Adquirir lanches rápidos em caminhões e vans ficou mais comum nos últimos tempos no comércio montenegrino
Ficou mais comum, nos últimos tempos, sentir o clássico cheiro de lanche quentinho pelas ruas do centro de Montenegro. A aparição dos populares food trucks trouxe um novo estilo de alimentação para a população. Ônibus, kombis, trailers e outros veículos estão nas vias durante o dia e, principalmente, à noite, exercitando um novo modelo de negócio.
Os cardápios destes novos empreendedores são incrementados, com dezenas de sabores, temperos, tamanhos e tipos de lanches. As opções gastronômicas caíram no gosto do povo e agradam até os mais exigentes. Há quem venha de longe, depois de receber um convite dos amigos, para provar as receitas.
Segundo a responsável pela Vigilância Sanitária do município, Silvana Schons, o licenciamento destes empreendimentos tem como base o decreto municipal 7.279 de 30 de dezembro de 2016. É o mesmo documento utilizado para licenciar o comércio ambulante de alimentos, tendo em vista os dois modelos de negócio possuírem as mesmas características. Portanto, devem cumprir as mesmas exigências quanto à legislação sanitária.
Em relação aos veículos em dia com as autorizações, em processo de licença ou de renovação de alvará sanitário, tramitam no setor de vigilância sanitária, em média, 20 processos ao ano. Isso prova que há um número significativo de pessoas que ganham seu sustento a partir deste tipo de trabalho.
Um hambúrguer Macanudo
É bem sugestivo o nome estampado na Kombi em formato de food truck, na rua Ramiro Barcelos. Um hambúrguer bem “macanudo” é feito por Marlon Lopes e Simone Führ, com um sabor forte e campeiro, no legítimo estilo gaúcho. O casal juntou a paixão pela cozinha, o fato de ser um investimento mais em conta e montou o próprio negócio.
Os dois também começaram em um trailer, mas um veículo adaptado e estilizado seria mais prático. O cardápio também deveria ser diferente e fora do tradicional. “Quando morávamos em Bento Gonçalves, pesquisamos, em várias hamburguerias, os melhores sabores e tipos do lanche”, afirma Lopes. Uma pesquisa de mercado foi feita para avaliar o público e o que Montenegro já oferecia no setor alimentício. “Aqui não tinha nada relacionado aos hambúrgueres gourmet de rua, então achamos que seria algo diferente”, revela.
O casal fez um cadastro como Micro Empreendedor Individual e o processo de regularização na Prefeitura. Há quase três meses no centro, novos clientes aparecem e outros já estão fidelizados. “Muita gente chega por curiosidade. Alguns acham que é cachorro-quente, mas gostam bastante da novidade”, conta Simone.
São seis diferentes hambúrgueres feitos com carne bovina, frango ou ovelha. Os sabores surgem a partir de uma variada combinação de ingredientes. Quanto ao nome Macanudo, ele veio após muitas sugestões. “É um gíria gaúcha que quer dizer algo muito bom, uma palavra forte”, revela Simone. Os pratos podem ser saboreados de terça a domingo, das 19h às 23h.
A história dos lanches de rua
Ainda no século XIX, era comum, nas ruas pobres dos Estados Unidos, carroças vendendo tortas e sanduíches baratos para trabalhadores do subúrbio. Após a Segunda Guerra, surgiu o caminhão-almoço, pois a periferia estava se desenvolvendo e os trabalhadores precisavam de refeições em locais afastados dos restaurantes, abrindo espaço aos caminhões.
Em 2008, com a crise econômica americana e a consequente quebra de muitos restaurantes, este modelo de negócio – Food Trucks – começou a ganhar espaço. Porém, a venda de pasteis e hot dog nas ruas das cidades já era moda e fazia parte da cultura do Brasil no final do século passado. Montenegro, por exemplo, tinha algumas towners que comercializavam produtos do tipo. No Brasil, a invasão dos Food Trucks iniciou massivamente em 2014
Muitas opções
Andando pela cidade, o consumidor encontra dezenas de opções de alimentos nos Food Trucks, como cachorros-quentes, churros, crepes, espetinhos de carnes, hambúrgueres, panchos, pastéis e outras delícias. Os preços variam de R$ 5,00 a R$ 25,00.
O primeiro food bus de Montenegro
Um dos ambientes mais diferenciados para saborear comida de rua é o ônibus Mega Lanches, na Praça dos Ferroviários. Há cerca de um ano no local, já coleciona clientes que são fiéis à qualidade e as mais de 30mopções do cardápio.
Segundo a atendente do empreendimento, Liane Azevedo, o negócio começou pequeno, em uma garagem no bairro Cinco de Maio. Necessitando mudanças, surgiu a iniciativa de fabricar os alimentos em um trailer, o qual foi legalizado e ficou pequeno para o grande número de pessoas que o frequentavam. “Meu filho viu um modelo de ônibus lanchonete em São Sepé (na região das Missões) e decidimos montar algo parecido aqui em Montenegro”, revela.
A proprietária, Jenifer Silveira, aposta no sabor caseiro, em um atendimento diferenciado e no preço acessível para conquistar novos clientes e manter os antigos. “Com a estrutura que temos hoje, oferecemos mais conforto para quem compra aqui. Por isso, disponibilizamos cadeiras e mesas dentro e fora do ônibus, temos câmeras de segurança em todo o ambiente e uma televisão”, afirma Liane.
O negócio era para ser algo voltado aos mais humildes, mas se tornou ponto de parada de todas as classes sociais. “Seja pobre ou rico, o atendimento é igual para todos. Todos aqui trabalham com simplicidade, propondo algo fora do habitual”, afirma o colaborador José Ademar Kleringe. Já está pequeno o espaço do ônibus para atender a demanda e, por isso, cogita-se a compra de outro veículo.
Todas as normas de vigilância são obedecidas e os alvarás estão em dia. Conforme Liane, os funcionários que manipulam os alimentos fizeram cursos específicos para a área. Além disso, é paga uma taxa para o recolhimento do óleo de cozinha, o qual é destinado e coletado por uma empresa especializada. O funcionamento do food bus acontece de terças a domingos, a partir das 19 horas.
As dificuldades de empreender na rua
Segundo os proprietários do Macanudo, o investimento foi um pouco pesado e o retorno vai demorar algum tempo para vir. No entanto, apostam em eventos na região para divulgar o trabalho e conseguir alavancar as vendas. “Nos dias de chuva e frio, o movimento diminui, mas não podemos parar de trabalhar”, diz Marlon.
Outro desconforto que sentem é a não liberação de um ponto de luz para o funcionamento dos equipamentos da Kombi food truck. Conforme Marlon, a Prefeitura diz que ambulante não tem direito de acesso à energia elétrica. “Acredito que poderiam ser flexíveis ou até mesmo criar um espaço estruturado onde todos os food trucks da cidade possam estar reunidos”, aponta o empresário.