Sindilojas avalia impactos de uma redução de jornada

A proposta de emenda Constitucional tramita no Congresso

Em entrevista ao Ibiá, Marcos Roberto Azevedo da Silva, presidente do Sindilojas de Montenegro, abordou a proposta de emenda à Constituição que visa alterar a jornada de trabalho, destacando suas potenciais consequências para o setor de comércio e serviços. A proposta, que sugere a redução da carga horária para quatro dias de trabalho com três de folga, tem gerado debates acalorados entre empresários e trabalhadores.

Azevedo iniciou a conversa destacando que o comércio e o setor de serviços seriam os mais afetados pela mudança. Ele explicou que, atualmente, a jornada de seis por um não é obrigatória, mas sim flexível, permitindo que as empresas se adaptem às 44 horas semanais. A proposta de redução para 36 horas, segundo ele, poderia ser desastrosa para muitos negócios, especialmente àqueles que dependem de comissionamento e premiações para motivar seus funcionários.

O presidente do Sindilojas expressou preocupação com a viabilidade econômica da proposta, afirmando que muitas empresas não conseguiriam se adequar à nova realidade. “Ao invés de gerar mais empregos, a proposta pode matar empregos”, alertou. Ele explicou que, para sobreviver, as empresas teriam que reduzir comissionamentos e bônus, o que poderia desmotivar os trabalhadores e impactar negativamente o setor.

Azevedo também mencionou a dificuldade de negociação com sindicatos da região, citando exemplos de tentativas frustradas de acordos para abertura de lojas em domingos de Natal. Ele destacou que, embora a negociação com sindicatos seja possível, é um processo complicado e nem sempre bem-sucedido. “É difícil construir acordos que beneficiem ambas as partes”, afirmou.

Além disso, Azevedo expressou preocupação com o impacto econômico de uma possível aprovação desta emenda, ressaltando que muitos deputados que apoiam a proposta nunca empregaram ninguém, o que dificulta a compreensão das reais implicações para o setor. Ele também mencionou um estudo da Fecomércio que aponta uma diminuição na mão de obra devido ao aumento do Bolsa Família, que se tornou comparável ao salário mínimo, desestimulando a busca por empregos formais.

Outro situação que afeta os empreendedores é o grande número de feriados. Em um período de 21 dias, aqui em Montenegro, foram 4 feriados e apenas 14 dias úteis para o trabalho devido. Ele elogiou os avanços nas negociações com os Sindicomerciários, que permitiram a abertura em oito feriados anuais, mas reconheceu que ainda há muito a ser feito.

Celebrações mais modestas no Natal

Quanto às festividades de Natal, o presidente do Sindilojas revelou que, devido às enchentes e à dificuldade de captação de recursos, as celebrações deste ano serão mais modestas. A entidade planeja focar na decoração de uma árvore de Natal na praça, em parceria com a ACI, e promover a “Vitrine Premiada”, incentivando as lojas a decorarem suas vitrines para embelezar a cidade.

Marcos Azevedo encerrou a entrevista com um apelo aos empresários para que se unam e pressionem os deputados, mostrando a realidade do setor e a importância de uma articulação política eficaz. “Chega de ficar parado, aceitando cada vez mais imposições. Precisamos nos mobilizar e mostrar nossa força”, concluiu.

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