Conjunto de obras do artista Fabrízio Rodrigues é carregado de questões de gêneros, oportunizando à reflexão
Esta semana uma polêmica envolvendo a exposição artística “Queermuseu- cartografias da diferença na arte da brasileira”, no Santander Cultural, em Porto Alegre, ganhou repercussão internacional. Depois de protestos de movimentos como o Movimento Brasil Livre (MBL) e de religiosos, a mostra, com obras de célebres artistas como Cândido Portinari, Alfredo Volpi e Fernando Baril, foi cancelada, após quase um mês em cartaz. Os manifestos vinham principalmente de quem entendia que os trabalhos refletiam negativamente, com apologia à zoofilia e pedofilia, além de blasfêmia contra símbolos religiosos, enfaticamente negados pelo promotor da Infância e da Juventude de Porto Alegre, Julio Almeida, após visitar a exposição. Com 270 peças assinadas por 85 artistas, a Queermuseu traz como conteúdo a diversidade e as questões LGBT.
Em Montenegro, muito diferentemente do que aconteceu a aproximadamente 60 km, na capital gaúcha, a Fundarte abraçou a diversidade e os questionamentos artísticos nas obras da exposição “Quando me desloco eu costuro a cidade”, do artista plástico Fabrízio Rodrigues. Com estética queer, camp e kitsh, o conjunto de obras, carregado de questões de gênero, está exposto na Galeria de Arte Loide Schwambach.
“A instituição preservou a função de uma galeria de artes, que é expor as produções, sendo um espaço artístico laico. Respeitou e deixou que prevalecesse a atitude artística, firme no seu posicionamento de que questões de gênero, identidade e comportamento devem, sim, ser discutidas e questionadas dentro desses espaços”, destaca.
Fabrízio, que é mestrando em artes visuais dentro do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal de Pelotas, destaca que esse é mesmo o papel da arte; o de questionar. “A arte não te responde; ela pergunta. Tem a função não somente decorativa, mas social”, enfatiza.
Destacando a importância de respeitar as obras e seu conteúdo, ele relata que alguns dos seus trabalhos, como o que traz o escrito “Fora Temer”, causaram descontentamento em algumas pessoas. “E mesmo assim a exposição continua aberta! Numa cidade do interior, a Fundarte, instituição séria, não fechou as portas da sua galeria de arte e deixou o trabalho artístico aflorar ”, conclui.