Produzido de forma independente, o documentário “MC Pedrão +1 sobrevivente” traz relatos de pessoas que fizeram parte da trajetória dos 38 anos de Mc Pedrão no movimento Hip Hop. O lançamento do filme aconteceu na noite da última quarta-feira, 28, no Espaço Braskem da Estação da Cultura. “Esse documentário eu já vinha pensando em fazer há vários anos. A intenção é mostrar o trabalho que a gente desenvolve, uma forma de não ficar invisível perante à sociedade, porque algumas pessoas não conhecem e ainda tem um certo preconceito com o movimento Hip Hop”, pontua Mc Pedrão.
Com 42 minutos de duração, o documentário já está disponível no YouTube e nas redes sociais do artista e produtor cultura. O evento de lançamento foi prestigiado por familiares, professores, artistas e fãs, que lotaram o Espaço Braskem. “Para mim é um momento muito importante, porque esses relatos trazidos no filme me trazem motivação para poder continuar fazendo o que faço, que é mostrar a importância do Hip Hop como uma ferramenta que transforma e muda vidas”, pontua.
Nascido na periferia de São Leopoldo, MC Pedrão iniciou a sua trajetória no Hip Hop no início da década de 80, sendo um dos precursores do movimento no Rio Grande do Sul. Ele conta que o assassinato de um amigo de apenas 17 anos despertou a vontade de mudar a realidade dos jovens da comunidade em que fazia parte. “Foi uma tragédia que aconteceu com um integrante do meu grupo de rap que me deu o gatilho de poder fazer mais, porque eu via crianças que eram sonhadoras, como ele, e que acabaram perdendo a vida”, diz.
Mc Pedrão participou do primeiro programa de Hip Hop da TV aberta do Rio Grande do Sul, no início dos anos 2000. Foi nessa época que ele se mudou para Montenegro para apresentar um programa em uma rádio da cidade. No município, o artista foi o grande responsável pelo fortalecimento e organização do movimento e segue ainda nos dias de hoje realizando um trabalho importante com os jovens, através do projeto Hip Hop Além dos Palcos, que é realizado com alunos de escolas públicas.
Inspiração para diversos jovens
Um dos participantes do documentário é Toni Anderson de Souza, o Mc Tony, que traz o seu relato de como conheceu Pedrão e da sua influencia na difusão do movimento Hip Hop em Montenegro. A relação entre os dois teve início nos anos 2000, dentro de um ônibus da linha Germano Henke – Rodoviária. “Eu cruzei com o Mc Pedrão dentro do ônibus e ele me ofereceu um CD do grupo Ideologia Social, que ele tinha para me vender. Conversando eu disse que não tinha dinheiro, então ele me falou que era para eu ouvir as músicas e pagar outra hora. Ali começou a surgir um elo muito grande entre nós”, comenta.
Na época, Mc Tony já tinha influência da black music e era dançarino de break, mas não conhecia o movimento Hip Hop. Ele então começou a fazer parte das oficinas ministradas por Mc Pedrão e junto com amigos criou o primeiro grupo de rap de Montenegro, o Monte Black Mc´s. “Eu também participei do próprio grupo do Mc Pedrão, o Ideologia Social, e dali pra frente a gente foi se organizando com projetos e foram surgindo novos grupos. Mas foi o Pedrão que trouxe a característica da cultura Hip Hop para Montenegro”, enfatiza.
Mc Tony lembra que Pedrão teve um papel importante também no surgimento do movimento Hip Hop no Rio Grande do Sul, contribuindo para a formação de grupos de rap que hoje são sucesso em todo o país. “Ele tem uma história muito grande, não só em Montenegro, porque ele foi o precursor do Hip Hop no Estado. Foi o Pedrão e mais alguns Mc’s que, na década de 80, organizaram e difundiram a cultura Hip Hop. Então muitos grupos de hoje que são sucesso surgiram através dos festivais que ele promovia em São Leopoldo, Sapucaia e Porto Alegre”, conclui.
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