Montenegro inicia o inventário do patrimônio histórico imóvel

Participação da comunidade será importante no processo que deve durar um ano

A noite de quarta-feira, 11, foi marcada por um momento histórico para a preservação da memória de Montenegro. No Teatro Therezinha Petry Cardona, a Prefeitura lançou o projeto de Inventário do Patrimônio Histórico Imóvel do Município. Intitulado “Vozes da Cidade: Patrimônio Cultural de Montenegro/RS”, o evento reuniu cerca de 50 pessoas, entre representantes do poder público, entidades locais e cidadãos interessados na preservação do passado montenegrino.

O inventário consiste em um levantamento técnico e histórico dos bens imóveis que possuem relevância cultural, arquitetônica ou afetiva para a cidade. Ele será conduzido pela empresa especializada Nós Urbanos, vencedora de licitação pública, e contará com a coordenação da arquiteta e urbanista Carline Carazzo e do historiador Cristiano Brum.

Segundo Carline, o trabalho será dividido em etapas. “A primeira é a contextualização do município, onde buscamos entender quem é Montenegro, sua história e identidade. Depois, partimos para a varredura e identificação dos patrimônios culturais, focando na área urbana”, explicou. Em seguida, são feitas análises técnicas e históricas dos imóveis, com a produção de fichas individuais. O processo final culminará com a entrega do material à Prefeitura, baseando futuras legislações e políticas públicas de preservação.

Cristiano Brum reforça que o inventário não significa o tombamento automático dos bens, mas sim a identificação e valorização daqueles que têm importância para a cidade. “O tombamento pode vir depois, como desdobramento legal, mas o inventário é o passo inicial, é conhecer para poder preservar”, afirmou.

Tanto Carline quanto Cristiano destacaram o papel fundamental da comunidade nesse processo. “O patrimônio não se resume apenas a critérios técnicos. Ele é, sobretudo, afetivo. Queremos entender o que as pessoas consideram importante, ouvir suas histórias, lembranças e percepções”, afirmou Carline.

Para facilitar essa participação, a Prefeitura lançou um formulário online, acessível por qualquer cidadão, onde é possível sugerir bens culturais, compartilhar memórias e indicar locais de valor histórico. “É um trabalho técnico, sim, mas, acima de tudo, é humano. É a história de Montenegro contada por quem a vive”, destacou Valéria Wollmann, da Secretaria de Gestão e Planejamento, que também acompanha a execução do projeto.

Uma luta de décadas

Para o presidente do Movimento de Preservação do Patrimônio Histórico de Montenegro, Ricardo Kraemer, o inventário é a concretização de um sonho de mais de 40 anos. “Sempre soubemos, de forma empírica, que certos prédios e espaços deveriam ser preservados, mas nunca tivemos um levantamento técnico que embasasse essa percepção”, disse.

O Movimento terá participação ativa no processo, contribuindo com informações, documentação histórica e apoio à empresa responsável. “Muitas das pessoas envolvidas no movimento conhecem profundamente a história da cidade. Vamos atuar junto à equipe técnica e à comissão criada para esse fim, colaborando com o que for necessário”, acrescentou.

Ricardo acredita que, além de possibilitar o reconhecimento dos imóveis históricos, o inventário pode embasar futuras leis de preservação e até a criação de incentivos para os proprietários manterem seus prédios conservados. “Hoje temos casas ruindo, abandonadas, que poderiam ser revalorizadas. O primeiro passo é conhecer nossa realidade e nossa história. A partir disso, é possível criar mecanismos para preservá-las de verdade”, conclui.

Acesse aqui o formulário online: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfoiaf7p10we2rWi1t3wPAZh_qbQgVfBXtzwNhieBBNffO49A/viewform

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