Alerta. Futuro policial militar morreu horas depois de ser internado em hospital
No mesmo dia em que o aluno-soldado da Escola de Formação e Especialização de Soldados (EsFES), Pablo Garcia de Souza, 28 anos, foi internado às pressas no Hospital da Unimed e morreu horas depois por conta de uma bactéria – a principal suspeita é de leptospirose – a Brigada Militar começou a tomar medidas preventivas. De acordo com o major Marcio da Luz, diretor da EsFES, o Departamento de Saúde da BM, em Porto Alegre, enviou um capitão-médico até o Vale do Caí já na quarta-feira para fazer o acompanhamento do caso e prestar a assistência ao aluno. Ele não resistiu e morreu vítima de falência múltipla dos órgãos.
Como a leptospirose tem muitos sintomas semelhantes aos de uma gripe comum, ficou decidido que os 399 alunos em formação, que acusarem qualquer anormalidade, se manifestarão à coordenação do curso para o encaminhamento ao Hospital Unimed. O resultado é que 84 futuros policiais militares foram até a casa de saúde.
“Estão todos assustados, mas não tivemos nenhum resultado preocupante entre os avaliados”, completa Luz. Ele aguarda o resultado oficial do exame de sangue para confirmar que o aluno realmente contraiu leptospirose. O major considera precipitado dizer que a doença pode ter sido pega dentro das instalações da Brigada no Vale do Caí. “Ele podia estar em um bar, bebendo uma latinha de cerveja contaminada com a urina de um rato. Não tem como fazer ilações neste momento”, pontua.
Por conta da morte de Pablo, os alunos ganharam dispensa de ontem até domingo e se reapresentam somente na segunda-feira. A última prova da formação, prevista para ontem, será realizada apenas no começo da próxima semana.
Esposa culpa exercício realizado no campo
Casada há oito anos com Pablo, a manicure Ingrid Teixeira Machado, 26, não tem dúvidas de que o marido morreu por causa de leptospirose. A certeza diz ter recebido dos próprios médicos que atenderam seu companheiro, apaixonado pela profissão que iria seguir. Pablo chegou a trabalhar como PM temporário em Uruguaiana.
Para a manicure, a doença foi contraída durante o período de dois dias em que os alunos ficaram em treinamento em um “campo”, dentro do quartel. “Meu marido nunca reclamou de nada, mas lá tem barro, lodo. A gente sabe que são normais estes exercícios”, acrescenta. Ela faz questão de dizer que não pensa em entrar na Justiça contra o Estado, apenas quer que o caso sirva de lição.
“O médico me perguntou se ele teve contato com barro, lodo. Lá em casa, não tem. Aí me lembrei do campo, eles foram para lá há dez dias”, recorda. Ingrid diz que a leptospirose pode ser uma doença mais grave se o paciente estiver com a imunidade baixa, o caso do marido, que reclamava de uma gripe.