Rua Bruno de Andrade: tráfego intenso, dificuldades e a urgência de soluções

Pedestres, comerciantes e motoristas pedem melhorias na trafegabilidade da rua, na Timbaúva

Uma das vias mais movimentadas do bairro Timbaúva, a rua Bruno de Andrade tem sido alvo constante de reclamações por parte de moradores, comerciantes, motoristas e frequentadores da região. Estreita, com mão dupla e estacionamento liberado nos dois lados, a rua concentra grande parte do comércio local, o que agrava os congestionamentos, especialmente nos horários de pico. A situação dificulta a mobilidade, compromete a segurança e levanta questionamentos sobre a necessidade de mudanças estruturais no trânsito do bairro.

Pela via passam diariamente ônibus do transporte coletivo, caminhões de carga e moradores que dependem da via para suas atividades. A rua também é rota escolar, o que intensifica o fluxo no início da manhã e no final da tarde. A concentração de comércios é um fator positivo para a economia local, mas sem uma organização adequada do trânsito, o que deveria ser uma vantagem acaba se tornando mais um fator de complicação.

Pela via também passam ônibus do transporte público em vários momentos do dia

Pedestres e ciclistas: vulnerabilidade constante

Quem se desloca a pé ou de bicicleta pela rua também encontra desafios. Vítor Gleber, morador da Timbaúva, aponta a dificuldade para atravessar a via. “Tenho problema nas pernas, sou cardíaco. Às vezes estou na faixa de segurança e o motorista simplesmente não para. É muito complicado para pedestre aqui”, relata. Ele também destaca a falta de presença da Brigada Militar para fiscalização como um fator agravante para a sensação de insegurança.

Outro morador da região, Nereu Binger, costuma circular de bicicleta. Para ele, a falta de respeito dos motoristas é o maior problema. “Agora tá muito movimentado e os carros não respeitam as bicicletas. Fica difícil até para nós pedalarmos com segurança”, afirma. Assim como os comerciantes, ele acredita que uma mão única ou a restrição do estacionamento para apenas um dos lados da rua ajudaria a melhorar a circulação.

Há quem enxergue a situação da rua Bruno de Andrade como reflexo de um hábito enraizado. Robson Nunes Moreira, morador da esquina do Clube Grêmio Gaúcho, diz que a escolha da via como principal corredor de deslocamento dentro do bairro é, também, uma questão cultural. “O pessoal que mora perto do Cantegril, por exemplo, insiste em passar por aqui mesmo tendo a Via II, que é mais rápida e mais adequada. E muitos não respeitam nem a sinaleira perto do Grêmio Gaúcho”, comenta. Para ele, tornar a rua mão única já deveria ter sido feito há muito tempo, como forma de forçar a reorganização da circulação interna da Timbaúva.

Ciclistas dividem espaço com motoristas na rua Bruno de Andrade

Estacionamento: vilão ou vítima da má estrutura?

“Cinco, seis horas da tarde, já fica meio que intransitável”, comenta Guilherme da Rocha, proprietário de uma loja de roupas na rua. Para ele, o alto fluxo de veículos, especialmente caminhões e ônibus que circulam e fazem entregas, trava o trânsito e dificulta ainda mais o estacionamento. “O prejuízo maior não é para o comércio em si, que continua com movimento. O problema é para os motoristas, que acabam batendo retrovisores, ou até raspando os carros por causa do espaço apertado”, explica.

Guilherme sugere que uma solução viável seria transformar a rua em mão única ou ao menos restringir o estacionamento para apenas um lado. Segundo ele, essas ideias ainda não foram levadas formalmente à Prefeitura, mas ganham força entre os comerciantes locais.

A opinião é compartilhada por Ana Beatriz Ventura Fachini, proprietária de uma loja de móveis na via. “Mesmo com quebra-mola, os carros não diminuem a velocidade. E nos horários de pico, como a saída das escolas, estacionar aqui é quase impossível”, afirma. Ana Beatriz também considera uma via de sentido único ou estacionamento unilateral como possíveis saídas para o problema.

Já Maria Tereza Motta, também comerciante de roupas, vai além. “Aqui a trafegabilidade é péssima. Toda hora tem acidente, principalmente com motos. Precisamos de uma sinaleira ou de mais quebra-molas. Está perigoso demais”, afirma. Segundo ela, muitos motoristas ainda utilizam a Bruno de Andrade como principal via de passagem para outros bairros, mesmo com alternativas mais ágeis nas imediações.

Passagem de caminhões é proibida na via
Passagem de caminhões é proibida na via, mas medida não é cumprida por motoristas

A visão de quem vive a rotina no volante

A motorista Juliana Thaís Lopes de Souza Azevedo, moradora do bairro Timbaúva, vive na prática os desafios enfrentados por quem precisa circular pela rua Bruno de Andrade. “Tem dias que é bem complicado… Às vezes, para atravessar a rua em frente ao mercado, eu espero de 3 a 5 minutos, porque o fluxo é intenso, com caminhões, carros e pedestres ao mesmo tempo”, relata. Para Juliana, mesmo com a instalação recente de uma travessia elevada, o comportamento dos condutores ainda compromete a segurança. “Dá uma certa segurança, mas mesmo assim tem carros que não respeitam”, comenta.

