Nova versão do Plano de Mobilidade Urbana propõe mudanças como a retirada do calçadão e amplia sentido único em vias

A Mobilidade Urbana em Montenegro foi tema da 11ª edição do programa “Prefeito tá On”. O vice-prefeito Cristiano Braatz representou o Prefeito Gustavo Zanatta, que estava cumprindo agenda na FAMURS. Cristiano esteve acompanhado da arquiteta e urbanista Letícia Tonietto e pelo engenheiro Daniel Vargas de Oliveira.

Durante o programa, foi abordado o Plano de Mobilidade Urbana do Município. Letícia Tonietto relembrou que em novembro de 2023 ocorreu a primeira audiência pública, onde a empresa contratada apresentou o trabalho desenvolvido desde janeiro daquele ano. Na primeira exposição, a arquiteta representante da empresa apresentou as ideias e sugestões para o projeto. Entre as propostas do Plano, a construção de um calçadão gerou polêmica, sendo mal aceita por grupos de comerciantes e parte da população.

A arquiteta Leticia destacou que no Plano de Mobilidade, não se pensa apenas em trechos específicos, mas sim em uma malha viária que envolve a interação de diversos modais que devem estar coerentes entre si. “Diante da controvérsia em torno do calçadão, a empresa responsável apresentou uma nova proposta que não contempla essa intervenção na Rua Ramiro Barcelos. A intenção inicial não era implementar o calçadão em toda a extensão da via, mas sim em um trecho específico que incorporaria a área da praça, mas parece que muitas pessoas não entenderam isso”, explicou.

Conforme a arquiteta, foram realizadas reuniões com representantes do Sindilojas e ACI, entre outros, para apresentar cada item do plano e esclarecer todas as intervenções propostas. A nova ideia da empresa prevê a continuidade de sentido único na Rua Fernando Ferrari, que passa em frente à Escola Sinodal Progresso, até a rua Bento Gonçalves. As ruas Santos Dumont e Osvaldo Aranha, se tornarão sentido único nas quadras da Rua João Pessoa até a esquina com a rua Apolinário de Morais.

Quanto à Coronel Álvaro de Morais, considerando o tombamento do Cais do Porto, foi solicitado à empresa uma atenção especial. Para preservar o Cais, veículos pesados ou de transporte público não seriam interessantes na região, sendo orientada a pavimentação da Rua Otaviano Moojem para que a rota de ônibus passe por lá.
Também foi abordada a possibilidade de a suspensão do calçadão influenciar no projeto da rua coberta. O vice-prefeito esclareceu que a decisão de não ter calçadão não afetará o projeto da rua coberta.

Segundo ele, a implantação da Rua Coberta não apenas embelezará o trecho da Praça Rui Barbosa, como também resolverá questões como a necessidade de aluguel de cobertura para eventos. Além disso, representa uma forma de trazer uma nova identidade para a cidade. O projeto foi elaborado por Edson Machado, o mesmo arquiteto responsável pela Rua Coberta em Nova Petrópolis, conhecida por encantar a todos que a visitam.

As alterações no Plano de Mobilidade devem ser concluídas até março. O material será recebido pelo grupo de trabalho responsável por sua análise e posteriormente deve encaminhado para a Câmara Municipal. Na sequência, o Legislativo deve promover a segunda Audiência Pública para apresentação à comunidade; a primeira foi organizada pelo Executivo, no ano passado.

Há pedidos da população para estender o estacionamento rotativo, especialmente em áreas próximas ao HM

Mobilidade Urbana e Plano Diretor
Sobre estratégias para conter a urbanização esparsa e o aumento das distâncias interurbanas, questionamento feito po Frederico Müller, morador do bairro Ferroviário, o engenheiro Daniel explicou que o assunto é diferente do Plano de Mobilidade Urbana. Ele destacou que se trata do parcelamento do solo e do Plano Diretor como um todo. O PMU é um eixo do Plano Diretor, e atualmente estão em andamento processos para finalizar esse último, o qual resultará em uma lei válida.

Daniel acrescentou que a revisão do Plano Diretor, atualmente em análise na câmara, prevê uma densificação maior nas áreas centrais da cidade. Isso inclui o aumento no número de pavimentos e edifícios, bem como a elevação dos índices de construção. Essas medidas visam uma reorganização urbana que permita uma melhor eficiência nos deslocamentos urbanos, minimizando os efeitos negativos de uma rede de ruas labiríntica, que muitas vezes obriga a população a dar voltas excessivas para se deslocar.

Segundo ele, o Plano de Mobilidade aborda questões relacionadas ao tempo de deslocamento. As mudanças de sentido, como tornar uma via única, diminuem a distância e reduzem o tempo de percurso. O engenheiro destaca que quando há muito movimento e o fluxo não é desviado para outras vias, o tempo de deslocamento aumenta. O plano de mobilidade, como um todo, considera essas questões.

