A fé está presente em todas ações praticadas pela montenegrina Emília Roseli Gehrke, de 64 anos, e espalhada pela casa dela em forma de arte. Suas demonstrações de devoção a Deus não se limitam às orações e à confiança nele depositada. Ela encontrou na arte uma forma de expressar sua crença em “Nosso Senhor”.
Emília coleciona mais de 100 poesias autorais e um amplo acervo de quadros em tapeçaria, ambos, em sua maioria, tendo motivos religiosos como inspiração. Inspirada, ela é mais uma das pessoas que faz valer o título de “Cidade das Artes”, recebido por Montenegro.
Dona de uma memória invejável, Emília ainda se recorda da primeira poesia feita, aos 11 anos de idade, a qual dedicou a sua mãe. Ela declama cada um dos versos que compõe o poema sem passar os olhos pela folha do caderno onde guarda a recordação do primeiro trabalho feito. Várias outras composições são citadas da mesma maneira, sem que Emília se esqueça de uma só vírgula do texto.
A idosa estudou até o sétimo ano do Ensino Fundamental, no antigo Colégio Industrial, hoje AJ Renner. Durante o intervalo das aulas, cada palavra era motivo de inspiração para criar novas poesias. Com o passar dos anos, a fé passou a ser um símbolo cada vez mais presente em suas criações. Até que um dia, em um curso de tapeçaria, ela encontrou outra forma de arte para expressar suas inspirações. “É uma graça de Deus poder fazer esses trabalhos”, diz a devotada poetisa e artesã.
Emília não se casou. Preferiu dedicar a vida às suas grandes paixões: a mãe Ledy Rodrigues Gehrke, 87, com quem mora até hoje; a culinária e as suas criações artísticas. “Eu tenho um caderno do lado da cama. Às vezes, acordo de madrugada cheia de ideias”, conta.
Suas criações, por vezes, são utilizadas para presentear familiares. Para a mãe, ela confeccionou um quadro com a imagem da Santa Ceia. Para os demais familiares, o carinho chega em forma de palavras. E para os leitores do Jornal Ibiá, ela deixa uma poesia e forma de reflexão. Leia no quadro ao lado deste texto.
Poema de Emília Gehrke
“Quem tem mente nem sempre consegue pensar
Quem tem pernas nem sempre consegue andar
Quem tem braços nem sempre consegue abraçar
Quem tem vistas nem sempre consegue enxergar as estampas que o Senhor lhe reserva”