Montenegro registra, em média, dois casos de abuso sexual infantil por semana

CREAS orienta população a usar o Disque 100 mesmo diante de suspeitas.

Em Montenegro, em média, duas crianças são vítimas de violência sexual por semana. O dado é do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e reforça a necessidade de atenção aos sinais de abuso e da realização de denúncias seja pelo Disque 100 ou nas delegacias. A informação foi divulgada durante o Estúdio Ibiá pelo psicólogo Guilherme Bulcão Manica, que atua no acolhimento e acompanhamento de famílias atendidas pelo CREAS. Ele esteve no programa ao lado da assistente social Taís Trisch.

Segundo Manica, às quartas-feiras, quando o CREAS recebe novas famílias com direitos violados, são registrados, em média, dois casos novos de abuso sexual infantil. “Esse número já destaca a importância de se falar sobre esse assunto e entender que ele, infelizmente, faz parte do nosso cotidiano”, relatou.

O centro acompanha situações de violação de direitos envolvendo mulheres, idosos e adolescentes. No entanto, a violência sexual contra crianças e adolescentes é a mais frequente. O atendimento envolve escuta, orientação, encaminhamentos à rede municipal de saúde e suporte às famílias.

A maioria dos casos ocorre dentro da própria casa, praticado por pessoas próximas e de confiança da criança, como pai, padrasto, tio ou avô — geralmente homens. Isso dificulta a denúncia, pois o agressor costuma ser alguém que oferece carinho, atenção e é visto de forma positiva pela família e sociedade.

O abuso sexual se configura quando um adulto busca gratificação sexual explorando a vulnerabilidade de uma criança ou adolescente. A violência se disfarça de afeto, o que gera confusão na vítima, dificultando a identificação e o relato da situação.
Inicialmente, a criança sente que algo está errado, mas não entende completamente. Com o tempo, passa a guardar segredo e se sentir culpada, o que torna ainda mais difícil sair do ciclo de violência. Em muitos casos, o agressor utiliza ameaças, sutis ou explícitas, para manter o silêncio da vítima.

Além do acolhimento, o CREAS realiza ações de prevenção e conscientização junto à comunidade. De acordo com Taís Trisch, as atividades buscam orientar sobre como agir diante de suspeitas. “Quanto mais informação a gente levar, maior a chance de romper com ciclos de violência”, afirmou.

Denúncias podem ser feitas de forma anônima pelo Disque 100. Mesmo em casos de dúvida, a orientação é comunicar os órgãos responsáveis. “A denúncia não confirma o crime, mas permite que os profissionais investiguem a situação. O acusado tem direito à defesa, e a criança pode ser protegida desde o primeiro sinal”, explicou.

Conforme Manica, quando o caso chega ao CREAS, já houve denúncia e acionamento do Conselho Tutelar. O papel da equipe é realizar o acompanhamento psicossocial, encaminhar para serviços de saúde e orientar a família quanto aos procedimentos legais, como o boletim de ocorrência e o afastamento do agressor. A perícia é realizada em São Sebastião do Caí. O CREAS não atua na investigação nem na confirmação dos casos, mas no apoio e acolhimento das vítimas.

Denúncia é o primeiro passo para proteger crianças e adolescentes

O CREAS de Montenegro reforça que a denúncia é fundamental para investigar casos de violência. Segundo o psicólogo Guilherme Bulcão Manica, a denúncia permite que os órgãos competentes observem a situação com atenção e encaminhem as vítimas à rede de proteção. Quando o caso chega ao CREAS, a criança ou adolescente já foi acolhido pelo Conselho Tutelar e começa a receber acompanhamento psicossocial, com orientações à família e encaminhamentos à rede de saúde e justiça.

Falar sobre violência sexual é uma das principais estratégias do CREAS para prevenir abusos e incentivar denúncias. O centro realiza ações preventivas em escolas, com orientações a professores e responsáveis sobre como abordar crianças em casos de suspeita. Criar espaços de escuta e acolhimento pode ser decisivo para romper o silêncio e interromper a violência.

Durante as ações, profissionais do CREAS explicam de forma acessível o que é abuso sexual, quais comportamentos configuram violência e como identificar situações de risco. As crianças são orientadas sobre os limites do próprio corpo. A comunicação é adaptada para que compreendam seus direitos e saibam pedir ajuda.

Além disso, as famílias são orientadas a manter diálogo aberto com os filhos, oferecendo um ambiente em que possam relatar situações sem medo de julgamento. A proposta é que os responsáveis estejam preparados para escutar e agir de forma acolhedora diante de qualquer sinal de violência.

Semana de Enfrentamento

Começou nessa segunda-feira, dia 19, a Semana Municipal de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, promovida pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, em parceria com o Comitê Intersetorial de Enfrentamento à Violência Sexual e apoio do SESC. A programação integra a campanha nacional do 18 de Maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

Com o tema “Proteção em Cena: acolher, escolher e agir”, a semana contará com rodas de conversa, palestras, intervenções públicas e apresentações teatrais. O objetivo é sensibilizar a comunidade e fortalecer a rede de proteção.

Programação completa:
20/05 Terça-feira
9h30 – Ação de prevenção na Praça Rui Barbosa
13h30 – Apresentação do Comitê Intersetorial na ESFES (Escola de Formação e Especialização de Soldados da Brigada Militar)
21/05 Quarta-feira
9h30 – Roda de conversa na Praça da Timbaúva
22/05 Quinta-feira
10h – Palestra na Escola CIEP Ivo Bühler
13h30 – Palestra na Escola CIEP Ivo Bühler
23/05 Sexta-feira
Teatro Roberto Atayde Cardona
8h30 – Evento Principal: Palestra com a psicóloga e psicanalista Chris Gonzo e monólogo Memórias de Nina
14h – Monólogo Memórias de Nina
19h30 – Monólogo Memórias de Nina

Assista à entrevista: https://www.facebook.com/share/v/15LfsKZXkd/

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