Questionada sobre o impacto das linhas de ônibus no trânsito local, ela afirma que, por não utilizar o transporte coletivo com frequência, não sente impacto direto. No entanto, reconhece que o trânsito nos horários de pico acaba ficando mais trancado devido aos coletivos. Ela também relata dificuldade para achar vagas de estacionamento nos horários de maior movimento. “Tem momentos que tu não consegue achar vaga. Eu, que moro aqui, muitas vezes prefiro vir a pé, porque de carro fica meio intransitável”, desabafa.

Sobre soluções possíveis, Juliana acredita que além de medidas estruturais, é urgente uma mudança de comportamento por parte dos motoristas. “Mais prudência e cuidado. Todo mundo tem pressa, todo mundo quer correr. Falta respeito, principalmente com as motos e entregadores, que cortam a frente dos carros… É bem complicado às vezes”, finaliza.

Bruno deve ter velocidade reduzida para 30km/h

As dificuldades de mobilidade enfrentadas diariamente por motoristas e pedestres na rua Bruno de Andrade, na Timbaúva, são pauta constante de debates entre moradores e comerciantes da região. Mas o assunto também está sendo tratado dentro da Diretoria de Transporte e Trânsito do Município de Montenegro. Em entrevista ao Ibiá, o diretor Paulo Tempass Júnior esclareceu quais medidas já foram pensadas e quais são os próximos passos para tornar a via mais segura e fluida.

“Na verdade, sempre ele (o problema da Bruno de Andrade) é debatido”, garante Tempass. “Todas as vias que têm um grande movimento na cidade de Montenegro a gente debate: a Bruno de Andrade, a Via II, a Buarque de Macedo… Todas essas ruas com um fluxo grande de veículos entram em conversa, em análise, pra ver o que pode ser melhorado”, pontua.

Segundo o diretor, a situação da Bruno de Andrade tem sido tratada com prioridade desde o início da atual gestão. A via está, inclusive, entre os principais focos do Plano de Mobilidade Urbana do Município. O documento, que tem 690 páginas e validade de 10 anos, foi elaborado com base em estudos técnicos de engenharia e contempla diversas propostas específicas para a região da Timbaúva.

Paulo Tempass Júnior, diretor de Transporte e Trânsito
Paulo Tempass Júnior, diretor de Transporte e Trânsito do Município

“A Bruno de Andrade aparece em 102 páginas do plano”, relata Tempass. “Isso mostra o quanto ela precisa ser tocada”, declara. Uma das ações propostas é transformar o trecho central da rua em uma “zona 30”, ou seja, com limite de velocidade reduzido para 30km/h. “A ideia é implementar isso tanto no Centro quanto naquela região da Timbaúva, para aumentar a segurança dos pedestres e também melhorar a fluidez”, diz.

Comerciantes da rua chegaram a sugerir alterações como o estacionamento em apenas um lado da pista ou até a adoção de mão única. Sobre essas possibilidades, o diretor de trânsito explica que elas não estão descartadas, mas que dependem de estudos específicos. “Não se pode tomar uma decisão dessas sem respaldo técnico. Isso já foi tentado em gestões anteriores, mas não foi algo baseado em engenharia.

Agora, se formos implantar algo assim, será com testes e estudos prévios. O próprio Plano de Mobilidade indica, salvo engano, a proibição de estacionamento em um dos lados da via”, comenta.

Outro problema crônico enfrentado por moradores da Timbaúva é o tráfego de veículos pesados na Bruno de Andrade. De acordo com Tempass, a circulação de caminhões já é proibida na via, mas falta fiscalização efetiva. “Temos inclusive placas de proibição que foram arrancadas por vandalismo, mas que já estão prontas para serem recolocadas”, afirma. A fiscalização, por enquanto, é responsabilidade da Brigada Militar. “Assim que a Guarda Municipal começar a atuar no trânsito, teremos maior presença para garantir que essa proibição seja respeitada”, pontua.

Quanto à circulação de ônibus, o diretor esclarece que, por se tratar de transporte público, ela ainda é permitida. Mas uma reavaliação da rota não está fora de cogitação. “Pode ser que, futuramente, pensemos em retirar o transporte público da Bruno e centralizar na Mário Inácio e na Via II. Ainda não foi discutido formalmente, mas é uma possibilidade”, afirma.

O plano de mobilidade, destaca Tempass, é uma espécie de guia para o departamento, e já foi apreciado pelos Conselhos Municipais de Trânsito e do Plano Diretor. O próximo passo é a votação na Câmara de Vereadores para que o documento se transforme em lei. “Estamos usando ele como uma bengala, porque foi feito por uma equipe especializada, com estudos que envolvem toda a cidade. A partir desse documento, a gente se apoia para implementar as mudanças de maneira segura e eficiente”, diz.

Veículos, ciclistas e pedestres dividem espaço
Veículos, ciclistas e pedestres dividem espaço na rua Bruno de Andrade

Conselho de Trânsito terá recomposição
A atuação do Conselho Municipal de Trânsito segue sendo importante ferramenta para dar voz às demandas da comunidade. O atual Conselho teve seu mandato encerrado no último dia 4 de maio, e agora o Município está em processo de renovação. “São 16 entidades envolvidas, como Brigada Militar, Polícia Civil e associações de bairros, que indicam seus representantes. Depois disso, o Prefeito convoca uma reunião, onde é feita a eleição de presidente, vice e secretário”, explica Tempass. “Assim que esse novo conselho estiver ativo, poderemos retomar os trabalhos com força total”, finaliza.

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