Educação financeira forma alunos mais conscientes em Montenegro

O dinheiro faz parte do cotidiano desde cedo, mas aprender a lidar com ele de forma responsável nem sempre acompanha esse processo. Diante deste cenário, a escola assume um papel fundamental na preparação dos estudantes para além da sala de aula. Em Montenegro, projetos de educação financeira têm sido destaque em escolas da rede municipal, promovendo reflexão, planejamento e atitudes mais conscientes.

Na EMEF Walter Belian, no bairro Rui Barbosa, a professora de Língua Portuguesa Marta Simone de Souza é uma das coordenadoras do projeto Cooperação na Ponta do Lápis, em parceria com a cooperativa Sicredi e a Prefeitura. A ação, que iniciou com os alunos dos 8º e 9º anos, hoje contempla do 6º ao 9º ano e envolve toda a escola, com atividades diferenciadas também para turmas da Educação Infantil e dos anos iniciais durante a Semana da Educação Financeira.

Um dos projetos desenvolvidos por Marta e as professoras Deise e Renata foi o “Na Trilha do Carreteiro: aprendendo com sabor e valor”. Unindo Língua Portuguesa e Matemática, os estudantes dos 6º e 7º anos trabalharam pesquisa de preços, medidas e cálculos, aprendem sobre o gênero textual receita e, no fim, prepararam um autêntico arroz carreteiro. “Foi algo bastante proveitoso. Usamos balança de cozinha, calculadora… O conhecimento foi aplicado de forma prática, o que enriquece o aprendizado”, destaca Marta.

Com os 8º anos, o foco foi outro: os sonhos e os planos de vida. “Fizemos um mapa dos sonhos, com objetivos a curto, médio e longo prazo. Discutimos o que eles querem realizar daqui um ano, cinco ou dez anos. Trabalhamos com música e reflexão. Foi muito significativo”, conta a professora. Para ela, a educação financeira é uma das ferramentas mais importantes para preparar os jovens para o futuro. “A escola prepara para o trabalho, mas muitas vezes falta esse preparo para como usar o dinheiro. Muitos entram no mercado sem saber administrar seu salário, o que leva ao endividamento. Por isso é tão importante falar sobre isso na escola”, afirma.

A escola como espaço de transformação

Na EMEF Lena Rozi da Rocha Pithan, no bairro Senai, o projeto “Jornada de Educação Financeira – Cooperação na Ponta do Lápis” também é desenvolvido em parceria com o Sicredi desde 2022. Segundo a professora responsável, Jéssica da Rosa Pinheiro, o trabalho vai muito além de ensinar a poupar.

“O objetivo é formar indivíduos críticos, conscientes e preparados para os desafios da vida”, destaca. Com os alunos dos 6º aos 9º anos, os professores trabalham com materiais preparados pela Fundação Sicredi, realizam visitas a agências bancárias, participam de lives educativas e, principalmente, desenvolvem projetos integrados ao longo do ano.

“A educação financeira permite ao aluno organizar seu consumo de forma responsável, reduzindo a chance de problemas como endividamentos na vida adulta. Ela combate a exclusão social, promove a cidadania e tem impacto direto nas famílias. Muitas vezes, o que é trabalhado em sala de aula influencia positivamente a rotina em casa”, ressalta Jéssica.

O caráter interdisciplinar da iniciativa é outro ponto de destaque. “Quando a educação financeira é tratada de forma contextualizada, ela não só melhora o desempenho em sala de aula, como desenvolve atitudes éticas no uso do dinheiro. É investir num futuro mais justo e equilibrado”, completa a professora.

Alunos da Lena Pithan acompanharam podcast sobre educação financeira na última terça-feira, 17

Protagonismo juvenil e impacto social

Na EMEF José Pedro Steigleder, o projeto de educação financeira iniciado em 2022 também tomou proporções maiores ao longo dos anos. De acordo com a professora responsável, Cristiani Lopes Condini, o trabalho, que começou com os alunos dos 8º e 9º anos, hoje envolve toda a comunidade escolar.

Além de materiais como gibis da Turma da Mônica e da Turma da Mônica Jovem, que servem como base para discussões sobre temas como consumo, desperdício e meio ambiente, a escola aposta no protagonismo dos alunos. “Formamos um grupo com 16 estudantes líderes que são multiplicadores do projeto em suas turmas”, explica Cristiani.

Esses líderes já participaram de encontros com a equipe do projeto na agência do Sicredi Timbaúva, realizaram atividades com os colegas e foram protagonistas da Semana Nacional de Educação Financeira, levando atividades até mesmo para os alunos dos anos iniciais.

A ação inspirou o nascimento de um novo projeto: Monitoria, Recreação e Cooperação. Mais de 40 alunos do contraturno se voluntariaram para acompanhar os pequenos durante o recreio, orientando e brincando. “Essa ação simples já mostrou resultado: os incidentes no intervalo diminuíram significativamente. É um reflexo da educação que transforma”, comemora a professora.

A iniciativa já desperta reflexões profundas nos jovens, como conta o aluno do 9º ano, Klyestaen Adryan da Silva, de 15 anos. “É divertido e faz pensar. Agora eu ainda quero gastar com besteira, mas mais pra frente sei que vou guardar para coisas importantes, como tirar a carteira de motorista. Desde que o projeto começou, me influenciou muito a não sair gastando com qualquer coisa. Esses dias mesmo eu e meu irmão estávamos pensando em comprar o Fifa, e decidimos juntar o dinheiro para dividir a compra”, relata.

Entre planos para o segundo semestre na escola, um dos momentos mais aguardados é o Workshop Pais e Filhos, marcado para o dia 20 de agosto. “Os alunos dos 9º anos apresentarão aos pais os trabalhos desenvolvidos, assistirão a uma palestra com representantes do Sicredi e confraternizarão com tortas de bolacha preparadas em aula. O tema deste ano será ‘O futuro que começa hoje’”, conclui Cristiani.

Em roda de conversa, alunos da José Pedro Steigleder refletiram sobre educação financeira na última quarta-feira, 18

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