Alexsandro Gunsch é condenado a 26 anos e oito meses de reclusão

Ele foi julgado pela morte de Debora Michel. Defesa pedirá nulidade do júri

Alexsandro Alves Gunsch, de 49 anos, foi condenado a 26 anos e oito meses de reclusão, pela morte da fisiculturista Débora Michels Rodrigues de Oliveira, a Debby, de 30 anos. A pena levou em consideração o homicídio com qualificadora de feminicídio causado por motivo torpe, utilizando meio cruel mediante emprego da asfixia e com recurso que dificultou defesa da vítima. A defesa irá recorrer e pedir a nulidade do júri.

O julgamento, presidido pela Juíza Débora de Souza Vissoni, iniciou por volta de 9h da manhã de sexta-feira, 25, no salão de júri do Fórum de Montenegro e a sentença foi dada às 00h43min da madrugada de sábado, 26.

Em sua argüição, a defesa tentou desclassificar o crime para lesões corporais seguida de morte ou mal súbito devido a anabolizantes. Já a acusação considerava que foi feminicídio, em um crime brutal, com a vítima sendo morta por asfixia através de estrangulamento.

Pela manhã, as primeiras testemunhas a falar foram as de acusação, entre elas o irmão da vítima, Alex Michels. Já a mãe, Rosane Maria Michels da Silva, foi ouvida como informante. E depois o pai, Davi Rodrigues da Silva. Foram depoimentos marcados pela emoção, incluindo lágrimas e pedidos de justiça. Eles responderam perguntas das promotoras de justiça e dos advogados de defesa, sendo que em alguns momentos tiveram de parar devido à forte emoção.

Foram sorteados sete jurados, entre eles cinco mulheres e dois homens. Familiares e amigos de Debby compareceram vestindo camisetas e quadros com fotos de Debora. Também estavam presentes familiares do réu.

Emoção e revolta

“A Debora era muito alegre. Todo mundo gostava dela”, recordou o irmão, usando uma camiseta constando “Justiça pela vida de Debby”. “Nada justifica o que ele fez. Condenou a nossa família e a dele”, completou. “Meus pais viram a filha morta na calçada da casa deles. Acho que foi uma forma de vingança”, afirmou Michels, sobre a separação, que já tinha sido anunciada por ela, tendo a ajuda dos pais na mudança e aluguel de um apartamento.

A mãe, Rosane, era a mais emocionada e revoltada. “Estava tudo certo. A Debora iria se mudar e estava feliz. Tínhamos alugado apartamento. E no outro dia ela estava morta na nossa calçada, de pijama, sob um cobertor”, recorda. “Ele acabou com nossa vida. É uma dor horrível. Quero que termine isso de uma vez. E deixar minha filha descansar em paz”, completa. “Vontade é que tenho de estrangular ele. Fazer a mesma coisa que fez para minha filha”, afirma, destacando que Debora possuía marcas no pescoço.

O pai, Davi, lembrou que Debby disse que após a separação iria falar sobre o motivo do fim do relacionamento. Relatou que a filha estava decidida a se separar e que conversou com Alexsandro, sendo que a situação parecia tranquila. Lembrou que tinha uma boa relação com o genro. “Antes tínhamos uma família feliz, mas vi que aquele relacionamento não iria dar certo”, diz. Assim como a esposa, lembrou que no dia anterior ao crime Debora entregou as chaves da casa do bairro Centenário, acreditando que era para proteger os pais, temendo pelas suas vidas.

No começo da tarde ocorreu o relato do perito Victor Binda, do Departamento Médico Legal (DML). Mostrando imagens, falou sobre o trabalho de perícia e necropsia, incluindo os ferimentos, que podem ter causado a morte por asfixia, tendo mencionado a possibilidade de estrangulamento. Para ele não foram feitos questionamentos, pois já tinha respondido no processo.

