Programa garante experiência prática aos acadêmicos, mas deverá ser atingido por corte de verbas do MEC
Acadêmicos e professores da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs) se mobilizam pela prorrogação do Programa Institucional de Iniciação à Docência (Pibid), que garante experiência aos alunos junto às escolas de educação básica. Em Montenegro, são 65 bolsistas, além de cerca de 300 alunos de escolas públicas envolvidos.
A preocupação da comunidade acadêmica é com o impacto da redução de investimentos em programas relacionados à Educação Básica, prevista pelo Ministério de Educação, conforme projeto de Lei Orçamentária Anual para 2018. Conforme divulgado pela Uergs, haverá corte do investimento do MEC na formação de professores, dos atuais R$ 958 milhões para R$ 513 milhões. Neste ano, no entanto, foram R$ 600 milhões somente para o Pibid.
Para a coordenadora do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência da Uergs, Sandra Monteiro Lemos, esta diminuição é preocupante, pois indica mudanças ou até mesmo a descontinuidade do programa. Ela acrescenta que o Pibid é um incentivo à docência, tanto para aqueles que ainda estão estudando como continuada, pois envolve professores que atuam nas escolas participantes como supervisores. O programa representa experiência aos acadêmicos, aperfeiçoamento aos professores e atividades diversas aos alunos da escola básica. Para os professores, há uma bolsa de R$ 750,00 e, para os universitários, de R$ 400,00.
Cada professor é responsável por pelo menos cinco acadêmicos que apresentam projetos para serem desenvolvidos com os estudantes ao longo do ano letivo. No Rio Grande do Sul, são cerca de 5 mil alunos das escolas básicas envolvidos. Sandra acrescenta que são desenvolvidos projetos nas áreas de artes, normalmente de forma interdisciplinar, pois uma peça de teatro, por exemplo, envolve escrita e pesquisa.
Ela salienta o contato dos acadêmicos com a realidade das escolas, proporcionado através do Pibid, oportunizando experiência em vários aspectos que fazem diferença na formação do licenciando. “Esse programa é muito importante, uma das maiores políticas da educação dos últimos tempos, cumpre com o que está previsto no Plano Nacional de Educação”, salienta Sandra, que também comanda o Fórum dos Coordenadores Institucionais do Pibid no Rio Grande do Sul. Ela afirma que o programa iniciou em 2007, foi aprimorado e, no modelo atual, está desde 2011.
Na tentativa de evitar mudanças, a comunidade acadêmica está realizando ações de mobilização, incluindo uma petição online e busca de apoio político, através de contato com parlamentares, para que não aprovem a redução de recursos federais para educação básica e formação de docentes. Sandra acrescenta que há também um abaixo-assinado que já tem mais de mil adesões no Rio Grande do Sul, metade da meta. No Brasil, a expectativa é alcançar 200 mil assinaturas.
O Pibid será o tema de uma audiência pública que deverá ocorrer em Brasília, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, no final deste mês. A intenção é entregar aos parlamentares os abaixo-assinados que também solicitam a permanência e investimentos no programa.
Oito escolas de Montenegro têm universitários bolsistas
Os acadêmicos do Pibid desenvolvem atividades em oito escolas de Montenegro: Walter Belian, Cinco de Maio, Colégio Ivo Bühler (Ciep), José Pedro Steigleder, São João, Emei Esperança e de EMEF Esperança, e na Álvaro de Moraes. Nas escolas, os “pibidianos” desenvolvem atividades nas áreas das artes e contam com a supervisão de um professor.
“O programa é bom tanto para os alunos da universidade, que adquirem experiência e recebem uma ajuda de custo (bolsa), como para a escola, que pode contar com essas atividades diferenciadas”, analisa a professora Juliane Inês Neis, que supervisiona os acadêmicos bolsistas na Escola Cinco de Maio. Ela acrescenta que a instituição tem o Pibid há quatro anos, através do qual são realizadas atividades na área de música, incluindo a banda, coordenada por um bolsista.
Saiba Mais
O Pibid tem bolsistas em todo o país. Somente no Rio Grande do Sul, são 7 mil bolsistas de 32 universidades.
O programa oportuniza que estudantes dos cinco cursos de licenciatura da Uergs – Artes Visuais, Dança, Música, Pedagogia e Teatro – realizem atividades semanais em escolas da rede pública, sob a supervisão de um docente. Atualmente, a Uergs mantém convênio com 27 escolas nos municípios em que oferta os cursos de licenciatura: Alegrete, Bagé, Cruz Alta, Montenegro, Osório, São Francisco de Paula e São Luiz Gonzaga.