Junho é mês de fogueira, de dançar quadrilha e do padroeiro de Montenegro
Mal entra o mês de junho e você já se pega pensando nas festas temáticas, com pinhão, pipoca e maçã do amor. Mas você sabe de onde vem o costume de festejar o casamento na roça e dançar ao redor da fogueira?
Considerada hoje uma tradição católica e fortemente vinculada aos santos da igreja, a celebração junina tem muito de história, rituais pagãos e costumes antigos. A origem remonta a muito antes da Era Cristã e envolve cerimônias como o solstício de verão no Hemisfério Norte. Pode parecer tão distante – o local e a época – mas foi assim que tudo teve início. Os antigos habitantes dessa região, entre gregos, egípcios e celtas, costumavam festejar o dia mais comprido do ano e a noite mais curta com comida, bebida e celebrações à fertilidade.
O hábito foi incorporado aos costumes cristãos da Europa da Idade Média no período de evangelização. A partir de então, o festejo ganhou toda a importância religiosa que conhecemos atualmente.
Tradicionalmente, junho é muito bem recebido com balões, quadrilhas, bandeirinhas, comidas variadas, quentão, fogueira e encenação de casamentos. E mais ainda quando está perto o dia 24.
Baloes e simpatias para quase tudo
Mesmo não sendo tão forte na região Sul outro costume que marca os festejos juninos, é a soltura de balões. Apesar da beleza e das cores, eles oferecem riscos quando são liberados no céu, pois funcionam com fogo e podem causar graves incêndios. Apelos não faltam, nessa época do ano, para que as pessoas redobrem os cuidados com essa prática. Os balões representam agradecimento e preces a São João.
Vindo juntamente com a colonização portuguesa, outro hábito é o pau-de-sebo. Subir em um pedaço de tronco escorregadio, encerado com graxa, é um problema para os participantes das festas juninas. O desafio é alcançar o topo. E tem também as simpatias.
Simpatia da folha de louro
Objetivo: saber quais são as perspectivas de se ganhar dinheiro.
Como fazer: Providencie um ramo de louro. No dia 23 de junho, depois de passá-lo levemente pelo fogo, jogue-o sobre o telhado da sua casa. No dia seguinte, a depender de como esse se apresente, sua situação financeira vai melhorar ou haverá dificuldades nos próximos anos. Se o ramo de louro ainda estiver verde, isso é sinal de que a grana vai entrar, mas, se estiver retorcido, é bom tomar cuidado para não se encalacrar.
Simpatia do banho de São João
Objetivo: obter proteção e alegria.
Como fazer: Coloque cravos, folhas de alecrim e manjericão numa bacia com água e deixe lá por um tempo. No dia de São João, depois do banho normal, jogue a mistura no corpo, do pescoço para baixo, invocando a proteção do santo. Não se enxugue como de costume; passe a toalha somente para tirar o excesso de água.
Simpatia da bananeira
Objetivo: descobrir o nome do seu amor
Como fazer: Na noite de 23 para 24 de junho, enfie uma faca nova e nunca usada no caule de uma bananeira. Na manhã seguinte, retire-a de lá. Veja qual é a letra que ali aparecerá; esta será a inicial do nome do seu futuro amado ou amada.
Simpatia dos carvões
Objetivo: saber se vai encontrar o amor no mesmo ano
Como fazer: Coloque, numa bacia com água, dois pedaços de carvão de tamanhos diferentes. O primeiro pedaço colocado simboliza o ano presente, e o segundo pedaço, os anos vindouros. Deixe a bacia debaixo da sua cama e, no dia seguinte, observe qual dos dois pedaços boiará primeiro. Se o pedaço que foi posto primeiramente na bacia também for o primeiro a boiar, anime-se porque o amor não vai demorar a chegar na sua vida. Se ocorrer o inverso, tenha paciência para esperar, pelo menos, até o próximo ano.
Colonizadores trouxeram os habitos
Provavelmente nascido em 24 de junho, João Batista, filho de Isabel, prima de Maria, mãe de Jesus, é um dos principais santos celebrados em junho. Profeta que anunciou a vinda de Cristo, ele deu origem ao primeiro nome das festas, intituladas “festas joaninas”, em alusão ao seu nome.
Já a tradicional dança da Quadrilha, tem uma origem tão antiga quanto São João. Segundo historiadores, ela surgiu na Inglaterra e era da cultura camponesa. Chegou até a França e a Portugal, que trouxe seus costumes europeus durante a colonização. A celebração foi facilmente aceita por aqui e seu modo atual de ser dançada é em pares, com regras ditadas por um organizador.
Mas e as bandeirinhas? Elas eram utilizadas em ritos de “banhos santos” em que imagens de São João e outros santos eram utilizadas para a purificação através das águas – cachoeiras, rios e mares. A imersão na água as purificava. A origem delas é ibérica e chegaram até nossos povos também através dos portugueses.
Casamento
na roça
Uma encenação que não pode faltar nas celebrações regadas a quentão e bolo de milho é o conhecido “casamento na roça”. Com diferentes adaptações e diálogos, eles vêm de uma cultura interiorana do país. Hoje são celebrados com trajes caipiras, mas antigamente representavam o rito sério do sacramento. Em locais que não tinham padres, as cerimônias eram conduzidas por noivos, padrinhos e parentes, em roda da fogueira.