Porteiras. Elas enfrentam o machismo e mostram que são capazes de encarar mais essa profissão dominada por eles
Parece até mentira, mas diversas profissões, ainda hoje, são ocupadas majoritariamente por homens. Contudo, muitas mulheres resolvem enfrentar o preconceito, disputam uma vaga e mostram que, sim, são tão capazes quanto eles.
As porteiras Silvane de Souza Castro, 29 anos, e Sirlei Terezinha Graeff Feistler, 35 anos, quebram estereótipos e se revezam, entre dia sim e dia não, na portaria do Residencial Erico Veríssimo, onde moram mais de 140 famílias.
Atuando no diurno, elas tiveram sua estreia na ocupação há pouco tempo e destacam ser melhor impossível. Sirlei conta que, no início, apenas cobria, temporariamente, as férias de outro funcionário. Com as funções realizadas sempre com competência e responsabilidade, no período de recesso do colega, agradou aos moradores e acabou ficando como porteira do residencial, isso há três meses. A nova fase, arriscando em uma carreira diferente, deixou para trás a vida na lavoura, onde trabalhava entre as bergamotas.
“No meu ver estão dando uma chance para as mulheres. E é uma forma de valorização. E muitas vezes somos mais capazes do que os homens. Mais ativas, com pulso firme, nos dedicamos mais”, defende Sirlei.
Ela conta estar realizada com todas as funções que exerce no residencial, que inclui verificar placas de veículos visitantes que entram e saem do condomínio, além de receber correspondências e encomendas e monitorar as câmeras.
“E nunca tive problemas em ser uma mulher realizando essas tarefas. A não ser ouvir alguns homens falarem que nós não temos tanta capacidade de trabalharmos em portaria. Mas provamos, na prática, que temos até mais do que eles”, salienta.
Sirlei ainda ressalta que atuar seja em portaria ou posto de gasolina, por exemplo, dá uma abertura ao público feminino. “Antes não tínhamos vez, eram só eles. E a ideia de contratar mulheres foi de um morador, porque não havia tido nenhuma até então. E as pessoas tem gostado do que está sendo feito por mim e pela Silvane. Se depender de mim, quero me aposentar aqui”, pontua.
“Com certeza podemos fazer”
Já Silvane, antes de começar na portaria, há um mês, foi vigilante por dois anos. Ela conseguiu a vaga por indicação de uma amiga. “Estou satisfeita, principalmente em saber que as pessoas estão gostando do serviço. Depois que fomos contratadas, soubemos que não têm mais as reclamações que tinha”, conta.
Como atua no sistema um dia sim e um dia não, das 7h às 19h, frisa que os rendimentos também são atraentes, já que trabalha 15 dias no mês.
Ela também conta que nunca sofreu nenhum tipo de discriminação por estar à frente de uma portaria. “Com certeza podemos fazer o mesmo que os homens. A área é muito tranquila; pretendo ficar por muito tempo”, termina.