Acusado da morte de Debby Michels irá a júri popular

Julgamento deve ocorrer em breve porque o réu está preso

Mais um passo foi dado referente ao caso da morte da personal trainer Débora Michels Rodrigues da Silva, a “Debby”, de 30 anos, ocorrida na madrugada do dia 26 de janeiro, na localidade de Vendinha, interior de Montenegro. Nesta semana saiu a sentença de pronúncia do réu, Alexsandro Alves Gunsch, de 48 anos, que se encontra preso. Com isso, a Justiça decidiu que ele deverá ser julgado por feminicídio através de júri popular. A defesa do acusado tinha pleiteado justamente a desclassificação do procedimento do júri.

Baseado na denúncia do Ministério Público, foi considerada a gravidade concreta do fato, sendo mantida a prisão preventiva do acusado. Foi considerado que o crime foi cometido por motivo torpe e meio cruel, mediante emprego de asfixia, com recurso que dificultou a defesa da vítima, em contexto de violência doméstica e familiar, com incidência na Lei dos Crimes Hediondos.

O promotor de Justiça, Paulo Eduardo de Almeida Vieira, que fez a denúncia contra o acusado, explica que a decisão de pronúncia ocorre nos casos de crimes dolosos contra a vida, como de homicídio qualificado, quando a sociedade julga os réus.

“Neste caso é confirmada a competência do júri, encaminhando para plenário. Apenas é admitida a acusação, encerrando a primeira etapa do rito, partindo então para o julgamento da causa”, esclarece. A defesa ainda tem o direito de recorrer. Após transitada em julgado a decisão de pronúncia, é aberta a oportunidade para a acusação e defesa apontarem quem deve ser ouvido em plenário, sendo então marcada a data do julgamento.

O júri deve ser agilizado porque o réu se encontra preso. Entretanto, existem outros julgamentos marcados. Por isso a expectativa é de que o júri popular venha a ser realizado no início do próximo ano.

Família pede justiça
O professor aposentado Davi Rodrigues da Silva, de 71 anos, não esquece o dia em que acordou com a movimentação de policiais e vizinhos na porta de sua casa, no bairro Centenário. O companheiro da vítima tinha deixado o corpo dela na calçada em frente à residência dos pais, sob um cobertor. “Estamos na expectativa que haja justiça e, no aguardo do agendamento para a realização do júri”, declarou. “Está havendo uma certa morosidade para o desfecho do caso”, entende. “Na nossa família ainda persiste muita dor, tristeza e saudades de nossa Debby”, completa.

O promotor de justiça diz que é compreensível a ansiedade dos familiares quanto ao julgamento. “O processo está tramitando de forma ágil”, garante, citando que foi dada a oportunidade ao réu para se defender, realização de audiência de instrução para ouvir testemunhas, apresentação de provas e perícias, manifestação do Ministério Público e da defesa. “Não tem nenhum atraso, ocorrendo a tramitação natural”, declara Paulo Vieira.

A advogada Daniela Schneider Couto afirma que a defesa ainda não foi intimada da decisão do Judiciário. “Mas ao que tudo indica, como foram solicitadas diligências ao juízo e este as desconsiderou, será feito recurso”, afirma. A defesa ainda aguarda por laudos complementares da autópsia, entendendo que o laudo existente no processo não é conclusivo. Alega que o objetivo é dar ao réu o direito ao devido processo legal.

Irmão de Debby, Alex Michels diz que a família da fisiculturista só quer que se tenha justiça. “Pela crueldade do crime que ele cometeu com a minha irmã, só esperamos, no mínimo, muitíssimos anos de cadeia. Que esse ato covarde dele não passe impune”, espera. Ele lembra que a irmã já estava separando suas coisas para se mudar, pois estavam em processo de separação, após um relacionamento de 11 anos.

Em depoimento à Polícia, Alexsandro Gunsh alegou que teria ocorrido uma briga e que o casal teria trocado agressões. Também fisiculturista, declarou ter pego a companheira pelo pescoço, levantado e arremessado contra um guarda-roupas. Foi quando ela teria passado mal e disse que a colocou no carro para levar ao hospital, mas no caminho percebeu que a companheira já estava sem vida e devido ao desespero decidiu deixar o corpo em frente à casa dos pais dela. Já a acusação entende que o crime teria ocorrido de forma premeditada, após o réu ter consumido cocaína e não aceitar o fim do relacionamento.

O feminicídio causou grande comoção e repercussão na comunidade e no Estado. O casal atuava na mesma academia, no Centro da cidade. Manifestações chegaram a ocorrer na Praça Rui Barbosa e em passeata pelo Centro, pedindo por justiça.

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