atlântida repudia qualquer forma de violência. Já estamos em contato com as autoridades competentes para que o caso seja rigorosamente apurado”, informou a organização do evento, que ocorreu na Saba, em Atlântida, no município de Xangri-lá. A Polícia Civil informou que o caso está sendo investigado a fim de esclarecer o que ocorreu. “Isso vai ser apurado”, declarou o delegado Roland Short, titular da Delegacia de Xangri-lá.
Conforme a irmã de Pedro, o departamento jurídico do evento compareceu e deu apoio. “Vamos ingressar com ação na Justiça. Foi uma agressão em um lugar em que as pessoas deveriam estar se sentindo seguras”, lamenta Aline, esperando que os fatos sejam devidamente investigados.