Na realização desse trabalho, a empresa responsável faz estudos de contagem de veículos e controle de fluxo. Essas análises embasam as decisões. Daniel ressalta que no quadrilátero central, o objetivo é desviar o trânsito pesado do centro, proporcionando maior mobilidade.

Ampliação das áreas de estacionamento
Letícia ressaltou ainda que inicialmente, o plano previa a retirada de uma faixa de estacionamento na rua Dr. Bruno de Andrade, devido à sua largura e ao intenso fluxo de veículos, visando facilitar a mobilidade. Da mesma forma, as ruas Capitão Cruz, Buarque de Macedo e José Luiz também tinham propostas semelhantes de retirada de uma faixa. Destas, a Capitão Cruz é a mais larga e comportaria a implementação de uma ciclovia, o que está nos planos da Administração. “A definição do sentido da Capitão Cruz ainda depende de outras mudanças, temos que aguardar”, diz a arquiteta.

Segundo Letícia, o projeto contempla a instalação de ciclofaixas e vias que cruzarão a cidade, visando proporcionar uma interligação segura e contínua para os ciclistas, contribuindo para a mobilidade urbana como um todo. Também há pedidos da população para estender o estacionamento rotativo, especialmente em áreas próximas ao HM. Sobre isso, ela destaca que havia reclamações sobre a dificuldade de estacionar, especialmente para as chegadas de emergência.

Dessa forma, deve haver uma ampliação e extensão da área do estacionamento rotativo, especialmente nas proximidades da prefeitura, que está localizada mais no final da rua Ramiro, atendendo à mobilidade do local. A extensão também foi solicitada para a Rua Dr. Bruno de Andrade, como uma solução para facilitar o fluxo de veículos na região.

Acessibilidade e fiscalização
Valdair Silva encaminhou uma pergunta ao programa questionando por que o sistema de sinaleiras de Montenegro ainda não oferece acessibilidade para pessoas com deficiência visual, apesar dos investimentos realizados na troca. Ele destacou que nenhum sinal na cidade conta com um sistema sonoro para auxiliar essas pessoas a saberem quando o sinal está aberto ou fechado, prejudicando sua travessia com segurança.

O vice-prefeito disse que o assunto cabe ao departamento de trânsito, e quem teria mais subsídio para falar é o diretor de trânsito. Em relação à acessibilidade nas calçadas, Braatz relata que a questão está sendo abordada no contexto do código de obras e posturas, duas leis complementares dentro do Plano Diretor que estão passando por revisões.

O código de postura já foi revisto e encaminhado para a câmara para alterações, enquanto o código de obras está prevendo uma maior orientação e cobrança nos projetos, exigindo a conformidade com a norma NBR9050 para as calçadas, visando atender às necessidades de acessibilidade.

Quanto à fiscalização do cumprimento das normas de acessibilidade, Letícia mencionou que estão trabalhando em conjunto com uma lei de acessibilidade e na adequação de prédios já existentes. Ela ressaltou que há um período de adaptação para esses prédios se ajustarem às normas específicas, além de uma legislação específica que estão trabalhando em relação a isso, complementando as medidas já previstas no código de obras.

Instalação de quebra-molas
Braatz observa que há muitos quebra-molas, sendo necessários em alguns pontos devido ao aumento do fluxo de veículos com o programa de asfaltamento. Ele ressalta que, embora o Código Brasileiro de Trânsito preveja um processo educativo, muitas vezes não é suficiente, sendo necessário recorrer a ferramentas como quebra-molas ou faixas elevadas de pedestres. Ele destaca a importância do estudo de mobilidade urbana para orientar alterações, garantindo que sejam baseadas em análises técnicas e legislação adequada.

Letícia relatou que o Plano de Mobilidade fez um diagnóstico detalhado dos quebra-molas, indicando sugestões de retirada de alguns e revisão de outros. Ela enfatiza a necessidade de análises técnicas nesse processo.

Daniel acrescentou que a implantação de quebra-molas passa por uma análise técnica e estudo, seguindo legislação específica e envolvendo o conselho de trânsito. Ele destacou a importância desses projetos serem embasados em critérios técnicos e regulamentações adequadas.

Buracos e rede de esgoto
O vice-prefeito destacou que o governo identifica a infraestrutura como um dos principais problemas atuais, agravado pelo impacto das chuvas intensas, que danificaram um sistema de esgoto pluvial defasado. Segundo ele, o problema persiste há anos, sem que haja uma substituição adequada dos canos, e a equipe municipal não é suficiente para atender todas as demandas. “Apenas na ouvidoria, são recebidos diariamente mais de 10 a 15 pedidos. Além disso, há demandas da Câmara e solicitações acumuladas desde 2016, que estão sendo atendidas”, relatou. Dessa forma, é necessário priorizar situações urgentes, como entrada de garagens e reparos emergenciais nas vias públicas, disse Cristiano.

