Polivalente encerra ano letivo no dia 31 de janeiro

Em função da greve dos professores estaduais, escola ficou totalmente paralisada por 58 dias no segundo semestre

A greve dos professores estaduais teve seu final oficialmente decretado do dia 8 de dezembro, após 94 dias. Em Montenegro, a adesão foi relativamente baixa, com apenas alguns professores parando suas atividades e as escolas, em sua maioria, seguindo o funcionamento normal. Foi apenas o Colégio Estadual Dr. Paulo Ribeiro Campos, o Polivalente, que ficou totalmente paralisado. Em novembro, passados 58 dias, a instituição retomou as aulas com mais da metade de seu corpo docente. Para ser recuperado, o ano letivo atual vai até o dia 31 de janeiro.

Desde novembro, todos os sábados foram considerados letivos para os alunos, com aulas normais nos turnos da manhã e da tarde. Nem mesmo para as festas de final de ano, com o Natal e o Ano Novo, foi decretado feriadão. A corrida pelo cumprimento do calendário cobra paciência e dedicação, tanto dos professores quanto dos alunos. “Tu já teve aula na semana inteira, daí teria o sábado para descansar e fazer os trabalhos, então é cansativo. Mas a gente vem”, comenta a aluna do 3º ano, Roberta Tasca Motta.

Ela e os colegas acabaram tendo sua formatura no Ensino Médio adiada em função da situação. Não há ainda uma data oficial, mas já se sabe que a cerimônia deve ocorrer no início de fevereiro, no Clube Riograndense. Nem todos, no entanto, esperaram. Alguns dos alunos, com medo de perder o ano, fizeram transferências para outras escolas no decorrer da greve. O Polivalente não sabe quantificar os que tomaram essa decisão, mas o vice diretor, Luis Carlos Hummes, afirma que foi um número significativo.

Para a estudante Roberta, porém, a troca não era uma opção. “Foi complicada a espera, mas nós sempre ficamos do lado dos professores. A família Poli é muito unida”, afirma. “Nós temos até um lema: uma vez Polivalente, sempre Polivalente.” A aluna comenta que a espera e as incertezas com a greve serviram para unir ainda mais a turma, que já conta os dias para a tão sonhada conclusão do curso. De acordo com a secretaria da escola, são bons os índices de comparecimento dos estudantes nos sábados letivos.

Professora lamenta longa duração da greve

Juntas, professora Lara e aluna Roberta falam sobre o período da greve

A paralisação do magistério gaúcho teve como estopim, em setembro, o parcelamento do salário dos trabalhadores pela 21ª vez. Na ocasião, os servidores estaduais receberam apenas R$ 350,00 no dia do pagamento. Muitos, já há meses, passavam por dificuldades até para questões de primeira necessidade, por falta de dinheiro. “Nós não tínhamos como continuar trabalhando naquela situação. A gente precisava se unir e gritar diante de um governo cego, surdo, mudo e insensível”, desabafa a professora Lara Lampert.

O movimento ganhou forte apoio da população e, inclusive na escola, os alunos foram às ruas para protestar em favor de seus educadores. Sem espaço para negociações, no entanto, a greve foi se estendendo por muito tempo, perdendo adesão e criando um sentimento de angústia. “Nós nos arrependemos de não ter voltado antes, porque não conseguimos perceber que o governo é extremamente intransigente”, coloca Lara. “Acreditamos que eles iriam ceder, mas eles demonstraram um descaso descarado com o magistério, a educação e o povo.”

A professora retornou às aulas ainda em novembro. Apesar do sentimento de frustração, ela é grata pelo apoio dos alunos. “No geral, eles foram receptivos e nos apoiaram. Me senti bem acolhida dentro da greve”, pontua.

Calor é um inimigo
Para a educadora Lara Maria Lampert, o período intensivo de aulas está sendo levado da melhor forma possível. “Apesar de ser cansativo tanto para os alunos quanto para os professores, nós estamos bem-humorados e fazendo o melhor que a gente pode”, comenta. “Estamos todos com muita boa vontade e conscientes de uma luta que nós fizemos juntos.” Ela conta que, mesmo durante a semana, o conteúdo dado está mais puxado e que o grande inimigo dos que comparecem é o calor da época.

Com a falta de ar-condicionado em todas as salas e alguns ventiladores com mau funcionamento, as altas temperaturas castigam. A escola já trabalha para providenciar os equipamentos. A professora ressalta, no entanto, que, em outros anos, mesmo no período de aula normal, em outubro e novembro, o calor, por vezes, atrapalhava o bom andamento das aulas. “Mas estamos indo, sem deixar que isso tire o nosso ritmo”, afirma a professora.

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