Mais de 80% das ocorrências registradas na Delegacia são de golpes

Casos de estelionato são de diversos tipos e fazem muitas vítimas

Delegado de Polícia em Montenegro, Marcos Eduardo Pepe alerta que mais de 80% dos registros na Delegacia são de casos de estelionato, os chamados golpes. “Tem crescido muito esse tipo de crime. Tomou conta. Muitas pessoas têm tido grandes prejuízos”, lamenta. Ele cita que um dos golpes que mais têm ocorrido no momento afeta os comerciantes, com os golpistas entrando em contato com vítimas por meio de dados encontrados na internet, se passando por membros de facção criminosa para extorquir, exigindo taxa de segurança. Chegam a usar nomes de familiares da vítima, para pedir valores em torno de R$ 3 mil.

“Muitas vezes aplicam golpes de dentro do presídio. Não se deve fazer pagamento. Procura a Polícia”, alerta.

Outros tipos de golpes, também por mensagens, são de clonagem de telefone, pedindo Pix ou depósito para familiar ou amigo, se passando por determinada pessoa. Tem também os chamados golpes do nudes, correio, Receita Federal, multa do Detran, falso leilão, falso advogado, entre tantos outros. Os pagamentos por Pix e agora a inteligência artificial estão facilitando a vida dos vigaristas. Importante não repassar dinheiro e dados pessoais, além de evitar de acessar links suspeitos. Alerta também para as negociações por redes sociais, principalmente de ofertas de produtos muito abaixo dos preços de mercado. E mesmo em tempos de internet, alguns golpes antigos seguem acontecendo. O delegado cita que recentemente houve vítimas do tradicional golpe do bilhete premiado. Se acabar sendo vítima de golpe é importante registrar ocorrência, que pode ser pela Delegacia online, e entrar em contato imediatamente com o banco para tentar estornar o valor. “Tem que ficar alerta”, diz.

O número de ocorrências certamente é ainda maior. Muitas pessoas, por vergonha ou temendo represália, acabam não denunciando, o que faz aumentar a ação dos criminosos. Entre as principais orientações estão: desconfiar de vantagens muito atrativas, não acessar links suspeitos ou sem procedência conhecida, procurar os canais oficiais para confirmar informações, não realizar depósitos ou transferências bancárias para desconhecidos, não repassar dados pessoais e senhas e registrar em caso de ser vítima de golpe.

Falso advogado

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), através da Subseção de Montenegro, fez postagem em suas redes sociais alertando sobre o golpe do falso advogado. Segundo a OAB local, algumas vítimas entraram em contato e se constatou que haviam caído no golpe. Conforme relato, criminosos acessam o processo judicial e coletam dados da vítima. Criam uma conta no WhatsApp com a foto e nome de um advogado. Enviam mensagens para o cliente afirmando que a ação foi ganha. Falsificam documentos da Justiça para parecerem reais. Pedem uma transferência via Pix para liberar indenização. Após o pagamento, apagam as mensagens e bloqueiam a vítima.

Vítima chora ao relatar golpe

Uma moradora de Montenegro entrou em contato com a reportagem para alertar sobre um tipo de golpe que acabou sendo vítima. Em lágrimas, disse que perdeu quase R$ 200,00 para tentar conseguir um trabalho como entregadora da Shopee, após ver anúncio nas redes sociais. “Peço que alerte para ninguém mais cair no golpe. Muitos já caíram. Paguei por uniforme e curso que disseram que ia ter e não teve”, informou. “Até me ligaram para confirmar, dando os parabéns. Disseram que iriam entregar o uniforme e que iam dar o curso, o que não ocorreu”, relata. “Estou desempregada e o dinheiro que tinha perdi neste golpe”, completa.

A Shoppe alerta para golpes que envolvem falsas vagas de emprego de entregador divulgadas em redes sociais ou por canais não oficiais, onde pedem dados pessoais e exigem pagamentos antecipados. Ressalta que é importante verificar a veracidade das vagas em canais oficiais, como a página de carreiras e o site.

“Nunca pague para garantir uma vaga de emprego e não forneça informações pessoais”, alerta.

Crimes cibernéticos

Recentemente foram anunciadas mudanças na estrutura organizacional da Polícia Civil gaúcha. Foram criados departamentos especializados, além da reestruturação de setores administrativos. E uma das novidades é a criação do Departamento Estadual de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DERCC), que ficará encarregado de apurar, prevenir e reprimir os crimes informáticos próprios, de invasão de dispositivos e cometidos por meios eletrônicos, telemáticos ou por meio da rede mundial de computadores, “dark” ou “deep web”, cuja abrangência, incidência ou repercussão exijam investigação especializada.

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