Formas de deslocamentos
Um levantamento mostra que penas 12% da população afirma utilizar o transporte público, enquanto 31% opta por automóveis e 24% preferem deslocar-se a pé. Letícia destacou a inclusão no PMU de dois terminais, visando atender às necessidades dos bairros com maior demanda de transporte público. Um dos terminais está localizado entre o bairro Promorar e o Centro, enquanto o outro é proposto na região da rua José Luís.Para o vice-prefeito, muitas pessoas trocaram os ônibus pelo uso de carros de aplicativo.

A proposta do plano também visa interligar as ciclovias e ciclofaixas, para que os moradores de bairros distantes possam utilizar essas vias para se deslocar pela cidade, especialmente para atividades como estudo.

Mini rotatórias
Letícia explicou que o Plano de Mobilidade propõe a instalação de duas mini rotatórias na rua Buarque de Macedo. Uma delas na interseção com a rua Flores da Cunha, local onde há frequentes conflitos durante os horários de pico, com a movimentação entre o centro e os bairros. A outra rotatória está prevista para a esquina da rua Alberto Gootseelig com a Buarque, próxima à entrada da cidade, perto do Parque Centenário, onde também é necessário organizar o trânsito.

Ela também mencionou dois projetos originais para a Avenida Júlio Renner, a Via II. Inicialmente, ela estava planejada como uma via expressa, sem os cortes que foram feitos ao longo do tempo, o que a torna insegura. Além disso, é uma via movimentada, onde os veículos circulam em alta velocidade, apesar da presença de um hospital e empresas ao longo do trajeto.

Ciclovia na Via II
O Plano de Mobilidade Urbana prevê a implementação de ciclovia na Via 2. No entanto, o PMU possui ações planejadas para curto, médio e longo prazo, ou seja, não serão executas todas as sugestões de projetos de forma imediata. A ideia é que o plano seja revisado continuamente, adaptando-se às necessidades da cidade, explicou Letícia.

Ela destacou ainda a diferença entre ciclofaixas e ciclovias. As ciclofaixas são mais fáceis de implantar, pois ficam dentro da pista de rolamento, dividindo o espaço com uma sinalização específica. Já as ciclovias são mais protegidas, geralmente separadas dos veículos por uma barra de proteção, e algumas vezes elevadas em relação ao nível da pavimentação da pista de rolamento, oferecendo maior segurança ao ciclista.

Fluxo do trânsito na cidade
O vice-prefeito ressaltou a importância de Montenegro como polo regional, destacando a relevância dos serviços oferecidos na cidade, como o Hospital Montenegro, que atende a região. Além disso, ele mencionou o impacto do comércio local como fatores que aumentam o volume de veículos que circulam pelo município.

Para Letícia, é um desafio garantir qualidade para todos os modais de transporte na cidade, incluindo transporte público, veículos particulares e motocicletas. Segundo ela, é necessário atender de forma dinâmica e segura a todas essas formas de locomoção, considerando que muitas vezes esses modais compartilham o mesmo espaço.

O aumento no número de veículos na cidade, em dezembro de 2023, evidencia o crescimento significativo, especialmente no número de motocicletas, que representam 21,5% do total, esse número ultrapassou as 51.944 unidades, superando as previsões iniciais de 11 mil motos.

As travessias da RSC-287
Provocados pela motorista de aplicativo Rita Aparecida de Souza, os entrevistados falaram ainda sobre a insegurança na travessia dos bairros Panorama e Rui Barbosa, onde transitam crianças a caminho das escolas. O Plano de Mobilidade Urbana aponta quatro pontos de passarelas para travessia na RSC, incluindo locais próximos ao bairro Panorama, Santo Antônio e na continuidade da rua Engenheiro Ernesto Zietlow. Além disso, há uma proposta de melhoria próxima à ponte seca da rua Vereador João Vicente.

O programa “Asfalto para Todos” já prevê mudanças para a Vereador João Vicente, sendo considerado um desafogo para aquela região, conforme avaliação do vice-prefeito. O engenheiro Daniel ressalta que a responsável pela rodovia é a CSG, que possui um cronograma de obras iniciando na antiga Ambev e seguindo até a entrada da cidade pela Buarque de Macedo. O segundo trecho atenderia à questão do bairro Panorama, o Governo Municipal tenta, junto a concessionária, inverter o cronograma e com isso diminuir o tempo de espera dos moradores pela resolução do problema.

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