Prevenção. O especialista em trânsito, Renato Campestrini, alerta sobre a importância da consciência dos motoristas
O feriado prolongado de Ano Novo terá a 83ª edição da Operação Viagem Segura. Uma ação conjunta de fiscalização da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran/RS,) Brigada Militar e Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) para prevenir acidentes de trânsito no Estado. O movimento intenso, principalmente em direção ao Litoral, reforça a importância do cuidado redobrado ao conduzir veículos, ainda que historicamente o Réveillon não lidere o ranking de óbitos em acidentes.
A média nos últimos 11 anos é de 4,7 vítimas fatais por dia na virada do ano, enquanto a geral dos 15 feriados ou datas festivas é de 6,4 mortes por dia. No ano passado, 18 pessoas perderam a vida em três dias, considerando as que vêm a óbito até 30 dias pós-acidente.
No Natal, entre os dias 22 e 25 deste mês, 23.683 veículos foram fiscalizados na Viagem Segura. Na operação, foram registradas 11.424 infrações, recolhidos 761 veículos e retidos 171 documentos de habilitação. Somente nas rodovias federais, as autuações por excesso de velocidade chegaram a 2.980. “O excesso de velocidade é um dos principais fatores de risco nos acidentes de trânsito. À medida que a velocidade aumenta, a distância de frenagem aumenta e o campo de visão do condutor diminui”, ressalta o gerente-técnico do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), Renato Campestrini.
O número de acidentes chegou a 189, resultando em 13 mortes no local e 156 feridos. Já as autuações por direção sob a influência de álcool somaram 54. Dessas, 22 condutores foram enquadrados por crime de trânsito e conduzidos à delegacia de polícia por apresentarem níveis acima de 0,33 mg de álcool por litro de ar expelido pelos pulmões. Outros 115 motoristas se recusaram a realizar o teste. Todos sofrerão as sanções administrativas do artigo 165 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB): multa de R$2.934,70 e suspensão do direito de dirigir por um ano (além da retenção do veículo e do documento). “Infelizmente, apesar de todos os alertas, campanhas, enrijecimento da lei, ainda temos condutores que insistem em beber e dirigir sem entender o quanto essa combinação é fatal. Estudos apontam que em acidentes em rodovias, em 50% dos casos há envolvimento de condutores que beberam e dirigiram”, ressalta Campestrini.
Cinco milhões de veículos fiscalizados em seis anos
Em mais de seis anos, a Viagem Segura soma mais de cinco milhões de veículos fiscalizados. No período, foram registradas 876,8 mil infrações, sendo mais de 15 mil por embriaguez. Houve, ainda, mais de 2,1 mil autuações por recusa ao teste do bafômetro. A fiscalização também recolheu 84,6 mil veículos e 22,5 mil CNHs irregulares.
Embriaguez e velocidade
Confira entrevista com o gerente-técnico do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), Renato Campestrini. Ele fala sobre excesso de velocidade e embriaguez ao volante.
Jornal Ibiá – Na sua opinião, qual o papel do excesso de velocidade nos acidentes com morte?
Renato Campestrini – O excesso de velocidade é um dos principais fatores de risco nos acidentes de trânsito. À medida que a velocidade aumenta, a distância de frenagem aumenta, o campo de visão do condutor diminui. Sua constatação é possível, quando não registrada por imagens, através dos danos causados nos veículos envolvidos ou mesmo nas lesões que causaram aos ocupantes dos veículos ou demais usuários das vias. Por tal razão é que a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Pan Americana de Saúde (OPAS) recomendam que nos centros urbanos o limite máximo permitido não ultrapasse os 50 quilômetros por hora.
O governo federal realiza campanhas de conscientização sobre esse tipo de infração de uma forma eficiente? Deveria ser em maior quantidade?
Não só o governo federal, mas também os estados e municípios chamam a atenção dos condutores para as problemáticas do trânsito, do excesso de velocidade, dos riscos do celular, da bebida ao dirigir, o Detran/RS possui uma série de vídeos educativos repercutidos nas redes sociais mostrando que atitudes equivocadas podem trazer sérias consequências que é digna de elogios. O fato é que não há quem não saiba que o excesso de velocidade é perigoso e pode matar, precisamos sim de mais consciência das pessoas, para o respeito dos limites a todo momento de forma voluntária e não apenas em pontos fiscalizados com equipamentos medidores de velocidade. Ainda que as campanhas desenvolvidas sejam as melhores possíveis, caso o condutor não respeite a regulamentação, os acidentes continuarão a acontecer, está em seus pés e mãos adotar uma postura mais segura ao transitar. Reverter números de acidentes demanda um esforço conjunto do poder público e sociedade.
É possível determinar as principais causas do excesso de velocidade nas nossas estradas? A legislação deveria ser mais dura?
A principal causa do excesso de velocidade em rodovias é a o desrespeito de fato, a sensação de impunidade do ato, pois somente será autuado o condutor que desrespeitar o equipamento medidor de velocidade fixo ou ainda vier a ser flagrado por um equipamento portátil utilizado por agentes da autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via. Pode ocorrer também o excesso, mas esse em menor número por conta de eventual erro na regulamentação da velocidade de uma via, por isso a importância de um bom trabalho de engenharia de tráfego para regulamentar a velocidade máxima permitida. A atual aplicação de penalidade pelo excesso de velocidade no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) é boa, temos três níveis para a infração e cada condutor é penalizado de acordo com o percentual de desrespeito que teve ao transitar acima da regulamentação.
E, apesar de todos saberem dos riscos, muita gente continua misturando bebida e direção. O que dizer para essas pessoas?
Infelizmente apesar de todos os alertas, campanhas, enrijecimento da lei, ainda temos condutores que insistem em beber e dirigir sem entender o quanto essa combinação é fatal. Estudos apontam que em acidentes em rodovias, em 50% dos casos há envolvimento de condutores que beberam e dirigiram. Para tais condutores, pedimos ajuda para que deixem de lado esse hábito, pelos riscos para sua segurança e dos demais condutores.