FEIRA Livre é o povo ocupando os espaços públicos e fortalecendo sua economia
A manhã do último sábado, 26, marca o nascimento de um espaço de compras, lazer, encontros e pertencimento, que deve colocar Montenegro no centro do turismo regional. No cenário histórico do Cais do Porto das Laranjeiras aconteceu 1ª edição da Feira Livre no Cais, retomando a tradição das vendas de produtores rurais e artesãos nas ruas de Montenegro.
O diretor de turismo, Jaime Büttenbender, teve a iniciativa a partir da lembrança do atual secretário de Desenvolvimento Rural, Vladimir Gonzaga, que, quando vereador suplente, aprovou a lei de criação de uma “multifeira” no espaço público. Na estreia o diretor já projetou a ampliação no número de bancas e na variedade de produtos, com comerciantes de outras cidades do Vale. Büttenbender pretende ainda que o evento mensal estenda-se pelo largo do Rio Caí e entorno da Câmara de Vereadores.

Entre precursores da Feira Livre estão o Coletivo Empreendedoras Negras e Brique da Estação. A convidada “de fora” é vizinha e habitual nas feiras, Iolenize Krein, 67 anos, que de Pareci Novo traz o Linhas do Tempo. Sua iniciativa é um resgate sustentável orgânico de plantas antigas e nativas. “Principalmente aquelas cultivadas pelos alemães”, explica.
O espaço teve ainda estreias, como do casal Vilimar e Eloá Bos, 60 e 56 anos, que oferecem alimentos cultivados sem veneno na comunidade de Rua Nova. Ele explica que se limita à aplicação de biofertilizantes para fortalecimento do solo, como Manganês e Fosfato. A produção de olericultura em 5 hectares (há) era vendida direta em mercados de Canoas, e agora foram convidados a venderem em sua comunidade. “Há um mês estamos na Casa do Produtor”, comenta Eloá.
Novidades saudáveis e inspiradoras

A Feira Livre teve ainda uma grata revelação através do Sítio Maho Magia. Marcelo Pereira e Rosângela Fontana, ambos 56 anos, também trarão alimentos orgânicos da Rua Nova, todavia cultivados no sustentável sistema Agrofloresta de Sucessão de Biodiversa. Este é um sistema que retoma a harmonia nativa na terra, com frutas, hortaliças, legumes e mais, cultivados entre árvores nativas.
O casal tem uma daquelas histórias “largar tudo e ir pro campo”, quando, há 20 anos, deixarem pra trás as vidas de funcionária pública federal e representante comercial na Capital. “Em Porto Alegre tu é prisioneiro dentro da tua casa e do teu carro”, ilustra Marcelo. Cativados por Montenegro e sob influência do lendário Ernest Goesth (suíço que recuperou 240 ha de mata degradada na Bahia) compraram um sítio de 17 ha.
O solo estava degradado por anos de monocultura de mato para corte, colocando alguns desafios aos agricultores iniciantes. A conexão com a natureza desenvolvida pela prática do surfe foi muito importante para persistirem, mas a busca de conhecimento foi decisiva. Já são 20 anos de Permacultura para restabelecer o ciclo reprodutivo, e há 7 anos frutificam 2 há de agrofloresta; que agora Rô e Marcelo pretende abrir para visitação e educação ecológica.
