Com essa pergunta, alunos tribeiros da escola Delfina Dias Ferraz promoveram uma manhã de muito afeto a quem passava na Praça dos Ferroviários
Imagina você sair de casa para caminhar ou resolver algum problema e no meio do caminho se deparar com uma criança desconhecida te oferecendo um sorriso, abraço e doce. Qual seria sua reação? Foi o que fizeram os alunos voluntários da Tribos da Escola Estadual Delfina Dias Ferraz, em Montenegro.
Durante a manhã da última sexta-feira, 20, um grupo com 12 estudantes se reuniu na Praça dos Ferroviários com um só objetivo: abraçar quem estivesse passando para desejar um feliz Dia do Amigo, celebrado neste dia. Além da demonstração de afeto, um pirulito com uma mensagem foi entregue aos pedestres que aceitavam passar pela experiência.
Para a maioria das pessoas que passaram pelo local e abraçaram a iniciativa, foi uma grande surpresa, como conta a autônoma Silvana da Silva, 42, que recebeu o carinho do aluno Patrick Winter, 11. “Eu me surpreendi quando ele se ofereceu para me abraçar, isso foi muito bom, ainda mais quando vem de uma criança”, revela Silvana. “Estamos precisando de união, de coisas que aproximem para o bem e distanciem o preconceito que tanto a nossa sociedade enfrenta”.
A estudante Maria Eduarda Azevedo, 11, conta que é a primeira vez que participa de uma ação que proporciona essa troca de afetividade. “Estou gostando demais e quero contribuir mais vezes”, disse, destacando a importância de as escolas promoverem mais atividades externas e próximas da comunidade. “É legal poder demonstrar amor pelas pessoas e não ficar presa dentro da sala de aula”, ressaltou. Essa é a segunda vez que a escola celebra o Dia do Amigo, que ano passado ocorreu na Praça Rui Barbosa. A coordenadora da Tribos na escola Delfina, Clea Soares da Silva, comenta que a ideia é prosseguir com o projeto para os próximos anos, já que a participação dos estudantes é significativa. “Essa iniciativa surgiu a partir de uma demanda dos próprios alunos, que queriam algo mais dinâmico e diferente, então decidimos encarar essa atividade que tem sido bem recebido por eles”, completa a coordenadora. “O abraço é uma demonstração de puro amnor, que deve ser feito de maneira despretensiosa, e assim tem sido durante essa manhã”.
O casal Clarice Pilger, 62, e José Luiz Contri, 65, parabenizou os estudantes pela atitude e coragem. “A população precisa de carinho, e ao passar por aqui e receber esses abraços no deixou muito mais feliz, parabéns a todos os envolvidos”, disse Clarice.
Feliz Dia do Amigo
Durante a atividade do Dia do Amigo na Praça dos Ferroviários, não foram apenas os pedestres que ganharam abraço. Entre os estudantes e responsáveis pela iniciativa também houve troca de carinho e celebração da data. Para os alunos Patrick Winter e Genilson da Silva, ambos 11 anos, o momento era de confraternização. Há 4 anos, os dois são grandes amigos e dividem, além dos trabalho da escola, diversas histórias juntos, assim como as amigas Ana Clara Santos, 13, e Amanda Eduarda Ignácio, 11.
“É bom ter um amigo e poder contar com ele para tudo. Já aconteceu desentendimento entre nós, mas na verdade gostamos muito da nossa amizade que dura desde o 2º ano na escola”, declarou Silva, hoje no 6º ano.
Um gesto que emociona
Entre um abraço e outro, algumas pessoas que passaram pela Praça dos Ferroviários proporcionaram uma experiência profundamente humana aos alunos. Responsável pela atividade, Clea Soares dos Santos, comentou sobre uma senhora que se emocionou quando foi abraçada. “Quando ela recebeu o abraço, começou a chorar e isso tocou todos nós”,.
A aluna Ana Clara Santos, 13, explica que a sociedade precisa ter mais empatia. “Às vezes as pessoas só precisam de um simples toque de carinho, não é muito, isso é o mínimo que podemos dar”, disse Ana.
Nem todos entenderam
Muitos alunos relataram que alguns pedestres se recusaram a receber tanto o abraço quanto o pirulito com a mensagem de celebração ao Dia do Amigo. Em outros casos, pessoas ofereceram dinheiro em troca do gesto, o que acabou despertando um senso crítico dos estudantes. A aluna tribeira Maria Eduarda Azevedo, comenta que se incomodou com a situação, porém, isso só ressaltou a importância da atividade.
“É estranho você pedir para abraçar alguém e ela te oferecer dinheiro, mas não deixamos de demonstrar nosso carinho e vamos continuar passando nossa mensagem de amor ao próximo”, completou.
A coordenadora da ONG Tribos Parceiros Voluntários em Motenegro, Hedi Thomsen, destacou a importância da atividade no atual cenário que a sociedade atravessa. “O ser humano precisa de afeto, e não só de coisas materiais, por isso desenvolvemos essa ação, buscando proporcionar uma troca de carinho entre as pessoas fora do mundo virtual”, comemorou a coordenadora.