Triunfo e Montenegro buscam acordo para organizar as divisas

Em clima amistoso, prefeitos vão buscar soluções na Assembleia Gaúcha

O prefeito Valdair Gabriel Kuhn, de Triunfo, esteve no Palácio Rio Branco para discutir, com Carlos Eduardo Müller, as divisas entre as cidades e os problemas que enfrentam os moradores das zonas limítrofes. A questão foi levantada pelo gabinete da vereadora Josi Paz (PSB), que se deparou com diversas queixas entre moradores de Vendinha e Rua Nova. Por agora pertencerem a Montenegro, eles não conseguem acessar aserviços de Saúde e de Educação oferecidos por Triunfo, perto de suas casas.

“Fui conselheira tutelar e acompanhei diversos casos em que as pessoas tinham que sair da sua comunidade para buscar ajuda na cidade, quando poderiam faze isso pertinho de suas casas. Este ano, demos início a essa aproximação”, aponta Josi.

Em clima amistoso, os prefeitos vão buscar soluções junto à Assembleia Legislativa gaúcha para determinar os limites entre as duas cidades, que no passado eram separadas pela estrada por onde hoje passa a BR 386. Segundo o IBGE, a divisa entre os municípios de Triunfo e Montenegro, desde o último senso, em 2014, não é mais a rodovia ou qualquer outra antiga estrada na localidade de Vendinha. Agora a referência é o Arroio Bom Jardim. Desta forma localidades inteiras que sempre foram consideradas Triunfo passam a ser de Montenegro, como Fazenda Quadros, Vendinha e grande parte de Benfica, Tapera Queimada e Fortaleza.

A ideia é fazer um termo de cooperação, tanto para reestabelecer os limites antigos, quanto para dar acesso a serviços públicos para os moradores de ambos os lados da divisa.

Dificuldade é maior na área da Saúde

Moradora da Rua Nova, Josiane Inácio aponta a precariedade dos serviços no lado montenegrino e as dificuldades para o acesso à escola e posto de saúde de Triunfo

Quem mora na Rua Nova, por exemplo, do lado montenegrino, não pode usar o posto de saúde instalado a poucos metros de casa, mas em território triunfense. A dona de casa Josiane Fecca Inácio mora na comunidade há quase 30 anos e vive os problemas na pele.

A unidade médica é bem próxima das casas, mas os montenegrinos não conseguem consultar. Aqueles que obtiveram atendimento deram o endereço de amigos que moram no território triunfense. Já no caso de encaminhamento para exames, há mais transtornos. “Montenegro não aceita a requisição médica obtida em Triunfo. Por outro lado, para nós que moramos no interior, o agendamento de consultas em Montenegro também é bem difícil, por causa dos horários e da distância”, explica a dona de casa.

Outra dificuldade é matricular os filhos na Escola Gonçalves Dias, que fica na Vendinha, bem perto de sua casa, mas em área que pertence ao município vizinho. “Ou conseguimos um comprovante (conta de luz) de algum amigo que mora na parte de Triunfo, ou a criança não é matriculada”, desabafa. Alguns estudantes se obrigam a estudar em Montenegro, mas aí dependem de ônibus todos os dias em um longo trajeto, o que ela considera muito caro, cansativo e, ainda por cima, também perigoso.

Na Vendinha, há casos de cooperação mútua
Na vendinha, onde moram mais de 400 montenegrinos, o presidente da associação dos moradores, Marco de Quadros, diz que a situação é complicada. O lado de Triunfo possui uma infra-estrutura maior, com escolas e postos de saúde, mas com acesso só para quem é de lá. “Ao menos o ginásio do lado deles é para uso coletivo”, aponta Marco.

Pessoalmente Marco é um exemplo de que a integração pode ser benéfica. “Eu sofri uma parada cardíaca e o pessoal de Triunfo me acolheu nesse momento. Se tivesse que ir a Montenegro, não daria tempo de me salvar”, aponta o idoso, que também frequenta o grupo de hipertensos do posto de saúde da cidade vizinha. “Seria bom que esses serviços fossem estendidos a todos”, avalia.

president e da Associação dos Moradores da Vendinha, Marco de Quadros, aponta para a necessidade de acordo entre as cidades

Sobre a possibilidade de acordo entre as prefeituras para sanar esses problemas e fazer com que todos os moradores dessas localidades desfrutem de creches, escolas e postos de saúde independente de onde mora, tanto Marco, da Vendinha, quanto Josiane, da Rua Nova, se mostram otimistas. “Se esse termo de cooperação se concretizar, será ótimo pra todos os montenegrinos que moram em localidades próximas à divisa com Triunfo”, aponta Josiane. “Pessoalmente, não conheço o prefeito Kadu, mas soube que é um homem de boa vontade. Torcemos para que o acordo prevaleça em favor da comunidade”, destaca Marco.

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