“Estava fora da casinha”

O depoimento de Alexsandro Gunsch foi longo, tendo terminado por volta de 17h40, com várias perguntas da acusação e defesa, sem demonstrar emoção. Ele disse que o desentendimento com a companheira teria iniciado após ela ver um vídeo, em seu celular, de uma aluna nua. E aí diz que ele mesmo pediu a separação. Falou, ainda, no uso de anabolizantes e consumo de cocaína, inclusive na noite do crime. “Ela avançou sobre mim. Levantei ela pelo pescoço e joguei contra o roupeiro”, confessou. Contou que a colocou no carro, mas aí percebeu que ela não tinha mais pulso. “Aí fiz a loucura de deixá-la na frente da casa dos pais. Estava fora da casinha, muito cheirado, muita cocaína”, afirmou. A promotora de justiça lembrou que o laudo toxicológico em Debora não apontou uso de drogas.

Após deixar Debby na calçada, o réu falou que fugiu para Gravataí, para a casa de um amigo. Contou, ainda, que na mesma noite tinha um acerto de contas, em uma boate de Canoas, inclusive tendo buscado armas para matar os desafetos, mas acabou não os encontrando. “Deixei as armas na boca onde eu pegava as drogas”, informou. Admitiu que sofreu acusação de assédio, por uma aluna da academia que trabalhava, tendo recebido determinação de manter distância em medida protetiva de urgência. “Quero pedir perdão para a família dela. Foi sem querer. Sempre amei ela. Era minha rainha. Fazia tudo por ela”, finalizou, cabisbaixo.

Na sequência iniciaram os debates entre acusação e defesa, com direito e réplica e tréplica. A expectativa é de que a sentença seja anunciada ainda na noite de sexta-feira.

Relembre o caso

O Tribunal do Júri é presidido pela Juíza de Direito Débora de Souza Vissoni, tendo na acusação as promotoras de justiça Rafaela Hias Moreira Huergo e Graziela Vieira Lorenzoni, mais a assistente de acusação Samanta Dannus. Já na defesa atuaram os advogados Ezequiel Vetoretti, Rodrigo Grecellé Vares e Eduardo Vetoretti.

O júri, que estava marcado para ocorrer no mês passado, acabou não ocorrendo após o réu revogar os poderes concedidos à sua defesa técnica um dia antes da sessão. O réu Alexsandro Alves Gunschatuava com Debora em uma academia do centro de Montenegro. O casal teve um relacionamento de cerca de onze anos, não tendo filhos.

O acusado foi denunciado pelo crime de homicídio qualificado por feminicídio (cometido contra mulher em contexto de violência doméstica e familiar), motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. O motivo seria a inconformidade com o término do relacionamento. O crime ocorreu em 26 de janeiro do ano passado, na localidade de Vendinha. O acusado se entregou dois dias depois à Polícia e desde então está preso na Penitenciária de Canoas.

1ª Live:   https://www.facebook.com/share/v/1AAsAoDaQm/

00min06seg: Depoimento de Alex Michels, irmão da vítima.

01h14min: Depoimento de Rosana Maria Michels da Silva, mãe da vítima.

2ª Live:  https://www.facebook.com/share/v/15mTVtKqUH/

00min00seg: Depoimento de Davi Rodrigues da Silva, pai da vítima.

3ª Live: https://www.facebook.com/share/v/16NkjTq1FA/

01min58seg: Depoimento do Perito Vitor Binda

01h00min: Depoimento do réu Alexsandro Gunsch

03h01min: Promotora de Justiça Rafaela Hias Moreira Huergo

03h45min: Promotora Graziela Vieira Lorenzoni

04h07min: Assistente de Acusação Samanta Dannus

04h30min: Advogado de defesa Rodrigo Grecellé Vares

05h06min: Advogado de defesa Ezequiel Vetoretti

4ª Live: https://www.facebook.com/share/v/1GwWVGDJQg/

00min32seg: Réplica da Promotora Graziela Vieira Lorenzoni

01h04min: Réplica da Promotora de Justiça Rafaela Hias Moreira Huergo na réplica

01h49min: Tréplica do Advogado de defesa Rodrigo Grecellé Vares

02h20min: Tréplica do Advogado de defesa Ezequiel Vetoretti

03h27min: Sentença do réu Alexsandro Gunsch

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