Detran RS lança campanha de empatia no trânsito
Atualmente, o ato de dirigir exige um pouco mais de paciência. Principalmente depois de um dia estressante de trabalho ou no horário de pico. Às vezes, ceder a passagem para um ônibus ou esperar o pedestre terminar de atravessar a rua são maneiras simples de praticar a empatia e gerar gentileza no trânsito.
Lídia Gonçalves é um caso montenegrino de empatia na direção. Há dois anos, a jovem resolveu colar um cartaz na parte traseira do seu veículo, pedindo paciência aos demais motoristas, pois era recém-habilitada. Na época, ela notou que, antes de usar a placa, os motoristas perdiam a paciência rapidamente se ela apagasse o carro. Após o uso, os demais condutores passaram a lhe respeitar mais. “Foi muito legal ver que eles entendiam a minha situação, compreendiam que eu não tinha muita experiência e respeitavam isso.”
Hoje, Lídia tenta retribuir a empatia que tiveram com ela no início. “Hoje eu compreendo quando vejo alguém que recém tirou a habilitação e tento não deixar essa pessoa mais nervosa do que ela pode estar. Procuro sorrir e tentar mostrar que está tudo bem, que ela pode ficar tranquila e tentar sair daquela situação.”
Pensando nos casos como o de Lídia, o Detran RS lançou um site que vai reunir histórias reais de trânsito que fizeram o dia de alguém mais feliz. Além do site, a entidade também lançou um filtro no Facebook para que as pessoas demonstrem seu engajamento à causa. As histórias ficarão publicadas no próprio site, e as melhores são compartilhadas nas redes sociais do Detran. Lançado pelo governador Eduardo Leite durante a abertura da Semana Nacional do Trânsito, o Movimento Empatia no Trânsito tem por objetivo melhorar as relações entre pedestres, motoristas, ciclistas e motociclistas. De acordo com o órgão, só no Rio Grande do Sul, 1.700 pessoas morrem por ano no trânsito. No Brasil, esse número chega a 40 mil.
Mudança de hábito é necessária
Mas para tratarmos uns aos outros com empatia é necessária uma mudança de pensamentos e ações. Isso ainda é mais visível dentro dos Centros de Formação de Condutores (CFC). De acordo com Karen Silva Rodrigues e Seloi Garcia da Silva, instrutores do CFC Montenegro, o grande problema da falta de empatia dos condutores é a ato de levar vantagem aliado com o desrespeito às leis de trânsito. “A gente tenta de forma prática usar a cordialidade nas aulas. Mas nunca se sabe quem está atrás do outro volante. O que a gente vê bastante nas ruas é o desrespeito às placas e à faixa de pedestre.”, garante Seloi. Karen acrescenta. “Tem campanhas que a gente faz para o trânsito ficar melhor, mas vai da índole da pessoa. Existem pessoas que realmente não têm educação ao andar no trânsito.”
Karen garante ainda que dentro do conteúdo programático das aulas, há o trabalho com a gentileza e a empatia no trânsito, mas nem sempre os alunos usam o conhecimento, adquirido em sala, na prática. “Tem alunos que a gente consegue transmitir isso muito bem, sem muitos questionamentos. E tem os alunos que são relutantes em ser empáticos. Muitas vezes eles já dirigiram, então relutam em mudar um pensamento que já está lá. Até mesmo pela falta de conhecimento do Código de Trânsito, os mais velhos são os que mais relutam em serem empáticos.”
Para ambos os instrutores, paciência é a palavra-chave para lidar com o trânsito cada vez mais caótico das cidades. “O trânsito da nossa cidade não é tão conturbado quanto os grandes centros, mas é imprescindível ter paciência.”