Mesmo diferentes, coragem e criatividade são fator comum entre os empreendedores
Entre janeiro de 2018 e janeiro de 2019, 1.098 empresas foram registradas em Montenegro. O dado foi levantado pela Empresômetro, uma empresa especializada em inteligência de negócios, a pedido do Jornal Ibiá. O número não chega a levar em conta a quantidade de empreendimentos fechados no período, mas comprova que, em um ano em que o País ainda caminhava a passos lentos na recuperação da crise econômica, muitos montenegrinos resolveram “dar a cara a tapa” e se tornarem empresários.
Cinco segmentos se destacaram, especialmente, no Município. Em primeiro, o ramo de vestuário, calçados e acessórios – desde o microempreendedor individual que faz venda porta a porta, até empresas maiores e mais estruturadas. Na sequência, aparecem os cabeleireiros; os empreendedores do ramo de construção em alvenaria; os bares e pubs; e os ambulantes que comercializam alimentos.
Para o diretor do Empresômetro, Otávio Amaral, a abertura de novos negócios deixa clara a mudança de perfil das pessoas. “Há uma mudança da postura do brasileiro quanto ao emprego e o risco de se tornar um empresário. Hoje são outros os objetivos de uma pessoa, entre eles o de obter uma renda melhor trabalhando com o que sabe fazer, ou seja, o comportamento de poucos, anos atrás, hoje é uma tendência”, destaca. E seja qual for a área, coragem, criatividade e proatividade estão entre as principais marcas destes novos empreendedores.
Que o diga a empresária Claudete Muniz da Rosa. Antes atuando no apoio administrativo da empresa do marido, com idas ao banco e auxílio em outros controles financeiros, hoje ela é dona de seu próprio salão na cidade, especializado em alongamento capilar. Aberto em 1º de dezembro de 2018, o Divine Lui – como é chamado – nasceu quando Claudete identificou uma carência no ramo em Montenegro. “É algo que eu sempre usava (o alongamento) por ter um cabelo muito fino, mas eu acabei parando porque precisava ir para fora da cidade para fazer. Foi isso que me fez pensar no salão”, conta a empresária.
A irmã dela já tinha um estabelecimento do tipo na Bahia há oito anos, então o que não faltou foi incentivo para o início do empreendimento na Cidade das Artes. Vencendo um problema de saúde em 2017, Claudete foi atrás de cursos e de parceiros até abrir seu salão, constituído como uma franquia gaúcha do negócio iniciado pela irmã. “As mulheres têm o direito de poder fazer em Montenegro um serviço de qualidade, com produtos de qualidade e com todo um carinho e atenção”, destaca. Ela conta que o salão é o único na região a utilizar a técnica de “nanopele” na aplicação dos fios.
Uma forma de pensar diferente para um negócio já tradicional
O comércio de roupas, calçados e acessórios foi o segmento que mais se destacou no último ano. Dentre os constituídos no período, está a loja Desce do Salto, uma iniciativa das sócias Nathani Andreghetto e Patrícia Oliveira. Elas usaram de suas experiências profissionais anteriores para introduzir um conceito diferenciado em um ramo já bastante competitivo dentro da cidade.
Como o nome sugere, a loja comercializa exclusivamente calçados baixos e de marca própria – os itens são montados pelas sócias e fabricados em terceirizadas –, sendo focada em oferecer, ao consumidor, produtos com valores acessíveis. “Eu já tive loja de calçados há anos, então, de experiência, eu sabia que os calçados baixos são tradicionalmente preferidos pelas mulheres no seu dia a dia”, relata Nathani.
Recém aberta, a empresa foi estruturada como modelo de franquia; e o plano de negócios é já ter os primeiros dois franqueados até setembro deste ano, com unidades nos municípios de Lajeado e de Cachoeira do Sul. O formato pequeno do estabelecimento – sem necessitar de uma grande estrutura operacional – é destacado como outro atrativo da marca.
Na “loja mãe”, o mês de outubro foi escolhido a dedo para a inauguração em Montenegro. As sócias buscavam aproveitar a animação “pré-festas de final de ano” para impulsionarem as vendas. Hoje, na expectativa pela futura coleção outono inverno, elas contam que vêm observando bons resultados para a empresa recém aberta. “A gente está se surpreendendo positivamente”, destaca Nathani. O estabelecimento gerou dois empregos diretos.
Pub reintroduz marca conhecida entre muitos montenegrinos
Os pubs têm sido a aposta de muitos empresários há alguns anos e, neste último, não foi diferente. Eles seguem como um dos segmentos mais procurados por potenciais empreendedores. “Dedé” Ferreira e Fábio Gallas abriram o deles em 25 de janeiro, há pouco mais de um mês. O diferencial é que eles chegam trazendo de volta uma marca já conhecida da comunidade. São eles os donos do Silver Pub, no Centro da cidade.
Por oito anos, o Silver foi uma danceteria no Município. O proprietário, Fábio Gallas, conta que muita gente, desde que o estabelecimento fechou em 2017, pedia sua volta. E foi em cima de uma ideia de Dedé que a sociedade foi firmada e o pub nasceu, trazendo o nome do antigo empreendimento com uma proposta diferente, que abriu vagas para seis funcionários.
“Eu morei anos em Porto Alegre e frequentava muito a Cidade Baixa”, conta Dedé. “E sempre procurei um espaço alternativo e onde eu chegasse e me sentisse em casa, sem ter um rótulo. Não é isso de ser só sertanejo, só LGBT, só funk, o que for. A ideia que iniciamos aqui é de ter um lugar em que, independentemente do teu estilo ou de com quem tu esteja, tu vai estar em casa”, coloca.
Os empresários contam que, na prática, não ter um segmento de público definido tem dado bastante certo e atraído a diferenciada clientela. O nome do Silver acabou sendo um atrativo à parte, levando os curiosos que “se criaram” na tradicional danceteria para conhecer o novo negócio e seus atrativos.