Familiar. Público ficou empolgado com os produtos vendidos na Feira da Agroindústria
Boas vendas, informação e o povo ocupando a praça Rui Barbosa para conferir a força do pequeno produtor rural. A 2ª Feira de Agroindústria e Agricultura Familiar do Vale do Caí, ontem, em Montenegro, foi sucesso especialmente porque a qualidade dos alimentos produzidos na região surpreendeu. A maioria de forma orgânica, sem veneno, como os Morangos Florão – e as geléias – produzidos por Pedro Francisco, em Passo da Serra. “E colhido sempre no dia da entrega”, garante.
O evento da Emater, em parceria com prefeituras e através do Grupo de Segurança Alimentar, mostrou ainda que os pequenos estão organizados. Antônio Ademir Carlotto, 62 anos, integra a Associação dos Produtores Orgânicos de Dom Diogo (Asped) de São José do Sul. Os pés de alface que oferecia tinham mais de um quilo e sua pureza era atestada por uma Joaninha que passeava entre as folhas.
Faz pouco que ele ingressou no grupo, trocando a plantação de banana em Montenegro pelo cultivo de citros, legumes e hortaliças sem adubo ou veneno. “Nosso trabalho não é matar o inseto. É espantá-lo”, salienta, ao lembrar que o bichinho também tem sua função na natureza. Para os morangos usa a técnica de homeopatia, na qual emprega substâncias usadas pelas pessoas e manipuladas em farmácia.
Um exemplo é a Pulsátila, planta da Amazônia que, entre outras, é solução para mulheres que desejam engravidar. Nos morangos é “energizador” da muda e da flor, conferindo qualidade às frutas. Uma propriedade pujante que toca ao lado da filha Tatiane Carlotto, de 40 anos.
Casal optou por tirar seu sustento da terra
Propriedades mantidas apenas pelo núcleo familiar é uma base econômica do Vale. É o caso de Roseli Fernandes e o esposo Paulo Maldaner, ambos 47 anos, mais novos integrante da Asped de São José do Sul. Pelo sistema natural produzem vistosas hortaliças na localidade de Linha Bonita Baixa. Ele já vive apenas da agricultura, enquanto ela marcou da data para deixar o emprego em empresa de alimentos da região para se dedicar exclusivamente. “Trabalhar na terra é uma melhor qualidade de vida”, diz. Ela salienta ainda a tranquilidade de saber de onde vem aquilo que põe na mesa.
Essa é uma Década da Agricultura Familiar
A importância do maior segmento da economia primária é reforçada através da Década da Agricultura Familiar 2019-2028. Estudo da ONU (Organização das Nações Unidas) estima que, nos próximos 30 anos, a população mundial tenha aumento de dois bilhões de habitantes, atingido 9,7 bilhões de pessoas. Até 2100 este número pode chegar a 11 bilhões. Uma solução para o consequente crescimento da demanda por alimentos levou a ONU a definir a pequena produção como foco pelos próximos 10 anos. Cerca 90% das 570 milhões de propriedades agrícolas do planeta são administradas por um indivíduo e dependentes de mão-de-obra familiar; responsáveis por 80% de toda a comida do planeta.