Crime com explosivos. Banrisul de Vale Real foi arrombado por três homens de madrugada
As primeiras investigações feitas pela Delegacia de Repressão a Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) apontam que um grupo com atuação na Serra pode estar por trás do ataque com explosivos em uma agência do Banrisul, em Vale Real, na madrugada de sexta-feira. A desconfiança é porque houve crimes com características semelhantes em Caxias do Sul e em Bento Gonçalves, neste ano.
Outro elemento apontado pelo delegado da DRR, João Paulo de Abreu, que esteve em Vale Real, é que no distrito de Galópolis e na área urbana de Caxias foram realizados ataques com uso de motocicletas pelos criminosos. “Estamos trabalhando para identificar os suspeitos a partir de fatos pretéritos ao ataque de hoje (sexta)”, explicou a autoridade policial. Os primeiros agentes da 1ª Delegacia Especializada em Roubos se dirigiram ainda de madrugada e permaneceram durante toda a manhã de sexta-feira acompanhando o trabalho pericial e conversando com testemunhas. A Polícia confirma que um dos caixas foi violado por conta da explosão, enquanto o outro permaneceu intacto.
O furto foi cometido por três homens em duas motos, com a possível cobertura de um veículo sedan ainda não identificado.
Embora não divulgue o valor levado, o delegado disse que o procedimento adotado pelos bancos no interior do Estado de deixar uma pequena quantidade dos terminais de autoatendimento ocorreu também no Vale do Caí. “Eles levaram uma quantidade mínima, isso eu posso relatar. E havia dinheiro espalhado pelo chão”, completa.
Apesar do uso dos explosivos, a estrutura da agência não foi comprometida por completo, exceto o setor de autoatendimento. No segundo piso do banco funciona uma academia, que teve atividade normalmente na sexta-feira. Ele acredita que o ataque tenha durado entre 10 e 15 minutos, sem o uso de violência, muito menos de reféns, como tem sido comum em outros ataques no interior.
Por conta disso, o policial é taxativo ao afirmar que o grupo responsável pela ação em Vale Real é diferente de outras organizações criminosas em atuação no Estado. Ele lamenta que a agência não conte com sistema de monitoramento por câmeras. Contudo, deve buscar imagens que a Brigada Militar divulgou nas redes sociais, mas adianta que a qualidade parece ser insuficiente para a identificação dos criminosos.
Polícia pede que população faça denúncias
Também delegado da Especializada, Joel Wagner considera não ser tão anormal criminosos atacarem um banco com motos, chamando atenção de que talvez tenham optado para ganhar agilidade na fuga. Aliás, como a Polícia desconfia de que os bandidos sejam ou conhecem a Serra, é possível que tenham utilizado estradas vicinais, aproveitando a proximidade de Vale Real com Caxias.
“Os ataques a bancos são a prioridade da Delegacia. Nosso trabalho não para praticamente, mas é complexo, com muita investigação”, garante. Ele admite que o Vale do Caí tem registrado menos ataques a banco do que no resto do Estado, mas lembra que Vale Real, embora pertença ao Vale do Caí, está ao lado da Serra.
Os veículos utilizados no crime ainda não foram localizados pela Polícia. A Polícia Civil pede para quem tiver alguma informação que colabore através do Disque-Denúncia no 0800-510 2828 ou pelo WhatsApp da Delegacia de Roubos, no 98418-7814.
Brigada admite dificuldades de policiar cidades pequenas
Responsável pelo policiamento na região de Feliz e região, o capitão Jeferson Dill acredita que o ataque a banco em Vale Real tenha a ver com a vulnerabilidade do Estado e a histórica falta de efetivo, mesmo que sejam feitos estudos para que as mesmas cidades não fiquem sempre sem a presença física de policiais militares. “Nós temos usado o máximo de mobilidade, mas os criminosos fazem um planejamento muito bem acabado e tiveram êxito naquele dia”, pontua.
Ele admite que Vale Real, Alto Feliz e São Vendelino são cidades que ficam sem PMs em alguns momentos do dia, por conta da atuação do Patrulhamento Intermunicipal (Patrin), mas mesmo assim a Brigada tem conseguido coibir muitos crimes.
“Naquele dia os brigadianos tinham que estar onde deveriam, em uma das cidades”, acrescenta. Ele pondera que o ideal é que houvesse agentes nas 24 horas do dia, mas o efetivo reduzido não permite tal medida.