Educação ambiental aliada ao empreendedorismo

Um grupo de cinco alunos aproveita parte do contraturno escolar para andar pelas ruas da localidade de Rua Nova, interior de Montenegro, com um carrinho recolhendo plástico, papelão, papel, pets e latinhas para dar início o caminho da reciclagem. É o trabalho da Semear Reciclagem, uma “empresa” idealizada por alguns alunos da Escola Municipal Etelvino de Araújo Cruz.

O material recolhido é separado nas bags para serem comercializados

O recolhimento e venda de material reciclável é uma prática em muitas escolas, pois esse trabalho é uma ferramenta na educação ambiental, além de gerar recursos às instituições. Na Escola Etelvino de Araújo Cruz, no entanto, cinco meninos, com 11 e 12 anos, fora além, assumiram a organização desse trabalho: Henrique de Brito Bitencourt, 11 anos; Matheus Rodrigues Urbanski, 11; Kauã da Silva Moraes, 11; David Soares dos Santos; 11, e Wesley Boeira, 12. Orgulhosa com o desempenho dos garotos, a professora Paula Sarmento conta que o trabalho tem origem em um projeto de arrecadação e venda de resíduos, desenvolvido pela escola. Ela observa, porém, que não havia alguém que coordenasse o trabalho e, então, alguns alunos se ofereceram para assumir a tarefa no contraturno escolar.

Recolhimento de lixo é feito nas proximidades da escola, localizada na comunidade de Rua Nova

As crianças abraçaram a iniciativa e começaram a recolher material na comunidade, passando pelas ruas próximas à escola, com um carrinho de mão em situação bem precária. Wesley recorda que a roda estava quebrada, mas eles conseguiram outra para substituir. Com a primeira venda de material, a escola usou o dinheiro para comprar um carrinho melhor.

Rafael, Paula e Rodrigo estão orgulhosos com a iniciativa das crianças

Os alunos avançam com a criação da Semear Reciclagem, que não se trata de uma empresa formalizada, mas que garante organização no trabalho, incluindo coleta, separação dos resíduos e venda. Os demais colegas da escola colaboram recolhendo o material reciclável de casa para levar até a escola. Desta forma, o projeto alia educação ambiental com empreendedorismo. “E o mais interessante é que a idéia foi deles”, observa Paula.

A professora acrescenta que, nos últimos meses, o trabalho recebeu apoio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e da Montepel Assessoria Ambiental, passando a integrar o projeto Educando para o Futuro. Através dele, a escola ganhou bags para separação do material reciclável. As crianças comemoraram esse avanço, pois garantiu um espaço melhor para separar o material, que antes era feito em local improvisado e pequeno.

Professora Paulina com os alunos da Semear Reciclagem, Matheus, David, Kauã, Henrique e Wesley. A “empresa” é resultado de um trabalho de educação que vai ao encontro da Missão da escola, descrita no texto fixado na frente da instituição: “Formar cidadão crítico e criativo, capaz de valorizar, interagir e colaborar com a sociedade, a partir de um trabalho integrado entre família e escola, visando à preservação da vida e do meio ambiente”

Mais recentemente, os garotos ganharam um carrinho ainda melhor. Kauã conta que estava de olho no carrinho, e acabou ganhando de presente do dindo dele. “Ele perguntou se aquele era o que a gente precisava, eu disse que sim, e aí ele disse que dava de presente”, conta o menino. Kauã recorda o início da atividade e diz que o desenvolvimento superou as expectativas.

“O objetivo da educação é o que se vê”
O vice-diretor Rafael Meira Seniw observa que o projeto tem seu valor pela educação ambiental, mas o ganho é maior ainda pela iniciativa dos alunos. “Eles tomam a frente, são os protagonistas, se organizam como muitos adultos não conseguem se organizar”, afirma. Seniw percebe ainda a importância de ações como essas para o desenvolvimento de lideranças juvenis, o estímulo à autoestima e o interesse em ver a comunidade onde vivem melhor através da preservação ambiental. “O objetivo da educação é o que se vê nesse projeto”, resume. O diretor Rodrigo Teixeira Fernandes salienta o envolvimento das crianças, que demonstram o interesse em cuidar do meio ambiente, participando do ciclo da reciclagem. Ele recorda que já percebeu a emoção de um dos alunos ao dizer que estava contribuindo para um mundo melhor.

Carlos Ávila colabora com o trabalho dos meninos

Responsável pelo transporte escolar, Carlos Ávila percebeu as crianças circulando com o carrinho pela comunidade e perguntou se estavam recolhendo material reciclável. Ao ouvir a afirmação, disse que tinha papelão para eles. “O trabalho dessas crianças é excelente, tem que ser estimulado”, afirma Ávila. E o motorista fará sua parte. “Sempre que tiver material vou guardar para vocês”, disse aos alunos.

Com espírito empreendedor, os alunos planejam produto próprio. A professora Paula Sarmento antecipa que a idéia é fazer papel reciclagem para confecção de cartões de visitas, caixas de presentes, entre outros objetos. A “empresa” dos alunos também pretende fazer “papel semente”, um tipo de papel ecológico e artesanal, composto com sementes, que pode ser plantada. Paula esclarece que a receita com a venda do material reciclável é da escola, mas o comércio desses produtos a serem feitos será para o grupo dos alunos.

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