Após quase cinco anos, agente vai voltar para casa

Inspetora de Polícia do plantão da DPPA conseguiu transferência para Missões e deixa o Vale do Caí no domingo

Filha de um policial militar, mãe aos 15 anos, com três filhos hoje, e policial civil desde os 28 anos, tendo fixado residência em Brochier, cidade em que foi designada após ter passado em um concurso público em 2010. Inspetora de Polícia, Francieli Rodrigues Carneiro, 32 anos, fez na quinta-feira o último plantão na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento do Vale do Caí (DPPA), onde esteve lotada por um ano e meio.
No domingo, ao lado dos três filhos – duas meninas, o menino está com o pai há cinco meses – a família viaja para Santo Ângelo, cidade em que nasceu. Nas Missões terá 15 dias de férias, com início na segunda-feira para organizar a nova vida, colocar os filhos na escola e matar a saudade de quem mais ama – a família. Depois disso, ela se apresenta na Delegacia de Polícia de São Miguel das Missões, cidade de cerca de sete mil habitantes, localizada a 60 quilômetros de Santo Ângelo, e que pretende fazer esta viagem diariamente.
Do Vale do Caí, Fran, como é mais conhecida, garante que só levará boas recordações. Desde que chegou à região, a policial fixou residência em Brochier. Na cidade, de colonização alemã, trabalhou por três anos e dois meses, sozinha, sendo responsável também por Maratá e Poço das Antas, totalizando 11 mil pessoas.
Em São Miguel das Missões, terra de índios, afirma que terá a companhia de trabalho de um policial na DP. Mas a razão da transferência está justamente na possibilidade de voltar a ficar perto de pessoas com quem tem muita estima. Ela reconhece que ser policial civil é a realização de um sonho, alimentado desde os nove anos de idade, por isso quando foi designada para o Vale do Caí não pensou duas vezes, tendo superado algumas dificuldades.
Os filhos vieram apenas após três meses da mudança para Brochier. Quando estava em formação na Academia de Polícia Civil (Acadepol), em Porto Alegre, via sua prole somente uma vez por mês. “Com o passar do tempo a minha vida voltou ao normal. Comecei a sentir falta deles”, confessa.

Decisão de transferência foi colocada nas mãos de Deus
Evangélica, Fran diz que deixar Montenegro e a região foi uma decisão muito difícil. Por isso, ainda que tenha feito uma despedida com os colegas dos órgãos que trabalham junto da DPPA Vale do Caí, na segunda-feira, prefere em não falar em despedida. “Despedida é quanto a gente morre. É um misto de tristeza e alegria o que sinto”, diz, com o esforço para que as lágrimas não venham aos olhos.
A chance de voltar para as Missões se tornou realidade para a inspetora à medida que uma nova turma de policiais irá se formar no dia 2 de junho, em Porto Alegre. Com isso, ela tem a sua substituição garantida, graças, também, ao fato da Chefia de Polícia ter aberto um edital de transferência interna para os policiais mais antigos.
“Coloquei nas mãos de Deus. Tinha uma vaga lá na minha região e acabou dando tudo certo”, completa. Com isso, Fran vai trocar a 1ª Região Policial pela 15ª RP, que responde pela região das Missões.

Novo gás e chance de fazer de novo um bom trabalho
Para a inspetora, a transferência faz com que tenha um novo gás e uma motivação extra,
mas ela entende que não se trata de um desafio, mas sim de um recomeço. Ela acrescenta que tem um nome a zelar, não só o seu, mas o da Polícia Civil, e espera em São Miguel conhecer as pessoas e ser reconhecida pelo bom trabalho.
Na cidade, ela estará mais perto do grande objetivo: voltar para Santo Ângelo, mas atuando como policial civil. O caminho a ser perseguido é praticamente o mesmo: à medida que abrir a chance de transferência interna é se candidatar para a vaga. Com a diferença que está mais perto de casa. “Lá é o meu porto seguro, minha segurança, ter a minha família por perto”, finaliza.

Convites de despedida pipocaram desde o anúncio da transferência

Reconhecida em Brochier, policial diz viver dias de “kerb”
Moradora de Brochier há quase cinco anos, Fran virou referência de Polícia para os moradores da cidade e da região. Desde que anunciou a sua saída, há um mês, o respeito e a admiração dos munícipes se transformaram em uma espécie de adoração. Cumprimentos na rua, desejos de boa sorte, felicidades, convites para tomar chimarrão, jantas e por aí fora se tornaram comuns.
Tanto que ela brinca que parece estar vivendo em um “kerb”. A policial acredita que é resultado do trabalho que fez desde que chegou à região. “Levo daqui a lembrança de ser tão bem recebida em Brochier e Maratá. Não foi uma surpresa este carinho todo que estou recebendo”, opina. Ela salienta a unidade entre Polícia Civil, Brigada Militar e a Susepe com ajuda e companheirismo mútuos no trabalho.
O vínculo que fez não só como os moradores de Brochier, mas com os colegas de serviço pretende levar para o resto da vida. Para os amigos fez a promessa de uma vez por ano voltar para o Vale do Caí para rever a turma. As duas filhas, de tão bem adaptadas, eram contra ao retorno para lá.

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