Menos vagas para domésticas

Enquanto isso, o número de diaristas está aumentando, segundo estudo

De 2014 a 2016, as vagas de trabalho para empregadas domésticas tiveram uma queda de 50%, segundo o Serviço Nacional de Emprego (Sine). Segundo a entidade, a redução se dá por dois motivos: regularização dos direitos trabalhistas da classe e a crise econômica.

Em 2015, a categoria teve seus direitos assegurados por lei (com a Lei Complementar número 150- PEC das domésticas), exigindo que os empregadores tivessem que desembolsar um percentual de impostos pagos. O que antes podia ser feito de forma opcional, passou a ser obrigatório. Com isso, muitos patrões concluíram que era inviável continuar assinando a carteira da empregada doméstica.

Foi o que aconteceu com Paula Marques Arruda. Em 2014, ela trabalhava em uma residência, de carteira assinada e tinha todas as garantias de trabalhador. “Acredito que foi logo em seguida”, explica Paula, sobre o termino do vínculo empregatício com a aplicação da lei.
Hoje, ela trabalha de diarista e afirma que a rentabilidade é maior na profissão do que de doméstica. Apesar de trabalho autônomo, ela sente ainda não conseguir contribuir para a Previdência. “Mas vou pagar”, projeta.

A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apontou que houve redução nos postos de trabalho de empregada doméstica, com registro, nos anos de 2015 e 2016. Enquanto isso, o número de diaristas teve uma ligeira alta de 10,7%, apenas na região Metropolitana.

Segundo a Fundação de Economia e Estatística (FEE), no ano passado as diaristas passaram a representar 34,3% dos ocupados em serviços domésticos na Região, maior índice desde o início da pesquisa, em 1993.

Queda em todas as áreas
Na unidade do Sine de Montenegro, a oferta de vagas é menor em todas as áreas, incluindo as oportunidades para domésticas. “Há dois, três anos atrás tinha muito mais pessoas à procura de empregada doméstica do que agora, apesar de que hoje todas as categorias estão paradas. Não só para as empregadas, mas indústria e comércio”, explica o agente administrativo Nelson Timm.

Para o coordenador do Sine, Roque da Rocha, de fato, muitos empregadores preferem ter uma diarista a ter que gastar com os encargos. “Fica mais econômico”, avalia. Mas, por outro lado, a orientação para os profissionais da área é a qualificação. “Com essa crise, as pessoas começaram a fazer escolhas e ter outras prioridades, como alimentação.”

Na unidade de Montenegro, a demanda maior fica para quem está procurando uma recolocação. “Nossa expectativa é melhorar a economia. Se não melhorar, vamos simplesmente só diminuir as vagas e aumentar o encaminhamento de seguro-desemprego”, diz Timm.

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